O livro de Bento XVI "Jesus de Nazaré II" é um monumento à ortodoxia católica? Será que repete as mesmas linhas de verdade ensinadas e transmitidas pela Igreja, ou segue o caminho de estranhas e recentes teologias?
É esperado que o livro de um Papa seja um monumento à ortodoxia que ele mesmo deve representar, e nada contrário a isso.
É esperado que o livro de um Papa seja um monumento à ortodoxia que ele mesmo deve representar, e nada contrário a isso.
Como é absurdo que um Papa transmita uma doutrina contrária à da Igreja opondo-se aos próprios Apóstolos, aos Evangelhos, aos Padres da igreja, aos Doutores da Igreja e ao Magistério, é natural que os leitores católicos partam da ideia de um Papa ortodoxamente católico, e assim deve ser.
Antes de irmos ao livro, é preferível fazer alguma catequese.
Antes de irmos ao livro, é preferível fazer alguma catequese.
A INSPIRAÇÃO DAS ESCRITURAS
"(...)Todos os livros que a igreja recebe como Sagrados e Canónicos, estão escritos total e completamente, em todas as suas partes, sob ditado do Espírito Santo, e visto que é impossível que qualquer erro possa coexistir com a divina inspiração, sendo a inspiração não só esencialmente incompatível com o erro, senão que exclui e afasta, absoluta e necessariamente, como impossível, que o mesmo Deus, Verdade suprema, possa enunciar o que não é certo. Está é a antiga e imutável Fé da Igreja, solenemente definida nos Concílios de Florência e Trento, e finalmente confirmada e mais expressamente formulada no Concílio Vaticano. Estas são as palavras do último deles: "Os livros do Antigo Testamento, e Novo Testamento da Vulgata latina, todos, com todas as suas partes, como foi indicado no decreto do mesmo Concílio [Trento], devem ser recebidos por sagrados e canónicos. E a Igreja os sustêm como sagrados e canónicos, não porque, depois de terem sido compostos pelo engenho humano, tenham sido aprovados depois pela sua autoridade, nem só porque contenham a revelação sem erro, senão porque, tendo sido escritos sob a inspiração do Espírito Santo, têm a Deus por seu autor. Assim, como o Espírito Santo usou os homens como instrumentos seu, não se pode dizer que tais instrumentos inspirados, porventura, caíram no erro, e não o seu autor principal. Porque foram movidos e impulsionados a escrever pela acção sobrenatural do Espírito Santo. Ele esteve presente para que eles escrevessem as coisas que Ele lhes ordenou, e só essas, de maneira que, entendidas por eles em primeiro lugar, logo quiseram firmemente escrevê-las fielmente, e, finalmente, expressaram, apta e inteligivelmente a verdade. Pelo contrário, não se poderia dizer que Deus tivesse sido o autor de toda a Escritura. Tal foi sempre a presunção dos Padres. Disto se deduz que aqueles que sustêm que seja possível o erro em alguma passagem das Sagradas Escrituras, pervertem a noção católica da inspiração e fazem de Deus o autor do erro." (Proventissimus Deus - Leão XIII (20 a 21))
"(...) Também aqueles, que sustêm que a parte histórica da Escritura não descansa na absoluta verdade dos factos senão que se limita, como gostam de dizer, à verdade relativa, ou seja, o que a gente comummente pensava, não estão - como também não estão os critérios anteriormente mencionados - em harmonia com o ensinamento da Igreja, que está avalada pelo testemunho de Jerónimo e outros Padres".
Isto é exemplar do que se repete ao longo dos tempos na Igreja, faz parte da Tradição da Igreja, contudo as recentes teologias infiltradas nos seminários e cursos de teologia ensinam diferente e mais em conformidade com o protestantismo. Para que se veja, tomemos um dos manuais adoptados num instituto de Teologia (que goza até de fama de prudente e comedido, portanto, bem considerado) para a cadeira de Sagrada Escritura, e que é "Bíblia Palavra de Deus" de Valério Mannucci, para dar a entender que a Sagrada Escritura não é inspirada mas sem dizer literalmente tal coisa (reparem no tipo de palavreado mistificador, quase esotérico, que mais esconde do que aclara):
E com esta conclusão fica todo o capítulo resumido:
"Concluindo - O NT pronuncia-se formalmente sobre a inspiração divina das Sagradas Escrituras, isto é, sobre a origem divina não só do conteúdo dos livros da Bíblia, a Revelação de Deus, mas também do instrumento privilegiado que a conserva e a transmite. O próprio Deus está na origem dos livros sagrados, porque o seu Espírito infundiu neles. Este fato pertence ao ditado bíblico, especialmente neotestamentário, independentemente do como possa e deva ser compreendido (sobre a natureza da inspiração bíblica ver cap. 10). De outro lado, ele não deve ser separado da multiforme acção e moção do Espírito de Deus na história da salvação e na sua proclamação profética: "A inspiração escriturística nada tem a temer se for colocada no conjunto da inspiração bíblica da qual é uma parte, depois das inspirações pastoral e oratória. Mais ainda, só pode ganhar pelo realismo que a completa. Antes de ser escrita, a mensagem foi vivida e falada: esta experiência vital e esta palavra concreta ainda vibram no texto escrito, no qual são apresentadas como um maravilhoso condensado querido por Deus. Mas elas o precedem, o acompanham, o seguem, o superam e o comentam. Toda esta riqueza vem sempre do mesmo Espírito ... Vista nesta luz, a inspiração escriturística deixa de ser o carisma de uma pessoa particular que trabalha no absoluto e confia o papel "verdades" sugeridas a seu ouvido. Ela é, pelo contrário, o último tempo de uma longa acção do Espírito que, depois de ter preparado um plano divino-humano no qual a vida do Filho constitui o vértice, e depois de ter feito ouvir por todos os modos a voz do Pai até os últimos apelos do Herdeiro (Hb 1,1) confia tudo isto aos livros sagrados, destinados a alcançar todos os homens de todos os lugares".
