Santo Condestável - D. Nuno Alvares Pereira (Mosteiro de Sta. Maria da Victoria - Batalha, Portugal) |
Que saudades dos meus tempos de criança. Corria tão veloz quanto a minha mente possibilitava imaginar, os saltos pareciam-me enormes e as cores do campo corriam-me deslumbrantes debaixo dos pés. Havia em nós algo de anjo e super-herói, incensáveis, aparentemente imunes aos tombos ... "o que é isso!?"
No recreio da escola primária corríamos às armas escondidas. Uma "espada" retirada de dentro de um tronco de oliveira centenária, um "escudo" por trás do muro, e armado, enfim, rápido, ágil e discreto, corria ao encontro do inimigo. Fosse qual fosse a escola, podia ver-se a predisposição natural dos meninos para desencantarem "armas" de ataque e defesa dos sítios mais insuspeitos, e fazer guerras em grupos de "bons" e "maus", onde ninguém queria ser o "mau". Sim, era um problema, nas minhas escolas primárias os meninos não queriam ser do grupo dos "maus", e das duas uma: ou os mais fortes se auto-proclamavam "os bons", ou simplesmente não havia distinção definida (os "maus" eram "os outros", em ambos os lados).
Até aos dias de hoje, não sei bem o motivo, quando passeio pelo campo tendo a agarrar uma vara que sirva da bastão ou espada (para fazer um pouco de esgrima contra algum arbusto ou erva do caminho... e que alegria me dá). Contenta-me ter pontaria para estas coisas, mas parece-me haver também nisto uma correspondência com as lutas sérias daqueles tempos de escola primária. Sim, "sérias", porque essas eram coisas muito levadas a peito, com honra de criança (é que aquelas brincadeiras eram mais verticais que a seriedade de muitos homens feitos quando tratam de coisas socialmente tidas de responsabilidade).
Disto certamente há algo que nos está na natureza. Por isso temo que algumas milícias de homens feitos sejam mais a expressão de uma humana necessidade da varonia que outra causa que a supere. E se estes são dominados ainda por tal impulso hão-de querer um qualquer motivo sobre o qual se organizem e lutem. Os menos conscientes e orientados contentar-se-ão com um motivo pouquíssimo exigente, e os restantes, mais exigente. Contudo, a actitude católica não pode contentar-se com pretextos: não se espera um motivo para a batalha, porque a batalha há-de ser a única resposta apropriada à verdadeira resolução do mal que se evita. Como tal, esta é uma situação oposta à primeira. Portanto, na primeira, há algo de concupiscível, que se torna como que um centro gravítico da acção beligerante e tende a arrastar o homem. Pelo contrário, o verdadeiro cavaleiro de Cristo acabará por ver completada a sua natureza na sua acção bélica por ser movida por algo verdadeiramente mais alto.
Infelizmente fala-se muito de "o combate", saindo da razoabilidade. Estes cavaleiros muito entregues a satisfazer o seu ímpeto não caminham para o BELUM mas para GUERRA, acabando assim por fazer mortos tanto no lado oposto como no seu lado.
As virtudes são as fundamentais armas do cavaleiro, e sem elas não há verdadeira nobreza, e são muitos os cavaleiros que venceram batalhas enormes sem ferro, morrendo em corpo, e matando em espírito.
Fiz-me entender!?
Infelizmente fala-se muito de "o combate", saindo da razoabilidade. Estes cavaleiros muito entregues a satisfazer o seu ímpeto não caminham para o BELUM mas para GUERRA, acabando assim por fazer mortos tanto no lado oposto como no seu lado.
As virtudes são as fundamentais armas do cavaleiro, e sem elas não há verdadeira nobreza, e são muitos os cavaleiros que venceram batalhas enormes sem ferro, morrendo em corpo, e matando em espírito.
Fiz-me entender!?
2 comentários:
Perfeitamente!
Obrigado.
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