14/02/12

A REAL BARRACA

Em tempos idos eram feitas magníficas construções provisórias em madeira. Em Portugal mantinha-se o bom-costume de, após a bênção da primeira pedra de um templo, não o deixar à chuva desrespeitando-o. O solo sagrado era assim coberto por uma réplica em madeira do templo acabado. Ia-se então substituindo a madeira por pedra. Os maiores templos, e os melhor patrocinados, tinham a sua réplica em madeira, com muita fidelidade nos pormenores.

Era frequente haverem palácios provisórios construídos em madeira quando, por exemplo, haviam calamidades como terremotos e incêndios. A conhecida Real Barraca, em Lisboa, ficou para a história como um exemplo disso.

Recolhi da Biblioteca Nacional as informações que vos deixo sobre a Real Barraca:

Igreja, capelas, e respectivas serventias

Jardins

Planta geral














































Diz uma posterior (acrescento) legenda na planta: "Paso Real incendiado edificado depois do Terremoto de 1755 no Alto da Ajuda dicto vulgarmente a Barraca: no mesmo sitio prezentemente se está construindo o novo Palacio comesado pelo Arquitecto Manuel Caetano de Souza Coronel do Real Corpo de Engenheiros"

"Provável planta original à qual terá sido acrescentada (entre 1774-77?), a legenda remissiva identificativa do uso das salas . Data da legenda remissiva (entre 1774 e 1777?) atribuída conforme a conclusão da análise dos dados da própria legenda, nomeadamente, segundo o n.º 7 ("Coarto do Principe e do S.r Infante q. esta no seu", ref. ao Príncipe D. José e ao Infante D. João, futuro D. João VI) e n.º 2 ("Coarto do Serenissimo S.r Infante D. Pedro", futuro D. Pedro III): D. João terá deixado os aposentos da senhoras com sete anos, à semelhança de D. José, portanto em 1774 e, por outro lado, D. Pedro apenas até 1777 seria referido como Infante. O facto de ser ainda assinalado nas legendas o quarto de "Pedro José Porteiro da Camara" (Pedro José da Silva Botelho, falecido em 1773) poderá corresponder à permanência do nome pelo qual o quarto ficou a ser conhecido mesmo depois do desaparecimento daquele, como aconteceu em outras dependências do palácio (cf. Abecasis, p. 61). - Segundo C. V. Machado, o traçado da Real Barraca e respectiva Capela Real, ficou a dever-se a J. C. Bibiena, falecido em 1760. - Escala: "0-400 Pallmos". - Planta da construção de madeira (no local do actual Palácio da Ajuda), de provável piso térreo , que alojou a Família Real a seguir ao Terramoto, desde finais de Julho de 1756 (cf. Abecasis, p. 18) até 1794 (data em que ardeu excepto a Livraria, a Sala dos Serenins, a Capela, a Sala da Física, cf. Abecasis, p.147 ), com detalhada legenda remissiva identificativa do uso (53 legendas com numeração remissiva e mais seis, na própria planta, sem numeração:
"Pateo que pertence ao Paso Velho",
"Pateo" (vários),
"Casinha das Senhoras",
"Corpo da Guarda",
"Transito da portaria particular" e legenda de difícil leitura junto do n.º 52).

