08/01/13

CATÓLICOS E EVENTOS FESTIVOS - GRATULAÇÃO PELOS DESPOZÓRIOS DE D. JOSÉ (II)

(continuação da I parte)
D. MariaAna Victoria, em criança.
Com este numeroso e luzido cortejo entrou o Doutor Chanceler Governador na Igreja de S. Domingos e, posto em seu lugar, e os Ministros e Oficiais nos para eles destinados, revestido o Padre Prior e os Acólitos com capa de Asperges de tela branca, e toda a Relação com tochas acesas, se cantou o Te Deum a 6 coros de música excelente acompanhada de todos os melhores instrumentos, com assistência de muita nobreza e povo que concorreu a este vistoso e magnífico acto cuja despesa foi toda do Doutor Chanceler Governador que aos Religiosos de S. Domingos mandou dar toda a cera que serviu nesta solenidade e uma boa esmola para a Sacristia satisfazendo também aos músicos com profusão bem larga.

Destinou o Senado da Câmara o dia de Quinta feira 5 do corrente mês de Fevereiro para o Sermão e Procissão da acção de graças com todo aquele empenho de que eram premissas tão lustrosas antecedências. No dia 4 serviram de solenes Vésperas, não só a repetição de luminárias, mas uma vistosíssima e custosa encamisada, formada toda tanto de Cavalheiros principais da Cidade como de muitos de fora que concorreram a ela. De luzidas galas e brilhantes saezes em fermosos cavalos se compunham todos, assistindo de numeroso esquadrão de lacaios com tochas ardentes e flamantes librés, discorreram pelas ruas principais seguidos de um carro de harmónicas serenatas puxados de poderosos cavalos, fazendo tudo parecer aquela noite um vistoso e alegre dia.

No dia 5 tornou a sair toda a Relação de gala na mesma forma que na função precedente. De custosissímas galas e preciosos adornos a elas correspondentes saíram neste dia o Doutor Manuel Dias de Lima, Corregedor da Comarca, o Doutor Bernardo Ferreira de Vasconcelos, Juiz de fora, os quatro Vereadores Francisco de Sousa Cirne Soares de Madureira,e Azevedo; Pantaleão Alvo Brandão Perestrelo, Luís Brandão Pereira de Lacerda, e Francisco Correia de Lacerda: o Procurador da Cidade José Freire de Sousa, o Escrivão da Câmara Caetano José Leite Pereira, o Doutor Juiz dos Órfãos Estêvão Peixoto Cabral. os seis Cidadãos, que haviam de pegar nas varas do Palio: Dom Bartolomeu de Noronha e Menezes, Diogo Francisco Leite Pereira, Manuel Alvo Brandão, Diogo do Valle Coutinho, Luís de Mello Pereira, e Simão Cardoso Coutinho. Os dois Almotaceis, Luís de Mello da Silva e José de Távora e Noronha, todos Fidalgos, os Cidadãos da Bandeira e Estoque, e os que na Procissão haviam de governar os 8 bailes dela, o Sindico, Tesoureiro da Cidade, Escrevente, Guarda, e Agente da Câmara, e todos os mais Oficiais dela, o Juiz, Procuradores e Meirinhos da Cidade, Escrivães da Almotaçaria e vara, e os do Juízo de fora, compondo tudo um bem luzido e ordenado congresso que, de manhã, assistiu todo com grande afluência de nobreza e povo, na Sé, à Missa solene e ao Sermão Panegírico que recitou o Reverendo Cónego o Doutor Manuel dos Reis Bernardes com aquela vasta erudição que o seu grande talento costuma ostentar em celebridades tão plausíveis.

(continuação, III parte)

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