16/12/10

STº. AFONSO MARIA DE LIGÓRIO - RESUMOS II

O AMOR de JESUS CRISTO POR NÓS e 
a OBRIGAÇÃO em QUE TEMOS de AMA-LO


Do sermão IV, 4º  Domingo do Advento
O Amor de Jesus Cristo Por Nós e a Obrigação em Que estamos de Ama-Lo

Mote: “E todo o homem verá a salvação de Deus” (Lucas 3.6)


“O Salvador do mundo profetiza pelo profeta Isaías que os homens O verão um dia nesta terra e todo o homem verá a salvação de Deus; Já veio, e nós vimo-Lo, não apenas conversando com os homens, mas também sofrer e morrer por amor de nós. Ficamos portanto hoje a considerar o amor que devemos ter a Jesus Cristo, ao menos por agradecimento do amor que Ele tem para nós. Daí veremos: 1º Quão grande é o amor que Jesus Cristo nos mostrou; 2º Quanto somos obrigados de amá-Lo.”

I
Quão Grade é o Amor que Jesus Cristo nos Mostrou

1.Referindo o que tinha escrito Santo Agostinho, Santo Afonso de Ligório diz-nos que Jesus veio para que o homem conheça a Deus e O ame a tal ponto que:
“… o amor infinito com que nos ama Deus, que se entregou todo por nós, aguentando todas as penas desta vida, a flagelação , a coroa de espinhos, enfim todas as dores e ultrajes que sofreu na sua Paixão, até morrer abandonado no lenho infame da Cruz. Amou-nos e entregou-se a si mesmo por nós (Gal. 2.20)”
2. Uma só gota do seu sangue divino bastariam para nos redimir, ou uma só oração ao Pai, pois elas têm valor infinito por causa da divindade de Jesus Cristo. Bastaria esse valor infinito para salvar mil mundos. Mas Deus procedeu de outra forma. Sempre assim foi ensinado e mostra o exemplo que disto dá São Crisóstomo:
“O que bastaria para redimir não basta ao amor. Para redimir seria suficiente, mas não exprimia o grande amor que tinha por nós. (…)quis não só derramar uma parte do seu sangue mas também derramá-lo inteiramente em muitos tormentos.  É o que significavam as palavras que pronunciou na vigília da sua morte. “Porque isto é o meu sangue, o sangue da nova aliança, que será derramado por muitos… (Mat. 26.28)
Portanto o amor de Deus, manifesto ali pessoalmente pela 2ª Pessoa da Santíssima Trindade, quis amar infinitamente, tanto que “Humilhou-se a si mesmo, feito obediente até morrer na Cruz” (Filipenses 2.8)

