Muito cuidado!
O assunto MODERNISMO vai lentamente desaparecendo dos discursos. Os blogues de católicos que sempre lutaram pela Tradição católica costumavam ter na boca o "modernismo" do qual o Concílio Vaticano II é fruto. Sempre soubemos que o modernismo antecede o concílio e se catapultou por ele. Mas hoje parece ajustar-se o passo com a opinião maioritária dos católicos: o Concílio seria como que uma estaca zero (a.CVII e d.CVII). Parecem ficar para último plano toda aquela fonte do mal, o que significa reforçar o ataque à consequência abandonando-lhe a causa. Muitos dirão, e com alguma razão, que o Concílio Vaticano II é causa de muitos problemas esquecendo que qualquer consequência de uma má causa é naturalmente também uma causa do mesmo mal. Não tardará a generalização da confusão dos modernistas conservadores: o "modernismo" visto como moda recente que, na prática, consistiria na existência de "abusos litúrgicos" por falta de decoro. O ignorar doutrinal em todas estas situações é uma marca modernista (para eles nada é uma questão doutrinal).
Ilusão óptica |
O combate aos "abusos litúrgicos" só serviu para proteger a Nova Missa dos seus próprios efeitos naturais (que artifício). Sempre que surgem são automaticamente rotulados como não naturais, "frutos bastardos" (e tal vai despistando a bastardia da Nova Missa). É uma "guerra" de periferias: combatem efeitos para sem encararem as causas. Já agora, o "abuso litúrgico" é outro artifício: há sim erros litúrgicos, e a fronteira do "abuso" é uma brecha que dá para qualquer extensão...
Roma não quer comprometer-se com o Magistério "pré-conciliar", a estaca ZERO do Concílio V. II serve então aos seus actuais interesses. A discussão sobre o modernismo seria certamente uma discussão perdida para a Roma actual. Uma discussão jurídica sobre a "excomunhão" pretendida a Mons. Lefebvre e D. Castro Mayer (e os restantes 4 Bispos) seria perdida por Roma actual. Portanto, estes são dois casos: um jurídico e outro mais histórico-filosófico, ambos fáceis de demonstrar, mas que estão agora obstaculizados com:
- O decreto de levantamento das excomunhões (canonicamente impossíveis);
- A discussão sobre um Concílio que Roma já tinha considerado meramente pastoral.
Roma descalçou a bota, eliminou as "provas do crime".
Roma sempre soube jogar.
Roma é Roma, nos bons e nos maus tempos.
A ignorância geral sobre estes assuntos tem alimentado o ódio modernista contra verdadeiros sinais da Providência Divina neste últimos tempos, e tem agravado o estado de necessidade na Igreja. Neste momento, nem os menos prudentes podem sustentar já o grande silêncio com base em futurologias que se viram frustradas por Roma dia após dia. Enquanto calámos muito foi acontecendo...
O Summorum Pontificum não pode continuar a ser visto pela metade que agrada. Lembro que o Cardeal Patriarca de Lisboa, pela circular que em 2007 enviou aos sacerdotes sobre a "interpretação" do Summorum Pontificum, recortou o documento e dificultou assim o uso do Missal Romano codificado por S. Pio V. Tudo isso, dizia-se então, era fundamentado com o Motu Proprio (e porquê o Cardeal Patriarca retalhou assim o documento muito se retaliou em Portugal). Por verdade e justiça, honestamente, tal Motu Proprio tem de ser tido (integralmente) para que possa ser interpretado e aplicado, ou rejeitado, ou qualquer coisa. D. Policarpo RECORTOU, DESENHOU, PINTOU, CONTORNOU, COLOU. Também já é hora de assumir que o documento diz coisas muito desagradáveis ao ouvido de qualquer um. Assim, enquanto andamos de olhos postos no Concílio V. II e com a esperanças futurologistas vão-se dando machadadas na Igreja.
É tempo de voltar a olhar a realidade e acabar com o grande silêncio que apenas não mobilizou TODOS os passos de mudança recentes a favor do modernismo e em ruína da Tradição e da Doutrina católicas. Reduzir tudo ao Concílio V. II seria começar pelo fim e acreditar que os assuntos doutrinais (com o consequente assumir do estado de apostasia de Roma) são mais simples e aceitáveis que os meramente jurídicos (o caso das falsas excomunhões). O novel apenas tem duas pontas e apenas por uma se pode desenrolar, mas querer começar pela ponta oposta é uma baralhada maior. Está na hora de acordar e voltar à realidade que durante tantos anos foi estudada e proclamada pelos católicos amigos da Doutrina e da Tradição da Santa Igreja Católica.
Hoje, mais que nunca, é urgente dar a conhecer a "falsa excomunhão" com simples demonstrações do Direito Canónico (com material acessível, curtos audio-visuais por exemplo), e há que sistematizar os estudos sobre o modernismo e criar material simples e didáctico.
Desculpem aqueles leitores que manifestaram preferência por abordagens mais simplistas, mas temas como este não podem ser tratados de forma mais breve.
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