20/07/14

EPICÉDIO (II)

(continuação da I parte)

SONETO

Da morte curva foice armando o braço,
Tal como é de horrenda catadura,
Do Sábio Português audaz procura
Do leito onde descansa o curto espaço:

Chega... e para ele volve o passo
Este espectro feroz, de atra figura;
"É tempo já (lhe diz) que à sã natura
Pagues da vida o tributo escasso:

Aos golpes desta foice assacalada
Nenhuma geração tem resistido,
Nem criatura humana há isentada!

Os pod'rosos seus gumes tem sentido,
E também a ciência dilatada
Em mim se provará não ter Partido!"


SONETO

Quanto é fácil num motu estar perdido
O existir d'aflita humanidade!
Num momento à Suprema Eternidade
O homem volve em trilho inconhecido!

Vive sujeito ao dolo  desabrido,
Que lhe oculta o carácter da Verdade;
Num pélago flutua d'anciedade,
Nas ciladas, que trama o Mundo infindo:

Chega enfim sua hora assinalada,
E demandando vai seguro porto,
Onde a maldade nunca tem morada:

Assim meditei eu, ficando absorto,
Quando a triste notícia me foi dada,
De que o sábio Macedo era já morto!

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