3. Sobre a maior prova de amor, que é dar a vida pelos amigos, indaga-nos o Santo Bispo:
“Diga-me, meu estimado leitor, se um dos seus servidores, se um homem o mais vil da terra tivesse feito por vós o que Jesus Cristo fez, morrendo de dor na Cruz, poder-vos-íeis recordar disso e não o amar?”
4 . Transcreve-nos a resposta de São Francisco de Assis, que sempre derramava lágrimas ao pensar na Paixão, quando sobre isto uma vez fora interrogado:
“E o que faz mais chorar, é ver que os homens, pelos quais Ele sofreu tanto, vivem sem se recordarem disso.”
5. Eis o ponto 5 na íntegra, irredutível:
“ Se ainda está a duvidar, ó cristão, se Jesus Cristo te ama ou não, levanta os olhos e contempla-O pregado na Cruz. Ah! Não são demasiado certos estes testemunhos do amor que Ele tem por ti, exclama São Tomás de Vilanova: esta Cruz na qual Ele está pregado, estas dores interiores com que Ele sofre, e esta morte amarga que Ele aguenta por ti? São testemunhos esta Cruz, estas dores , esta amarga morte que por t i sofreu (Conc. 3) Tu não ouves, diz São Bernardo, a voz desta Cruz, destas chagas, que  gritam para te fazer entender que Ele te tinha amado deveras?”
6. Apoiado em São Paulo, diz-nos que não são tanto os padecimentos que por nós sofreu Jesus Cristo mas sim o amor que por nós teve o que deve ser tido por nós em maior conta. O amor de Cristo constrange-nos (II Cor. 5.14). Sita a São Francisco de Sales:
“O saber que Jesus Cristo nos amou ao ponto de por nós sofrer a morte, e morte na Cruz, não nos faz ter o coração no grampo, e faz-nos senti-lo muito comprimido, e faz-nos ter o amor expresso por uma violência tão mais forte quanto mais suave.”
7. Santo Afonso de Ligório explica depois como Jesus Cristo suspirou ansiosamente toda a vida pelo dia em que iria morrer na Cruz por nós. Mostra-nos o que diz o Evangelho e um comentário de Santo Ambrósio a respeito do baptismo de sangue, como por exemplo:
“Eu tenho de ser baptizado num baptismo de sangue; e quão grande é a minha ansiedade, até que ele se conclua”  (Luc. 22.50)
“Tenho desejado ardentemente comer convosco esta Páscoa, antes de sofrer” (Luc. 22.15)
8. Deste ponto copio:
“Nós pregamos Jesus Cristo crucificado, que é escândalo para os judeus e loucura para os gentios (I Cor. 1.23)
“É considerado como insensato o facto do Autor da vida morrer pelos homens.” (São Gregório, Homel. 6)
E concluindo este ponto:
“Daí vem que os santos, considerando o amor de Jesus Cristo, ficavam mudos de estupor. São Francisco de Paulo, ao ver a Cruz, apenas podia exclamar: ´”Ó amor! Ó amor! Ó amor! Ó amor!””
9. Todo este ponto:
“Tendo amado os seus, que estavam no mundo, amou-os até ao extremo (João 13.1). Este Salvador amante não se contentou em nos provar o seu amor morrendo por nós na Cruz; mas chegando ao fim da sua vida, quer ainda por cima deixar-nos a sua carne como alimento das nossas alemãs, e assim unir-se a nós inteiramente, dizendo: Tomais e comei; isto é o meu corpo (Mat. 26.26). Falaremos num outro lugar, mais amplamente, deste novo dom e deste excesso de amor, quando trataremos do Santíssimo Sacramento do altar.”

II
O Quanto Somos Obrigado a Ama-Lo

10. É aberto este ponto com as palavras de São Bernardo:
“Para que é que Deus ama senão para ser amado? O próprio Redentor disse-o primeiro: Eu vim trazer o fogo do amor divino à terra; e que quero eu, senão que ele se acenda? (Luc. 12,49).”
A Igreja reza a oração:

“Nós Vos pedimos Senhor, que Este Espírito nos inflame com este fogo que nosso Senhor Jesus Cristo trouxe à terra e quis ardentemente que se acenda.”

São Afonso recomenda, concluindo o ponto 10:
“Fazei como David: O meu coração inflamou-se dentro de mim no decorrer da minha reflexão, um fogo se ateou. (Salm. 38.4). (…) Fazei cada dia a oração mental, pensando na Paixão de Jesus Cristo, e não deixeis essa meditação até vos sentirdes mais penetrados por esta chama bem-aventurada.”
11. Jesus quis, quer, conquistar-nos totalmente pela sua morte e ressurreição:
“Para ser Senhor dos morto e dos vivos (Rom. 14.9)”
 Não excluiu homem algum que queira aceita-Lo:
“Cristo morreu por todos, a fim de que aqueles que vivem, não vivam mais para si mesmos, mas para Aquele que morreu e ressuscitou por eles. (II Cor. 5.15)”
12. Vai-nos dizendo Santo Afonso de Ligório que para corresponder a este amor de Deus é necessário que um outro Deus morra por Ele, e suspira:
“Ó cúmulo da ingratidão humana! Deus que quis dar a Sua vida para a salvação dos homens, e os homens não querem sequer pensar nisso! (…) São Boaventura diz que as chagas de Jesus Cristo são feridas nos corações mais duros, e inflamação nas almas mais geladas.”

13. e 14. “Termino, meus estimados leitores, exortando-vos a meditar doravante cada dia na paixão de Jesus Cristo; basta para mim que empregueis um quarto de hora. Que cada um de vós procure uma bonita imagem do Crucifixo, coloque-a no seu quarto, e de vez em quanto a beije dizendo: Ó meu Jesus, morrestes por mim e eu não consigo Vos amar! Se um amigo aguenta pelo seu amigo ultraje s, violências e prisões, ele gosta que o seu amigo se lembre disso, que pense nisso e fale disso com gratidão, mas sofre pelo contrário, se o amigo não quer falar disso, nem sequer ouvir falar disso. (…) Aquele que é devoto à Paixão do Senhor, não pode sê-lo, e não ser devoto também às dores de Maria, a Sua Mãe.

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