03/07/12

ILUSÃO - DE DUAS DESIGNAÇÕES ESCOLHEM A PIOR


Há um erro que se tem vindo a repetir, ao qual não sei dar nome, e que consiste em dar duas duas designações a uma mesma coisa para, posteriormente, esquecer a mais correcta.

Por todas as Dioceses temos vindo a assistir há anos na campanha da "participação activa". Segundo os agentes ideológicos da "participação activa", os fiéis devem ter determinada actividade no decorrer da Missa.

Esta insistência "activista" levou, há anos, um amigo meu, professor de teologia numa afamada universidade, a impedir a publicação de um livro conjunto onde um dos co-autores tinha preferido usar "participação animada" à "participação activa". O Erro foi corrigido a tempo. Dizia-me então que havia uma crescente tendência abusiva relativamente à "participação activa" e que o próprio Concílio Vaticano II tinha usado várias designações para o tipo de participação desejável. Uma destas designações é "participação consciente" que, como ele bem frisou, indica um outro aspecto bem mais importante e que, estranhamente, nunca é utilizado.

Os "activistas", chamo-lhes agora assim (por justiça), escolheram uma das designações usadas no Concílio Vaticano II, retiraram-na do conjunto das outras designações que caracterizam o tipo de participação, e, assim, fazem a sua "evangelização pastoral" um pouco por todo o lado e com o activo querer dos Bispos diocesanos.

Curiosamente, e de forma semelhante, acontece com o Summorum Pontificum. Neste Motu Proprio o Papa Bento XVI refere-se aos Missais com a designação FORMA e EXPRESSÃO. Portanto, "expressão extraordinária" e "forma extraordinária", por exemplo. Rapidamente e abundantemente foi difundia a "forma" e não mais se ouviu falar da "expressão".

No meu entender, a "expressão" indica melhor esta natureza, e por isso acusa melhor a contradição tão característica deste documento. Se em todos os textos explicativos tivessem substituído "forma" por "expressão" (uso), o documento teria sido olhado de forma mais realista:

- O Missal de Paulo VI é a forma ordinária do Rito Romano...
- O Missal de Paulo VI é a expressão (uso) ordinária do Rito Romano...

Já estamos tão acostumados hoje a "forma" que ao ouvirmos "expressão" a fazemos equivaler a "forma". Mas eu lembro-me que no início, quando ainda não havia estas associações de ideias e palavras, a "expressão" fazia rapidamente ressaltar que um uso ordinário só podia ser aquele que sempre foi usado ordinariamente. Já a "forma" faz saltar este aspecto da continuidade ao longo de 2000 anos.

Sem comentários:

TEXTOS ANTERIORES