17/04/15

SOBRE O ACOLITAR (I)

Esta série é transcrita de um manual português do séc. XVIII, o qual foi devidamente autorizado e impresso pela Régia Oficina Tipográfica (ano de 1781).

Antes de mais, alertamos para o facto de que o Acólito não é uma comum pessoa que costume "ajudar à Missa", pois a este diríamos que está a "fazer a vez de Acólito". O que aqui se transcreve é para Acólitos, o que dará uma justa ideia da função do Acólito nas cerimónias.

Resta assegurar que tudo o que aqui vai ser apresentado está "conforme as Rúbricas do Missal Romano, Decretos da Congregação dos Ritos, e Doutrina dos melhores Autores". Segue-se o Costume Luso, que em algum pequeno ponto pode superar ou divergir de outros também nunca reprovados.

Um último aviso: este manual apenas só pode ser aplicado sem mutilação ao uso Tradicional da Santa Igreja, nomeadamente o Rito Romano (codificado no chamado por S. Pio V, ficando de fora a codificação da invenção recente, que o Missal de Paulo VI contem)

CAPÍTULO V
Dos Acólitos

Igreja do Convento da Madre de Deus, Lisboa.

§ I

Regras gerais

1. Os Acólitos devem portar-se com modéstia, e gravidade, e levar os castiçais direitos, e igualmente levantados. O que está da parte direita pega no castiçal com a mão direita pelo nó, e com a esquerda pelo pé: pelo contrário, o que está da parte esquerda, tem o castiçal com a esquerda pelo nós, e com a direita pelo pé; e se se mudam de lado, juntamente devem mudar o castiçal, de sorte que o sustentem pelo nós com a mão, que fica da parte de fora, e pelo pé com a que fica do parte de dentro, levantando-os de sorte, que o pé do castiçal corresponda à cintura. O mesmo proporcionalmente devem observar, quando levam as tochas: o Acólito da parte direita; e o que está de parte esquerda, deve ter a sua com a mão esquerda, tendo ambos a mão livre encostada ao peito.

2. Cuidarão em fazer juntamente, e com perfeita uniformidade as acções, que lhes são comuns; v. g., levantar-se, assentar-se, andar, fazer genuflexão, pôr-se de joelhos, saudar o Coro, etc..

3. Quando caminham ambos, devem ir sempre em igual linha, e não um atrás do outro, excepto quando não podem ambos passar juntos por algum lugar estreito; porque então o segundo Acólito deve passar primeiro. [O primeiro Acólito é o da direita]

4. Saúdam sempre o Altar, em que se celebra [pois há mais que uma Capela nas igrejas], quando passam por diante dele, fazendo genuflexão no pavimento, ainda que o Santíssimo Sacramento aí não esteja; e no acto de fazer a genuflexão juntam as mãos, excepto quando as têm ocupadas.

5. Quando andam no Presbitério, não levam castiçais, ou outra coisa, devem ter as mãos juntas; e fora do Presbitério têm ordinariamente os braços cruzados diante do peito, excepto no acto de genuflectir, que então as juntam. [O cruzar de braços é em X, sobro o peito, indo o braço direito sobre o esquerdo]

6. Não beijam as galhetas, nem outra coisa das que oferecem ao Diácono, Subdiácono, ou a qualquer outro Ministro do Altar.

7. Antes de qualquer Ofício devem acender as velas da maneira seguinte: saúdam a Cruz da Sacristia, donde partem, cruzados os braços, e vão fazer genuflexão no pavimento, diante do meio do Altar, tendo então as mãos juntas diante do peito: depois tomam as varas preparadas com o rolo; e feita de novo genuflexão no meio, sobem ao subpedânio, e primeiro para a parte da Epístola, o segundo para a parte do Evangelho, e acendem as velas, principiando pelas mais vizinhas à Cruz, e esperando mutuamente para acendê-las ao mesmo tempo cada um de seu lado: depois do que, tornam a pôr as varas no lugar donde as tomaram; e feita a genuflexão, como no princípio, voltam para a Sacristia. Senão houvesse luz na Sacristia, o segundo Acólito a trará para acender as velas dos castiçais.

8. Se um só Acólito houvesse de acender as velas do Altar, deveria principiar pela mais vizinha à Cruz da parte da Epístola, e acender as outras da mesma parte sucessivamente; depois, genuflectindo no subpedânio, acenderia as da parte do Evangelho, começando pela mais vizinha à Cruz, umas, e outras sem interrupção, e continuadamente de qualquer as parte, e com as mesmas genuflexões no pavimento antes, e depois.

9. Acabado qualquer Ofício, os Acólitos, depois de apagadas as velas dos seus castiçais, vão também apagar as do Altar desta sorte: vão juntos com os braços cruzados, e fazem genuflexão no pavimento, diante do meio do Altar. Depois, tendo tomado os apagadores, sobem ao subpedânio, cada um no seu lado, e apagam as luzes; a saber, o primeiro as da parte da Epístola, e o segundo as do Evangelho, principiando ambos no mesmo tempo pelas velas mais distantes da Cruz, e continuando pelas mais; depois, tendo posto os apagadores em seu lugar, fazem genuflexão no plano abaixo do Altar, como fizeram quando chegaram, e voltam para a Sacristia.

10. Se um só Acólito apagar as velas, principia pela mais diferente da parte do Evangelho, e sucessivamente apaga as outras da mesma parte; depois faz genuflexão no meio do subpedânio, e apaga as da parte da Epístola, pela mesma ordem que apagou as do lado do Evangelho: isto feito, desce ao pavimento, e aí faz genuflexão (assim como a devia fazer, quando no princípio chegou ao Altar), e se retira para a Sacristia.

(continuação, II parte)

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