13/10/11

ESCRITOS DA IRMÃ LÚCIA - 13 de Outubro

A pastorinha Lúcia
"Estamos, pois, Ex.mo e Rev. mo. Senhor Bispo, em 13 de Outubro. Neste dia, já V. Ex.ª Rev. ma. sabe tudo o que se passou (23). Desta aparição, as palavras que mais se me agravam no coração foi o pedido da Nossa Santíssima Mãe do Céu:

- Não ofendam mais a Deus Nosso Senhor, que já está muito ofendido.

Que amorosa queixa e que terno pedido! Quem me dera que ele ecoasse pelo mundo fora e que todos os filhos da Santa Mãe do Céu ouvissem o som da Sua Voz!

Tinha-se espalhado o boato que as autoridades haviam decidido fazer explodir uma bomba junto de nós, no momento da aparição. Não concebi, com isso, medo algum; e falando disto a meus primos, dissemos:

- Mas que bom, se nos for concedida a graça de subir dali com Nossa Senhora para o Céu!

No entanto, meus Pais assustaram-se e, pela primeira vez, quiseram acompanhar-me, dizendo:

- Se a minha filha vai morrer, eu quero morrer a seu lado.

Meu Pai levou-me, então, pela mão, até ao local das aparições. mas, desde o momento da aparição, não o voltei mais a ver, até que me encontrei, à noite, no seio da família.

A tarde deste dia passei-a com meus primos, como se fôssemos algum bicho curioso que as multidões procuravam ver e observar! Cheguei à noite verdadeiramente cansada de tantas perguntas e interrogatórios. Estes nem com a noite acabaram. Várias pessoas, por não terem podido interrogar-me, ficaram para o dia seguinte, à espera de vez. Quiseram ainda, algumas, falar-me ao serão; mas eu, vencida pelo cansaço, deixei-me cair no chão a dormir. Graças a Deus, o respeito humano e o amor próprio, em aquela altura, ainda os não conhecia; e, por isso, estava à vontade diante de qualquer pessoa, como se estivesse com meus pais, No dia seguinte, continuaram-se os interrogatórios ou, para melhor dizer, nos dias seguintes, porque, desde então, quase todos os dias iam várias pessoas implorar a protecção da Mãe do Céu à Cova da Iria e todos queriam ver os videntes, fazer-lhes as suas perguntas e rezar com eles o seu Terço. Às vezes, sentia-me tão cansada de tanto repetir o mesmo e de rezar, que procurava um pretexto para me escusar e escapar. Mas essa pobre gente tanto insistia, que eu tinha de fazer um esforço, por vezes não pequeno, para os satisfazer. Repetia, então, a minha oração habitual, no fundo do meu coração: É por Vosso amor, meu Deus, em reparação dos pecados cometidos contra o Imaculado Coração de Maria, pela conservação dos pecados e pelo Santo Padre." ("Memórias da Irmã Lúcia", FÁTIMA, 2000. Pág. 81)

Sem comentários:

TEXTOS ANTERIORES