Vestígios subjacentes a lápis de uma diferente numeração das salas e de esboços nos pateos junto ao n.º 43 e 45. - Pela análise desta planta poderá concluir-se que o edifício teria um único piso ligeiramente sobrelevado, sobretudo do lado Poente, para compensar desníveis: algumas das escadas existentes poderiam, também, constituir acessos ao sótão da cobertura . - A planta e alçado da Real Barraca (Acad. Nac. de B. Artes), referidos e reproduzidos por G. de Matos Sequeira (ob. cit.), não são outra versão da planta acima descrita: trata-se, respectivamemnte, de uma sobreposição dos perímetros das duas plantas (Real Barraca e Palácio da Ajuda, com escala) e de uma simples representação do alinhamento da fachada Sul da Real Barraca que, pela desproporção, não se apresenta fiável. - Data da planta interrogada, tribuída segundo o início da construção (1755) e a data (aproximada) da marca de água (ca 1769). - Carimbo da BNP utilizado a partir de 1836 (até 1910). - Marca de água: flor-de-lis dentro de escudo coroado, com borla e nome de fabricante "J. Honig & Zoon[en]", com data aproximada de ca 1769 (cf. Edward Heawood - Watermarks, 1950, n.º 1840) . - Cirilo Volkmar Machado - Collecção de memórias... 1922,, p. 151. - A. Aires de Carvalho - Catálogo da colecção de desenhos. BN, 1977,, n. 631. - Sociedade Portuguesa de Estudos do Século XVIII- No 2.º Centenário da Morte do Príncipe D. José (1761-1788). Lisboa,, p. 9, p.35. - Maria Isabel Braga Abecasis - A Real Barraca... Lisboa, 2009. - G. de Matos Sequeira - O Palácio Nacional da Ajuda, 1961,, p. 10-16. -

Legenda remissiva numérica com ortografia actualizada: 
1. Sala dos Archeiros;
2.Quarto do Sereníssimo Senhor Infante D. Pedro;
3. Quarto d¹El-Rei N.S.;
4. Quarto da Rainha N.S.;
5. Quarto da Princesa;
6. Quarto das Senhoras Infantas;
7. Quarto do Príncipe e do Senhor Infante que está no seu;
8. Sala do Porteiro da Cana;
9. Sala dos Viadores;
10. Salas do Donzel d¹El-Rei N.S.;
11. Sala do Donzel da Rainha N.S.;
12. Salas do Donzel da Princesa;
13. Sala de passagem para a Sala do Donzel da Princesa;
14.Oratório;
15. Tribuna;
16. Sala da Mesa de Estado;
17. Camaristas;
18. Viadores;
19.Estêvão Pinto;
20. Tapeçaria;
21. Adro da Capela;
22. Igreja da Capela;
23. Livraria;
24.Tesouro;
25. Casa da Cera;
26. Quartos de Porteiros da Cana, Reposteiros, Varredores;
27. Conselho de Estado;
28. Confessor d¹El-Rei N. S.;
29. Confessor da Rainha N. S.;
30. Confessor da Princesa;
31. Pedro José Porteiro da Camara;
32. Guarda-roupa d¹El-rei N. S.;
33. Domingos Carvalho;
34. Guarda-roupa do serviço do Senhor Infante D. Pedro;
35. Cirurgiões da Camara;
36. Médicos da Camara;
37. Sargento-Mor Francisco [Fernando?] da Cunha;
38. Casa do Porteiro das Damas;
39. Portaria das damas;
40. Portaria Alta;
41. Quarto da Camareira-Mor;
42. Casas para a Marquesa aia que se não fizeram;
43.Casa da Espera da Rainha N. S.;
44. Casa da Música;
45. Guarda-roupas da Rainha N.S. e Princesa com pavimento superior;
46. Guarda-roupas das Senhoras;
47. Guarda-roupas da Princesa;
48. Camareira-mor;
49. Quartos das criadas;
50. Cozinhas;
51. Cozinhas novas;
52. Quarto das damas com pavimento superior;
53. Jardim das Senhoras.

Legendas dispersas na própria planta: 
Pátio [vários];
Pátio que pertence ao Paço Velho;
Casinha das Senhoras;
Transito da Portaria Particular;
Corpo da Guarda; [anotação de difícil leitura junto ao n.º 52].

A Real Barraca (levantamento da fachada Sul) está assinalada na Vista de Lisboa, 1763,de Bernardo de Caula, n.º 34 da respectiva legenda remissiva." (Biblioteca Nacional)

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