Certamente que este tipo de texto baralhista, ocultista, dificulta a alguns leitores contemplarem o horror destes textos em oposição àqueles outros do Magistério da Santa Igreja Católica. Tomando ainda por referência os bons textos da Igreja, os dois iniciais, vamos agora ouvir Bento XVI no referido livro:
"A implicação (...) que encontramos no relato de Mateus (27:25), fala-nos de "todo o povo" e atribui-lhe o clamor pedindo a crucifixão de Jesus."
Segundo o Papa o "todo o povo" não tem como autor o Espírito Santo, e colocando-se nas teses da teologia protestantizada (já mostrada) e indo contra a teologia católica expressa tão claramente pelo magistério Papal anterior. Segundo Bento XVI, este "todo o povo" não pode querer dizer "todo o povo" e atribui tal falha não a Deus (claro que não), mas ao Apóstolo Mateus. Logo, rejeita a doutrina católica da Inspiração das Escrituras. Por outro lado, não há um único caso na história da Igreja onde um Papa, Padres da Igreja, Apóstolo, Doutor da Igreja, tenha interpretado como Bento XVI, e todos estes têm interpretado segundo o que Bento XVI tenta contrariar.
"(...) Também aqueles, que sustêm que a parte histórica da Escritura não descansa na absoluta verdade dos factos senão que se limita, como gostam de dizer, à verdade relativa, ou seja, o que a gente comummente pensava, não estão - como também não estão os critérios anteriormente mencionados - em harmonia com o ensinamento da Igreja, que está avalada pelo testemunho de Jerónimo e outros Padres".
Isto é exemplar do que se repete ao longo dos tempos na Igreja, faz parte da Tradição da Igreja, contudo as recentes teologias infiltradas nos seminários e cursos de teologia ensinam diferente e mais em conformidade com o protestantismo. Para que se veja, tomemos um dos manuais adoptados num instituto de Teologia (que goza até de fama de prudente e comedido, portanto, bem considerado) para a cadeira de Sagrada Escritura, e que é "Bíblia Palavra de Deus" de Valério Mannucci, para dar a entender que a Sagrada Escritura não é inspirada mas sem dizer literalmente tal coisa (reparem no tipo de palavreado mistificador, quase esotérico, que mais esconde do que aclara):
"Concluindo - Portanto, existe um mistério de inspiração que age no presente, dentro de nós, em torno de nós, sob os olhos da nossa fé: é a misteriosa, mas real, presença e acção do Espírito Santo, do Espírito do Senhor ressuscitado e vivo, sem o qual não se dá nem a fé nem a Igreja.
Viver e compreender este mistério diário de inspiração é a melhor premissa para compreender a inspiração da Bíblia com todas as suas consequências." (Caro leitor, conhece a tese protestante da inspiração presente daquele que está interpretando a Bíblia?...)
Viver e compreender este mistério diário de inspiração é a melhor premissa para compreender a inspiração da Bíblia com todas as suas consequências." (Caro leitor, conhece a tese protestante da inspiração presente daquele que está interpretando a Bíblia?...)
