Pe. Franz Schmidberger
B - De facto, o Senhor encomendou aos discípulos ir ensinar: "Ide por todo o mundo, prégai o Evangelho a toda a criatura." (Mc. 16:15). Ele não os enviou a escrever um livro. Assim, o ensinamento vivo, sob a inspiração do Espírito Santo, espírito de Verdade, é a que se encontra no começo da vida da igreja. Esta realidade corresponde, por outra parte, a uma razão de evidência imediata: Deus, Criador da natureza e da graça, serve-se dos homens como instrumento para o governo do mundo e outorgar a Salvação; nisto, a palavra viva tem uma importância muito especial, a comunicação de pessoa a pessoa. O Criador conhece suas obras e particularmente a alma humana com as suas faculdades, com suas aspirações e a maneira de comunica-lhe vida: "Fides ex auditu" - a Fé vem da pregação - diz S. Paulo (Rom. 10:17).
C - A Sagrada Escritura foi escrita só depois de certo tempo da existência da Igreja durante o qual a plenitude da vida [da Igreja] estava já amplamente manifestada na celebração do Santo Sacrifício, a pregação do Evangelho, a administração dos sacramentos e o exercício da autoridade segundo os princípios evangélicos. Se a Escritura fosse o fundamento definitivo da Igreja Ela mesma não teria podido existir nos primeiros anos!
D - Quem determina aquilo que pertence e não pertence à Escritura? Ou seja, quem fixa o Canon das Sagradas Escrituras?
O critério a empregar não pode encontrar-se na mesma Sagrada Escritura, pois então tal texto poderia, justamente, e ainda deveria, ser colocado em dúvida! Tem então, necessariamente, que encontrar-se fora da Sagrada Escritura e possuir a atitudes requerida para distinguir com certeza os textos autênticos, inspirados, dos apócrifos. Este critério reside justamente no Depósito da Fé sob a condução do Espírito Santo através dos séculos.
E - Em caso de dúvida e controvérsia, quem interpreta a Sagrada Escritura? Segundo Lutero e os protestantes seria o mesmo Espírito Santo. E sim, o católico está de acordo mas com a precisão de que o Espírito Santo manifesta-se objectivamente na instituição divina, composta por homens; numa palavra, o Magistério da Igreja, de tal maneira que a conservação do depósito da Fé esteja por cima de toda a dúvida e de qualquer relativização subjectiva.
Ora, justamente, a proliferação de seitas protestantes, na sua maioria contradizendo-se entre elas, prova que Deus não confiou o depósito da Fé a indivíduos nem a grupos sem o Santo Padre e os Apóstolos com quem permanece até à consumação dos séculos (Mat. 28:20) nas pessoas de seus sucessores.
Os protestantes não têm nada de positivo para opor à Doutrina católica. Vivem pura e simplesmente da crítica ao catolicismo, e por isso pretendem que nós católicos não encontrámos nada melhor que eles, visto que têm as Sagradas Escrituras como livro de última instância, enquanto que nós temos um livro mais, a saber, toda a colecção de Dogmas.
A resposta a esta objecção é simples: A Igreja Católica não é nem um conjunto de Dogmas, nem, portanto, um sistema moral. Ela é o Emanuel, o Homem-Deus que continua vivendo e obrando entre nós no seu Sacrifício, nos Sacramentos, na Hierarquia instituída por Ele, que possui o depósito da Fé.
A Igreja não tem uma tradição pois Ela mesma é essencialmente Tradição, ou seja, continuidade do Verbo feito homem.
2 comentários:
Quando o artigo estiver todo completo, colocá-lo-ei no meu blogue apologético. :)
Ora bem ...
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