SAGRAÇÃO DA REAL BASÍLICA DO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS (Basílica da Estrela) III

(continuação da II parte)

III parte

Dia 19 (Quinta-feira):

Por fim na quinta feira 19, feita a militar disposição, como das precedentes vezes, procedeo S. Excellencia a sagrar os dous mencionados Altares com a assistência das Pessoas Reaes. Finalizando nesse dia esta solemne Sagração, teve S. M. a satisfação de ver por este modo concluída a obra da sua mais particular devoção, e cumprindo o voto que havia feito em comum proveito dos seus Estados. Em testeminho de tudo, tem a mesma Senhora determinando render ao Altíssimo as devidas graças em huma solemnissima festividade, que na nova Basílica se há de celebrar a 27 do corrente.

He digno de manção, que a Corte não teve aviso para nenhum dos dias da Sagração: S. M. e A. A. porem, como tinham determinado vir a ella em todos os dias, e se propunham jantar em cada hum deles no Pallacete, que está junto do mesmo Templo, ordenarão a todos os seus criados que lhe assistirão ao menos nos dous primeiros dias. Os Excellentissimos Prelados Sagrantes virão a esta função por aviso, que para isso tiveram, expedido pela Secretaria de Estado dos Negocios do Reino, no qual não se dizia que S. M. lho ordenava, mas que isso seria do seu Real Agrado. A Excellentissima Madre Priora do Mosteiro, cujos judiciosos talentos, altas qualidades, e muitas virtudes não se podem assás explicar, mandou logo agradecer a S. Eminencia, e a SS. Excellencias o trabalho que tiveram nesta função em serviço de Deos, e por quererem condescender com as pias intenções da soberana. O Mosteiro em todas as noites do oitavário, que decorrem desde 15 até 22, por vistosas luminárias: no que se notou huma igual correspondência em muitas partes da cidade: de sorte que bem se pode dizer, que em todo o oitavário, foi geral a festividade, como o he o gosto e prazer de ver consumada huma obra, que entre outras cousas será hum durável monumento do glorioso Reinado da Augustissima Rainha Maria I (1).

Quanto a êste último ponto, da duração do monumento grandioso fundado pela rainha, não há certamente dúvida alguma. Mas o que diremos da apreciação oficial do painel pintado pelas princesas? Adiante o responderá Raczinski.

(continuação, IV parte)