27/02/15

VIDA DO VENERÁVEL Pe. Fr. TOMÉ DE JESUS (I)

 
VIDA DO VENERÁVEL Pe. Fr. TOMÉ DE JESUS,

RELIGIOSO DA ORDEM DOS ERMITAS DE SANTO AGOSTINHO
DA PROVÍNCIA DE PORTUGAL


Composta pelo Ilustríssimo e Reverendíssimo Senhor

D. Fr. ALEIXO DE MENEZES, ARCEBISPO PRIMAZ DE BRAGA,

do Conselho de Estado de Sua Majestade em Portugal, e Presidente do Supremo do mesmo Reino, Religioso da mesma ordem.

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Foi Fr. Tomé de Jesus filho de Fernando Alvares Andrada, um os principais, e ilustres do Reino de Portugal, do conselho de estado DlRei D. João III, e um dos mais validos, e de mais confiança dos que este Príncipe teve no tempo de seu governo. Esra este cavalheiro mui devoto da sagrada Religião do nosso Padre Santo Agostinho, e estimava em muito a virtude, e santidade do venerável Padre Fr. Luís de Montoia, que então estava ocupado na fundação do Colégio de Nossa Senhora da Graça de Coimbra; e quis, como prudente, e grande cristão, que ele fosse mestre de seus filhos, que pretendia que fossem eclesiásticos, ara que os criassem em sua doutrina. Logo que Fr. Tomé foi de idade que podia já sair de casa de seus pais, o enviou ao Colégio, juntamente com seu irmão Diogo de Paiva de Andrada, cujas letras, virtudes, e pregação são tão conhecidas neste Reino, e fora dele, como o mostram as lições, que leu no Concílio Tridentino, onde assistiu por mandado de ElRei D. Sebastião, e os livros, que compôs contra hereges, e seus sermões, que andam impressos. Era o servo de Deus Fr. Tomé de Jesus de idade de dez anos, quando o entregaram à doutrina, e criação do santo Fr. Luís de Montoia, e ele o criou de modo, que aos quinze de sua idade lhe deu o hábito de nossa Religião no mesmo Colégio, em que se criava.

Foi grande parte desta resolução um milagre, que o glorioso S. José fez por ele pouco depois que veio do Colégio; porque levando o servo de Deus uma tarde os estudantes do Colégio a recrear junto do rio Mondego, o menino Tomé se lançou a nadar; e como sabia pouco daquele exercício, e tinha poucas forças, embaraçou-se de sorte na água, que se ia afogando sem remédio: e vendo isto os Religiosos acudiram ao servo de Deus, que conhecendo o perigo em que o menino andava já sem sentido, porto de joelhos começou a chamar por S. José (a quem tinha grande devoção) que valesse, e salvasse o inocente menino. Ouviu o Santo sua oração, e por sua intercessão chegou o menino às praias do rio, ao lugar onde os Religiosos estavam, que o tiraram da água sem lesão alguma: pelo que o servo de Deus Fr. Luís de Montoia edificou uma capela no Colégio ao glorioso S. José, e o tomou por patrono dele, como hoje o é, e o menino Tomé reconhecendo a merçê que Deus lhe havia feito em dar-lhe vida milagrosamente determinou gastá-la em serviço do mesmo Senhor.

(a continuar)

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