07/04/14

Humor - HISTÓRIA DA FILOSOFIA EM FOLCLORE

Rancho Folclórico de Santa Marta do Portuzelo
"Devo dizer que é um dia de rara emoção para mim: a Rádio Comercial celebrou um protocolo com uma prestigiada instituição. Este acordo começa a dar frutos hoje.

Estamos em condições de anunciar esse protocolo. Vamos a isso...

A Rádio Comercial apresenta: História da Filosofia em Folclore.

Hoje, Emanuel Kant

(música folclórica, com a seguinte letra):

Oh minha Rosinha,
o conhecimento
Não depende apenas
do entendimento

Tem cuidado
Com os sentidos
São enganadores
Esses bandidos

A experiência Empírica
É fundamental
Mas o juízo à priori
É universal

Lai la lai
La lai lai lai lai ("virou")
Lai la lai
La lai lai lai lai

Connosco está o Director do Rancho Folclórico de Santa Marta de Portuzelo, Abílio Ribeiro, com quem a Rádio Comercial passa a ter esta parceria.

Abílio, bom dia. Porquê a filosofia em folclore?

Abílio: Olhe... porque eu tenho a sensação que a físico-química é menos dançável. Eu sempre tive esta ideia. Eu ouço falar em Schopenhauer começo logo a bater o pezinho. Mas a físico-química, e outras áreas do saber, não me levantam da cadeira. Pronto ... são gostos da pessoa.

Locutor: Senhor Abílio, e esta inovação tem sido bem acolhida no mundo do folclore?

Abílio: Tem... Tem, porque havia uma grande saturação temas nas letras do folclore. Sobretudo era temática campestre: "olha, partiu-se-me a cantarinha e tal...", "ai não sei quê, anda comigo malhar o centeio"... Portanto, tudo muito certo, mas enjoa, um bocado! De maneiras que agora o nosso folclore tem outros temas. É uma entremeada de temas... portanto: é a temática campestre, continua a ter... e um bocadinho de epistemologia; depois mais um bocadinho de temática campestre, e vai um bocadinho de metafísica; temática campestre, e estética, para cortar.

Locutor: São temas que de facto Não tem muito a ver com o folclore!

Abílio: Naaa... Repare que acabam por ter. Porque o folclore... o folclore, repare, sempre teve uma componente importante de reflexão filosófica! E não precisamos ir mais longe; repare no Malhão "oh malhão malhão, que vida é a tua", isto é uma interrogação existencialista.

Locutor: Pois claro!...

Abílio: Vamos lá examinar: mas que vida é a tua? e tal ... Que significado é que um indivíduo dá à sua vida quando confrontado com o desespero perante o absurdo da existência! A do malhão é "comer e beber, passear na rua"... de maneiras que é um epicurista. Vocês aqui dizeis "epicurista", nós lá chamamos, portanto... "bêbado".

Locutor: Eu suponho que as melhores letras sejam as que misturam a temática campestre do folclore com a filosofia!

Abílio: Aiii... sem dúvida! Sem dúvida! Nós temos um Vira que é a história de amor impossível entre um pastor racionalista e uma moça que anda na lavoura e é empirista... e de maneiras que não se entendem...

Locutor: Lá está... Por causa das divergências filosóficas.

Abílio: Não... não... Porque ele até renuncia à noção de ideias inatas, e ela admite que realmente a experiência não é tudo. E em princípio fica tudo bem, mas no fim ele continua a dizer que a pastorícia é superior à agricultura, e ela não lhe admite!

Locutor: A Rádio Comercial apresenta: História da Filosofia em Folclore.

Hoje, Emanuel Kant
(música folclórica, com a seguinte letra):

Oh minha Rosinha,
o conhecimento
Não depende apenas
do entendimento

Tem cuidado
Com os sentidos
São enganadores
Esses bandidos

A experiência Empírica
É fundamental
Mas o juízo à priori
É universal

Lai la lai
La lai lai lai lai ("virou")
Lai la lai
La lai lai lai lai"

------------------*

Escutar em áudio (a partir do 0:42 min)



Sem comentários:

TEXTOS ANTERIORES