Nas Capelas-mor os degraus variam
em número e distribuição. Contudo, nesta abordagem interessa-me mostrar o modo simples: um degrau para
a Capela-mor, três degraus para o seu altar.
Os degraus devem ser mais longos (se possível), e
por isso devem também ser mais baixos (quando são altos, mais forçada se torna
a subida e descida, impedindo ao Sacerdote fazer o percurso ascendente e
descendente em linha recta, mas sim em saltinhos). As medidas, entre nós
portugueses, chegaram a um ponto máximo de desenvolvimento no séc.XVIII (o que afecta já a brasileiros e outros povos antigamente pertencentes ao Reino de Portugal),
e desde então têm elas sido repetidas pelo menos nos altares de mais critério.
Esteve sempre em principal conta
o conjunto de mesuras de S. Carlos Borromeu, mas também o exaustivo levantamento
mandado fazer por D. João V, em todo o mundo, aos principais templos da Cristandade,
e o estudo cuidado de todos estes elementos pela Côrte e Clero sob o patrocínio
constante do mesmo Rei.
No seu conjunto, os três degraus do
Altar-mor somam uma altura de 50cm, apenas. Os degraus têm 38cm de fundo, cada.
Estas medidas que acabo de
indicar não são um exclusivo nosso, contudo são o nosso “padrão final”.
![]() |
O primeiro degrau é reservado ao
sacerdote. Os Acólitos, ao servirem lateralmente no Altar, fazem-no no segundo
degrau (o intermédio). Por este motivo, o primeiro degrau, lateralmente encosta
ao altar, só sobressaindo dele aquele rebordo saliente, pois o “espelho” do
degrau não pode ficar mais recuado que o próprio altar. Evitamos, portanto,
aquele outro modelo que usa o primeiro degrau lateralmente longo e que obriga
os Acólitos a subir ao primeiro degrau, ou a esticarem-se à frente, ou obriga ao
Sacerdote esticar-se em direcção aos Acólitos. O princípio é: o primeiro degrau
é do Sacerdote.
Tomo o exemplo da Capela do
Divino Espirito Santo e de S. João Baptista, na igreja de S. Roque (Lisboa),
porque é capela (com a mesma largura que a nossa), e é a única deste tipo que
sobreviveu ao famigerado terremoto. Na verdade, esta não foi preparada para
celebrações episcopais mas sim para os Cónegos mitrados da Patriarcal.
![]() |
Degraus do altar da Capela do Divino Espírito Santo e S. João Baptista |
2 comentários:
E o que é que são os 7 degraus que costumam estar no retábulo por cima do altar? Há muitas igrejas em Portugal que têm isto, por exemplo o Carmelo de Coimbra.
Cara Eva,
obrigado por comentar.
Os degraus a que se refere formam fazem parte do TRONO do Santíssimo Sacramento (conferir este artigo http://ascendensblog.blogspot.pt/2012/10/o-que-e-um-trono.html ). No Trono do Santíssimo o número de degraus varia conforme as limitações do espaço, a dignidade do tempo; mas o número de degraus total é de 9, cada qual para seu coro de Anjos; deve não ser menos de 3-4, porque 2 a 3 são o número de degraus normais para os tronos do Rei ou Bispo dentro da capela. Quando são 7 é por não poderem ser 9, e o 7 representa a multitude.
Os templos onde podemos com segurança aprender estes modelos da doutrina e virtude aplicadas ao espaço, são em primeiro aqueles mais importantes que foram mandados edificar por D. João V (séc. XVIII), porque o Rei preocupava-se que todas estas coisas fossem exemplares e duradoras. Daqui podemos dizer que em D. João V ficou como que codificado o modelo português que, na minha opinião é o mais excelente e maduro no mundo.
Este ano, na Real Basílica de Mafra, para a vigília com a exposição do Santíssimo, foi armado o trono (ver foto: https://scontent.fopo1-1.fna.fbcdn.net/v/t31.0-8/17966474_1689504064394798_534528265535002713_o.jpg?oh=8670ceea24b8cd6a37a22c807f2d1189&oe=59D89C46 ). Repare na imagem.... o trono foi montado de forma a que o Santíssimo fique elevado sobre o altar, um pouco mais alto do mesmo sítio em que o Sacerdote eleva a Hóstia Consagrada durante a Missa. Há um mecanismo (que já não é usado) que permite que o Santíssimo esteja no ostensório sobre o altar, e seja mecanicamente elevado suavemente até aparecer sobre o mais alto dos degraus da tal escadaria do trono, ficando assim Nosso Senhor entronado e exposto à adoração dos fiéis. Para estas ocasiões deve haver no mínimo 20 lumes (velas, tochas etc.) - não conheço a razão, mas sei que é assim.
Volte sempre.
Enviar um comentário