10/11/12

CATOLICISMO NÃO É FUNDAMENTALISMO (II)

(Continuação da I parte)

FUNDAMENTALISMO
E
CATOLICISMO AUTÊNTICO
(P. Paul Natterer)

Pode encontrar-se o mesmo ou semelhante pensamento noutros estereótipos antitradicionalistas, inclusivamente no interior da Igreja. Em nota de rodapé recolhemos uma lista das obras de língua alemã mais recentes e importantes a respeito desta questão.

Sem dúvida pode demonstrar-se a existência de defeitos num sistema social ou numa comunidade social ou eclesiástica, porque tais defeitos são (por assim dizer) inevitáveis enquanto consequência da condição humana debilitada pelo pecado original. O egocentrismo, o egoísmo, a tibieza, o clericalismo, os erros de governo... todos eles representam um papel importante. Mas o específico desta crítica do fundamentalismo é que não são precisamente esses defeitos e essas debilidades o objecto dos virulentos ataques conta a Fraternidade S. Pio X e outros movimentos tradicionais na Igreja: o que é atacado é o seu espírito de fé missionária e a sua fidelidade às noções da Fé, de Igreja e de Cristianismo, imutáveis no atravessar dos séculos e transmitidas pela Igreja numa tradição histórico-teológica sem ruptura, desde a origem no Evangelho e depois através dos Padres da Igreja, da Idade Média, etc., até chegar a Pio XII. Queremos recordar a este respeito que o Card. Newman, no discurso intitulado Sobre as dificuldades dos anglicanos fala do "grandioso e evidente fenómeno histórico que me converteu: que desde sempre os nomes e os conceitos significassem o mesmo, desde então até agora". Referia-se às relações entre a Igreja de Pio IX (o Papa 'reaccionário' do Syllabus antiliberal, da infalibilidade papal e da Imaculada Conceição) e a Igreja primitiva, relações que permitem a exacta verificação histórica de uma identidade total na origem, na organização e nos princípios. A autobiografia de Newman (Apologia pro vita sua) culmina, no que concerne ao conteudo e ao estilo, na experiência da sua conversão.

Desde há aproximadamente dois séculos, a transmissão nunca interrompida da Fé é objecto de uma reinterpretação herética (cuja radicalização e amplitude eram desconhecidas até então) que a foram situando nos bastidores das correntes dominantes do pensamento moderno, que colocam em primeiro plano a aspiração à autonomia e ao subjectivismo. Trataremos este aspecto na segunda e terceira partes deste estudo; por momento bastar-nos-á assinalar que os protagonistas da crítica contra o fundamentalismo na igreja (como Beinert) partem de um ponto de vista essencialmente emancipador e evolutivo, ou até liberal-modernista. Por exemplo, Beinert sustem, em oposição ao juramento antimodernista de S. Pio X, que "o que tem valor na Igreja é uma verdade plural (assente no diálogo) e pessoal" (op. cit. pág. 37). O qual implica que a Verdade existiria apenas nem função da experiência do indivíduo, e por isso estariaria determinada pelas suas actitudes histórico-culturais.

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