08/08/13

FORA DA IGREJA NÃO HÁ SALVAÇÃO (I)

Tem havido uma súbita preocupação com a fórmula "fora da Igreja não há salvação". Tinha surgido a necessidade de relembrar, ou ensinar, aos católicos esta doutrina. Mas agora, surge uma falsa reposta: a "interpretação" da fórmula, e apresentada como se estivesse em risco a fé dos católicos que têm usado esta fórmula tal como sempre foi usada!

Ontem vi que alguém difundiu a "interpretação" do Pe. Paulo Azevedo (Brasil). Resolvi então escutar este vídeo interpretativo deste sacerdote (é o segundo vídeo que faz deste tema, e o segundo substituiu o primeiro).

O Pe. Paulo não explicou mais do que complicou, por um único motivo: leva numa mão a formulação católica, e na outra os conteúdos da nova teologia... água e azeite! Não fez uma exposição breve e inteira com 3 frases, que depois tivesse aprofundado; confundiu o auditório que, certamente, não pôde juntar a "conclusão" à formulação.

 Desde a concepção de "Igreja" à omissão de designações fundamentais (tais como "baptismo de desejo" e "baptismo de sangue" como formas do mesmo baptismo), a "interpretação" de "rigorismo" seguida de um documento que refere o "rigorismo" real (não o da "interpretação" do Pe. Paulo), um uso difuso do "incorporar" .. etc, o Pe. Paulo, tranquilamente, com um tom de clareza, convenceu certamente muitos ouvintes.
 

Neste artigo não farei mais que compilar o que foi dito com maior autoridade que as "interpretações" do Pe. Paulo e da "nova teologia". Espero que isto ajude:

Séc. III
- São Cipriano: “Não há salvação fora da Igreja”.

Séc. IV
- Credo de Santo Atanásio: ”Todo aquele queira se salvar, antes de tudo é preciso que mantenha a fé católica; e aquele que não a guardar íntegra e inviolada, sem dúvida perecerá para sempre (…) esta é a fé católica e aquele que não crer fiel e firmemente, não poderá salvar-se”.

Séc. XII
- Papa Inocêncio III: “De coração cremos e com a boca confessamos uma só Igreja, que não de hereges, só a Santa, Romana, Católica e Apostólica, fora da qual cremos que ninguém se salva”.

Séc. XIII
- IV Concílio de Latrão [infalível], Cânon I: “…Existe apenas uma Igreja universal dos fiéis, fora da qual absolutamente ninguém é salvo…”. Cânon III: “Nós excomungamos e anatematizamos toda a heresia erguida contra a santa, ortodoxa e Católica fé sobre a qual nós, acima, explanamos…”.
- Papa Bonifácio VIII: “Por apego da fé, estamos obrigados a crer e manter que há uma só e Santa Igreja Católica e a mesma apostólica e nós firmemente cremos e simplesmente a confessamos e fora dela não há salvação nem perdão dos pecados (…) Romano Pontífice, o declaramos, o decidimos, definimos e pronunciamos como de toda necessidade de salvação para toda criatura humana".

Séc. XV
- Concílio de Florença: “Firmemente crê, professa e predica que ninguém que não esteja dentro da Igreja Católica, não somente os pagãos, mas também, judeus, os hereges e os cismáticos, não poderão participar da vida eterna e irão para o fogo eterno que está preparado para o diabo e seus anjos, a não ser que antes de sua morte se unirem a Ela(…)".

Séc. XVI
- O Concílio de Trento [infalível]: “… nossa fé católica, sem a qual é impossível agradar a Deus…” [Condenou também os protestantes].

- Papa Pio IV: “… Esta verdadeira fé católica, fora da qual ninguém pode salvar-se…” (Profissão de fé da Bula “Iniunctum nobis” de 1564)

Séc. XVIII
- Papa Benedito IV (1740-1758): “Esta fé da Igreja Católica, fora da qual ninguém pode se salvar…”.

Séc. XIX
- Papa Gregório XVI - Mirari Vos: “Outra causa que tem acarretado muitos dos males que afligem a Igreja é o indiferentismo, ou seja, aquela perversa teoria espalhada por toda a parte, graças aos enganos dos ímpios e que ensina poder-se conseguir a vida eterna em qualquer religião, contanto que se amolde à norma do recto e honesto. Podeis com facilidade, patentear à vossa grei esse erro tão execrável, dizendo o Apóstolo que há um só Deus, uma só fé e um só baptismo (Ef. 4,5): entendam, portanto os que pensam poder-se ir de todas as partes ao Porto da Salvação que, segundo a sentença do Salvador, eles estão contra Cristo, já que não estão com Cristo (Luc. 11,23) e os que não colhem com Cristo dispersam miseravelmente, pelo que perecerão infalivelmente os que não tiverem a fé católica e não a guardarem íntegra e sem mancha (Simb. Sancti Athanasii).(…) Desta fonte lodosa do indiferentismo promana aquela sentença absurda e errónea, melhor digo "disparate", que afirma e que defende a liberdade de consciência. Esse erro corrupto que abre alas, escudado na imoderada liberdade de opiniões que, para confusão das coisas sagradas e civis, se estende por toda parte, chegando a imprudência de alguém asseverar que dela resulta grande proveito para a causa da religião. Que morte pior há para a alma do que a liberdade do erro?, dizia Santo Agostinho (Ep. 166)”.

