De uma escritura de que consta haver um burgo junto ao mosteiro, e da fundação do Castelo de Guimarães
Castelo de Guimarães |
"1. O traslado da escritura da fundação do Castelo em seu latim bárbaro é o seguinte: Post in multo u tempis pd hunc feries testamentti in et spectu multo [… etc…]
A sentença é esta: Pouco tempo depois que este testamento se confirmou em presença de muitos, os gentios entraram furiosamente no burgo deste nosso mosteiro e antes disso, com o medo deles, edificamos o Castelo chamado S. Mamede no monte latito, lugar sobredito que está encima deste mosteiro e concedemo-lo para sua defesa aos frades, e freiras, que nele moraram de tal maneira que se acontecer que meus filhos, Gonçalo e Oneca, quiserem entrar nele o não possam alhear do mosteiro. E os ditos meus filhos o tenham em sua vida debaixo do seu amparo e protecção. E depois de sua morte o tenha por parte do santo mosteiro qualquer dos seus netos que os frades e freiras elegerem. E se (o que Deus não queira) como já encima dissemos, meus filhos, netos, irmão ou qualquer de minha geração alhear o dito Castelo de modo que seja impedimento ao mosteiro para não usar dele, esta confusão, que de cima vem, venha sobre ele nesta presente vida, e depois de sua morte seja lançado no inferno. E este feito tenha sempre vigor e firmeza. Foi notório aos quatro de Dezembro Era de mil e seis, Mumadona de boa e livre vontade confirmo outra vez este meu voto. Os que fomos presentes e concedemos esta confirmação. Gonçalo Mendes, e os mais acima escritos. Àquela Era responde o ano do senhor 968.
2. Que gentios fossem os que entraram no burgo da Condessa não muito tempo depois de fazer o seu testamento, ou doação, não me consta expressamente, mas no ano do Senhor 965, que são 30 anos depois, Alcoraxi Mouro Rei de Sevilha destruiu Portugal e entrou por Galiza até Compostela assolando tudo, de que trata Vaseo em sua história. E temendo a Condessa estas entradas, e outras muitas que fez Almanzor, se preveniu edificando o Castelo que dotou ao mosteiro para sua defesa depois de entrar Alcoraxi três anos, e é credível que naquela entrada as freiras e frades se salvaram nele."
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