23/05/15

VOCABULÁRIO DEMOCRÁTICO Nº2 (III)

(continuação da II parte)

DEMOCRATIZAR – Largo tempo se tem passado sem se poder compreender, que coisa significasse positivamente esta palavra republicana em o idioma novo. Julgou-se ao principio, que teria alguma relação com o que antigamente se chamava formar um governo popular. Porém, que loucura! A experiência mostrou imediatamente, quão errada era esta ideia, e o engano nascia principalmente da mudança de significado em a palavra Povo. Quando vimos democratizar aos Estados mais democráticos da Europa, compreendemos, que democratizar um Estado, em o moderno idioma, não quer dizer outra cousa, que denegrir, e abater o Governo, que existia, seja ele qual for; esbulhar dele os homens de bem, que mandavam pôr em seu lugar, ou tolos, ou ímpios e bandidos; formar destes o Povo, e ao verdadeiro Povo escraviza-lo; roubar quanto haja de precioso; e aniquilar a Religião, especialmente a Catoliciza; sem se esquecer um só instante de despojar e oprimir seus  Ministros, etc. etc. É por este modo, que hão sido constante e invariavelmente democratizadas as Flandres, a Holanda, Milão, Bolonha, Modena, Ferrara, etc. etc. Desta explicação se deduz naturalmente a inteligência de muitos Vocábulos derivativos, como 

DEMOCRÁTICO – Que pela activa significa ateu, ladrão, assassino, colocado em o mando e governo; e pela passiva, a parte honrada e religiosa de uma Nação ultrajada e oprimida, tiranizada e roubada por bandidos, ateus, e assassinos. 

DEMOCRACIA – Tem-se tentado dar a versão em idioma antigo com o nome etimológico de pirataria; porém não o explica perfeitamente, porque também se poder dizer ateistocracia, e ladrocacia. Convertidos num estes três Vocábulos, formam o verdadeiro equivalente da democracia moderna. De sorte que em lugar de democracia deveria dizer-se demoniocracia, ou antes governo de demónios. 

SEMI-DEMOCRÁTICO – São de duas qualidades: uns que em parte estão pela democracia moderna, porém unida à Religião, e à moral e com gente honrada no Governo: outro, pelo contrario, não querem Religião, nem costumes, porém que sejam homens que governam. Na linguagem antiga não se pode dar a estes outro nome que o de orates, e aos segundos ainda melhor que os primeiros; pois supõe que podem haver ateus, e libertinos, que sem homens de bem.

ARISTOCRACIA – Até agora conheciam-se quatro classes de Governo, Monarquia, Aristocracia, Democracia, e Misto, e se distinguiam real e verdadeiramente. Mas na linguagem moderna não se conhecem senão dois, Democracia, e Aristocracia, e nenhum significa o que dantes significava; porque por Democracia se entende o de morras, e por Aristocracia todo o Governo, que não se conforma com a Democracia; mais claro: todo o Governo no qual floresce a Religião, se respeita a ordem, a justiça, a boa-fé, a honra, os bens, e a vida. Daqui se colige que será aristocrata todo aquele, que tenha Religião, que possua bens, que seja regulado, moderado, honesto, e de boa-fé. Que será aristocrata todo aquele, que não for petulante, que insulte o Céu, e a terra, e todo o que se não assemelhe aos diabos na incredulidade, em ódio à Religião, à ordem, à humanidade, e aos costumes. 

POVO – Na linguagem nova quer dizer: as fezes, e a ultima relé de uma Nação. Tem Roma cento e setenta mil habitantes: trezentos foragidos, ímpios, e malvados, todos dignos da forca, e das galés, foram republicanamente chamados o Povo. Tem havido Cidades, onde dez ou doze malfeitores, tirados dos cárceres com algum jogador, ou tunante à frete, hão formado o Povo dos Republicanos.

(continuação, IV parte)

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