- Papa Pio IX - Syllabus (teses condenadas):
15ª “É livre a qualquer um abraçar o professar aquela religião que ele, guiado pela luz da razão, julgar verdadeira”.
16ª “No culto de qualquer religião podem os homens achar o caminho da salvação e alcançar a mesma eterna salvação”.
17ª “Pelo menos deve-se esperar bem da salvação eterna daqueles todos que não vivem na verdadeira Igreja de Cristo”.
18ª “O protestantismo não é senão outra forma da verdadeira religião cristã na qual se pode agradar a Deus do mesmo modo que na Igreja Católica”.
21ª “A Igreja não tem poder para definir dogmaticamente que a religião da Igreja Católica é a única religião verdadeira”.

- Pio IX: “(…) não temem fomentar a opinião desastrosa para a Igreja Católica e a salvação das almas, denominada por Nosso Predecessor, de feliz memória, de "loucura" (Encíclica "Mirari Vos") de que a liberdade de consciência e de cultos é direito próprio e inalienável do indivíduo que há de proclamar-se nas leis e estabelecer-se em todas as sociedades constituídas; (…) Portanto, todas e cada uma das opiniões e perversas doutrinas explicitamente especificadas neste documento, por Nossa autoridade apostólica, reprovamos, proscrevemos e condenamos; queremos e mandamos que os filhos da Igreja as tenham, todas, por reprovadas, proscritas e totalmente condenadas”. (Encíclica"Quanta Cura")

Séc. XX
Papa Pio XI - Encíclica "Mortalium Animus": ” Os esforços [do falso ecumenismo] não tem nenhum direito à aprovação dos católicos porque eles apoiam-se sobre esta opinião errónea de que todas as religiões são mais louváveis naquilo que revelam, e traduzem todas igualmente, se bem que de uma maneira diferente, o sentimento natural e inato que nos leva para Deus e inclina-nos ao respeito diante de seu poder(…) Os infelizes infestados por esses erros sustentam que a verdade dogmática não é absoluta, mas relativa, e deve pois, adaptar-se às várias exigências dos tempos e lugares às diversas necessidades das almas”.(…) “Os artesãos dessas empresas não cessam de citar ao infinito a Palavra de Cristo: "Que todos sejam um. Haverá um só rebanho e um só pastor"( Jo XVII,21; X,16), e eles repetem este texto como um desejo e um voto de Cristo que ainda não teria sido realizado. Eles pensam que a unidade da fé e de governo, característica da verdadeira e única Igreja de Cristo, quase nunca existiu no passado e que não existe hoje… Eles afirmam que todas (as igrejas) gozam dos mesmos direitos; que a Igreja só foi Una e Única, no máximo da época apostólica até os primeiros Concílios Ecuménicos(…). Tal é a situação. É claro, portanto, que a Sé Apostólica não pode por nenhum preço tomar parte nos seus congressos, e que não é permitido, por nenhum preço, aos católicos aderir a semelhantes empreendimentos ou contribuir para eles; se eles o fizerem dariam autoridade a uma falsa religião cristã completamente estranha à única Igreja de Cristo”.

-Papa S. Pio X - Catecismo da Doutrina Cristã ("Catecismo de S. Pio X"):
149- Que é a Igreja Católica?
R: A Igreja Católica é a sociedade ou reunião de todas as pessoas baptizadas que, vivendo na terra, professam a mesma fé e a mesma lei de Cristo, participam dos mesmos sacramentos, e obedecem aos legítimos Pastores, principalmente ao Romano Pontífice.


153- Então não pertencem à Igreja de Jesus Cristo as sociedades de pessoas baptizadas que não reconhecem o Romano Pontífice por seu chefe?
R: Todos os que não reconhecem o Romano Pontífice por seu chefe , não pertencem à Igreja de Jesus Cristo.


156- Não poderia haver mais de uma Igreja?
R: Não pode haver mais de uma Igreja, porque, assim com há um só Deus, uma só fé e um só Baptismo, assim também não há nem pode haver senão uma só Igreja verdadeira.


168- Pode alguém salvar-se fora da Igreja Católica, Apostólica, Romana?
R: Não. Fora da Igreja Católica, Apostólica, Romana, ninguém pode salvar-se, como ninguém pôde salvar-se do dilúvio fora da arca de Noé, que era figura desta Igreja.


- Papa S. Pio X - Encíclica "Pascendi Dominici Gregis" (condenaçãodo modernismo): “Toda religião, não exceptuada sequer a dos idólatras, deve ser tida por verdadeira [dizem](…). E os modernistas de fato não negam, ao contrário, concedem, uns confusa, e outros manifestamente, que todas as religiões são verdadeiras(…). Quando muito, no conflito entre as diversas religiões, os modernistas poderão sustentar que a Católica tem mais verdade, porque é mais viva e merece mais o título de Cristã, porque mais completamente corresponde o título de Cristã, porque mais completamente corresponde às origens do cristianismo”.

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