A tradução é minha, o texto é escrito logo após o 25 de Abril de 1974, o autor permanecente incógnito e sobre ele apenas digo que teve de fugir do país para poupar a vida. Este texto foi por ele publicado no estrangeiro, bem longe de sua pátria:
"A praça do Rossio mostrou-nos a cara de António Ribeiro Spínola; foices e martelos pintados em faixas vermelhas, punhos ao alto, activistas das células agit-prop repartindo papelinhos nos que apelavam à luta de classes e à ditadura de proletariado, gritos "viva a Rússia", lemas repetitivos como "povo unido vencerá" e os renovados "Portugal socialista" revelam quais são os ventos que sopraram em Lisboa.
O público pasmado contempla os grupos activistas que marcharam pelas ruas entoando canções de cariz comunista e pedindo o sangue de burgueses.
Numa esquina um tanque militar presencia à distância os agitadores vindos do estrangeiro, como aplaudindo em silêncio sua acção.
Existe um assombroso paralelismo entre o golpe faccioso que derruba o Estado Novo anti-comunista de Portugal e os acontecimentos previstos na toma do poder pelos bolcheviques na Rússia.
A semelhança não é produto de algum cego fluir da história, senão de um plano praticamente decalcado pelo comunismo internacional para apoderar-se de Portugal e entregar as suas províncias do ultramar aos racistas vermelhos da FRELIMO (Frente de Libertação de Moçambique e associados de Angola e da Guiné Portuguesa).
Os próprios comunistas nao ocultam que estão a fazer tudo de forma em que em pouco tempo seja instalado um regime soviético no meu país. Nas ruas de Lisboa organizam-se manifestações semelhantes às que Lenin, ou seja, Vladimir Illich Ulianov Blanck, organizava na Rússia, durante o regime de Alexandre Kerensky e sob o lema de "Abaixo a revolução burguesa! Pela revolução proletária!".
(...) Como se chegou a esta angustiante situação depois de um regime com o salazarista ser demolido? Se isso foi possível, toda a patranha da terrorífica ditadura em que fica?
Como na Rússia do início do século abundam os infiltrados no governo. Entre os generalizado seu exercito até aos nobres e terratenentes havia inimigos acérrimos do regime, que simulavam e fingiam para minar desde dentro num traiçoeiro labor o sistema que cinicamente diziam defender.
Marcelo Caetano é o infiltrado máximo (...) enganando abertamente ao ancião Presidente da República Almirante Thomaz, cuja idade já não lhe permitia exercer efectivamente o poder.
Devemos recordar que o mesmo Oliveira Salazar agiu relativamente a Caetano quando descobriu a sua traição. (...)
(...) Como em São Petesburgo, Lisboa viu-se invadida por uma legião de seres extranhos chegados do exterior, muitos diziam ser jornalistas mas estão-se dedicando actualmente a actividades políticas em ministérios, sindicatos, regimentos, etc...
Às poucas horas do 25 de Abril, os soviets minúsculos de comunistas e socialistas, já controlam jornais, estações de rádio e agências de notícias com a aprovação e apoio de Ribeiro de Spínola.
Os sindicatos de ferroviários, metalúrgicos e têxteis, os maiores em Portugal, foram literalmente assaltados pelas células vermelhas que impuseram o seu poder à força de pistolas e demagogias.
(..) submetidos ao controle terrorista dos vermelhos."
Falta fazer referência à maçonaria, que nos últimos tempos do Estado Novo tinha conseguido deixar de estar proibida em Portugal, e dizer que o actual gão-mestre da Loja do Grande Oriente Lusitano era marxista nesses tempos. Frei Bento Domingues tinha dado estada a um grupo de jovens marxistas activistas, em disfarce de retiro, para os ocultar ao Estado Novo. A participação mais discreta da maçonaria na preparação do golpe do 25 de Abril é tão importante quanto a recuperação da República feita pela mesma maçonaria depois de tal golpe, são uma só operação e não duas.
Viva o 25 de Abril?! Nem um "morra" se pode gritar a quem foi parido morto.
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