NOTA BREVE (Ascendens):
Esta obra de espiritualidade, escrita entre a paz de um mosteiro,
tornou-se a mais lida em todo o mundo, foi publicada em latim, e contou com
muitíssimas edições ao longo de quinhentos anos. Já se perdeu a conta do número
de publicações e traduções. É obra monumental, pequena em porte, editada
pela primeira vez em 1486.
Thomas de Kempis, o autor, nasceu na Prússia do Reno (Alemanha) em 1380. Em 1400 fez-se monge agostinho em Zwolle
(Holanda), onde veio a falecer em 1471. Foi beatificado pela Santa Igreja.
A Imitação de Cristo é uma obra
de tal forma clara e inspirada que, ao longo da história, foi por vezes julgada
apenas ultrapassada pela Bíblia. Vários santos a leram e recomendaram para
orientação espiritual, contributo para a salvação da alma e santificação. Enfim, um livro apropriado para uma vida verdadeiramente católica.
Qual o motivo de ter escolhido A Imitação de Cristo entre outras tantas
obras de espiritualidade tão recomendadas ao longo dos séculos? É simples: esta é das obras mais acessíveis que atravessa um longo período de
tempo, e escrita por um Beato. Assim sendo, não haverá da parte dos leitores, depois desta breve informação, dúvidas quanto à fidelidade deste livro em respeito da Doutrina e
Espiritualidade católicas. Há também que lembrar que, até meados do séc. XX, os
livros eram avaliados por um censo rigoroso em termos de Doutrina, Moral, e
bons-costumes, o que nos serve de autorizada garantia. Coloco nas mãos de quem
leia, uma obra de total segurança.
Para o leitor moderno, não
acostumado à Doutrina de sempre, pode acontecer que certas palavras ou
expressões doutrinais lhe sejam estranhas, pelo que se requer bastante cuidado.
Será proveitosa sempre a difusão
deste livro. Peço que se lhe tome o proveito e se divulgue.
(Ascendens)
A IMITAÇÃO DE CRISTO
Thomas de Kempis
Livro Primeiro
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Avisos Muito Úteis Para a Vida Espiritual
Cap. I
Da Imitação de Cristo e o Desprezo de Todas as Vaidades do Mundo
1. “Quem me segue não anda nas trevas, diz o Senhor”. Estas palavras são
de Cristo, com as quais nos amoesta que imitemos sua vida e seus costumes, se queremos
ser verdadeiramente alumiados e livres de toda a cegueira de coração. Seja pois
o nosso estudo meditar na vida de JESUS Cristo.
2. A doutrina de Cristo excede as
doutrinas de todos os Santos: e quem tivesse espírito acharia nela Maná
escondido. Mas sucede que muitos, entre aqueles que frequentemente ouvem o
Evangelho, sentem nele pouco gosto; porque não têm o espírito de Cristo. Porém
quem quiser com satisfação e proveito entender as palavras de Cristo convém-lhe
que procure conformar com ele toda a sua vida.
3. Que aproveita disputar tão altas
coisas sobre a Trindade, se não fores humilde, pelo que desagradas a esta mesma
Trindade? Verdadeiramente as subidas palavras não fazem santos, nem justos; mas
a vida virtuosa faz o homem agradável a Deus. Antes quero sentir a compunção que
saber defini-la. Se soubesses de cór toda a Bíblia e os ditos de todos os
filósofos, que te aproveitaria tudo isso sem amor, e graça de Deus? “Vaidade de vaidades, tudo é vaidade” que
não seja amar e servir a Deus suma sabedoria, e pelo desprezo do mundo caminhar
para o Reino dos Céus.
4. Pois isto assim é: vaidade
[vanidade] é buscar riquezas, que acabam, e colocar nelas a esperança. Vaidade
é também pretender honras, e desvanecer-se com elas. Vaidade é seguir os
apetites da carne, e desejar aquilo por onde depois te seja necessário ser
gravemente castigado. Vaidade é desejar vida longa e tratar pouco que seja boa.
Vaidade é atender somente a esta presente vida, e não prevenir para a futura.
Vaidade é amar o que com tanta ligeireza passa, e não buscar com fervor o gozo
que sempre dura.
5. Lembra-te frequentemente
daquele dito da Escritura: “Não se farta a vista de ver, nem nem o ouvido de
ouvir”. Procura pois desapegar o teu coração das coisas visíveis, e afeiçoa-lo
às invisíveis: porque os que seguem a sensualidade mancham a consciência, e
perdem a graça de Deus.
(Continua aqui)
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