E com esta conclusão fica todo o capítulo resumido:
"Concluindo - O NT pronuncia-se formalmente sobre a inspiração divina das Sagradas Escrituras, isto é, sobre a origem divina não só do conteúdo dos livros da Bíblia, a Revelação de Deus, mas também do instrumento privilegiado que a conserva e a transmite. O próprio Deus está na origem dos livros sagrados, porque o seu Espírito infundiu neles. Este fato pertence ao ditado bíblico, especialmente neotestamentário, independentemente do como possa e deva ser compreendido (sobre a natureza da inspiração bíblica ver cap. 10). De outro lado, ele não deve ser separado da multiforme acção e moção do Espírito de Deus na história da salvação e na sua proclamação profética: "A inspiração escriturística nada tem a temer se for colocada no conjunto da inspiração bíblica da qual é uma parte, depois das inspirações pastoral e oratória. Mais ainda, só pode ganhar pelo realismo que a completa. Antes de ser escrita, a mensagem foi vivida e falada: esta experiência vital e esta palavra concreta ainda vibram no texto escrito, no qual são apresentadas como um maravilhoso condensado querido por Deus. Mas elas o precedem, o acompanham, o seguem, o superam e o comentam. Toda esta riqueza vem sempre do mesmo Espírito ... Vista nesta luz, a inspiração escriturística deixa de ser o carisma de uma pessoa particular que trabalha no absoluto e confia o papel "verdades" sugeridas a seu ouvido. Ela é, pelo contrário, o último tempo de uma longa acção do Espírito que, depois de ter preparado um plano divino-humano no qual a vida do Filho constitui o vértice, e depois de ter feito ouvir por todos os modos a voz do Pai até os últimos apelos do Herdeiro (Hb 1,1) confia tudo isto aos livros sagrados, destinados a alcançar todos os homens de todos os lugares".
Certamente que este tipo de texto baralhista, ocultista, dificulta a alguns leitores contemplarem o horror destes textos em oposição àqueles outros do Magistério da Santa Igreja Católica. Tomando ainda por referência os bons textos da Igreja, os dois iniciais, vamos agora ouvir Bento XVI no referido livro:
"A implicação (...) que encontramos no relato de Mateus (27:25), fala-nos de "todo o povo" e atribui-lhe o clamor pedindo a crucifixão de Jesus."
Segundo o Papa o "todo o povo" não tem como autor o Espírito Santo, e colocando-se nas teses da teologia protestantizada (já mostrada) e indo contra a teologia católica expressa tão claramente pelo magistério Papal anterior. Segundo Bento XVI, este "todo o povo" não pode querer dizer "todo o povo" e atribui tal falha não a Deus (claro que não), mas ao Apóstolo Mateus. Logo, rejeita a doutrina católica da Inspiração das Escrituras. Por outro lado, não há um único caso na história da Igreja onde um Papa, Padres da Igreja, Apóstolo, Doutor da Igreja, tenha interpretado como Bento XVI, e todos estes têm interpretado segundo o que Bento XVI tenta contrariar.
4 comentários:
"Toda Escritura inspirada por Dios, es util para enseñar, para reprehender, para corrigir, para imponer en la justicia, à fin de que sea perfecto el hombre de Dios, e estè preparado para toda obra buena." ( "Theologia Christiana Dogmatico-Moral..", M.R.P.FR. Daniel Concina, MADRID, M.DCC.LXX, Tomo I,pág. 49)
Portanto, segundo a nova doutrina privada de José Ratzinger, aquela tal passagem da Bíblia não têm outra nova interpretação mas também não servem para ser levadas à letra, mesmo que a Igreja tenha ensinado o contrário e todos tenham interpretado pela letra neste caso.
Está claro.
Foi apagado um comentário que se apoiava na tese protestante de "inspiração" para apoiar a tese de Bento XVI.
Como este assunto é muito sério, apenas serão publicados os comentários que se cinjam a Deus e à Santa Igreja, respeitando integralmente o seu magistério, a Doutrina e a Tradição.
Agradeço que não se confunda o tremendo problema de desacato doutrinal do Papa com o assunto dos judeus. O artigo trata de mostrar exemplos da Doutrina católica relativamente à interpretação das Escrituras e à doutrina da "Inspiração das Escrituras". No caso de Bento XVI, pelo comentário que faz, vai contra o conceito de "inspiração das Escrituras" e coloca-se dentro da herética tese protestante de "inspiração".
O artigo fornece ainda exemplo de como a "nova teologia" não é católica no no mesmo conceito de inspiração e é protestantizada.
Serão aceites ainda os comentários que tentarem demonstrar que a afirmação de Bento XVI está em total conformidade com a doutrina católica (tradicional) da inspiração das sagradas escrituras.
Fazer dos diferentes detalhes próprios de cada um dos Evangelhos Sinópticos oposições, é acusar ao Autor das Escrituras (Deus) de ter caído em contradição.
Agir contra a interpretação que a igreja sempre deu às tais passagens, é acreditar que o Espírito Santo não guiou e permitiu o engano. O mesmo equivale a colocar todo o magistério em causa!
Ora estas posições erradas são mais claras e concretizadas com a herética teologia luterana.
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