13/12/10

STº. AFONSO MARIA DE LIGÓRIO - RESUMOS I

DOS MAUS HÁBITOS

Retirei de um sermão de Stº. Afonso Maria de Ligório algumas passagens para proveito de quem aqui as ler. Recorri ao livro "Sermões (editado por "Les Amis de Saint François de Sales) da autoria do mesmo santo Bispo Doutor da Igreja, cujos escritos foram recomendados universalmente como de certíssima e clara doutrina.


Do sermão XX, 2º Domingo da Paixão
Domingo de Ramos 
"O Hábito do Pecado"

Mote: "Ide à aldeia que está defronte de vós, e logo encontrareis presa uma jumenta e o seu jumentinho com ela" (Mateus 21.2)
"[...] São Boaventura explica este trecho: Jumenta presa, designa o pecador; segundo o que diz o sábio, o ímpio é preso e encadeado pelo seu pecado mesmo: O ímpio é presa das suas próprias iniquidades e é ligado com as cadeias dos seus pecados (Prov. 5.22). Ora como Jesus Cristo não podia sentar-se sobre a jumenta enquanto ela estava presa, da mesma maneira não pode demorar numa alma encadeada nos seus pecados. Se portanto, meus caros auditores, encontra-se dentro de vós uma alma encadeada pelo hábito do pecado; que ouça esta palavra do Senhor que lhe é dirigida hoje: Desprendei-a e trazei-ma. (Mateus 21.2). Desata as cadeias do teu pescoço, cativa, filha de Sião (Isaías 52.2). Desprende-te, minha filha, desta corrente do pecado que te torna escrava do demónio, e fá-lo depressa antes que o hábito do mal apodere-se de ti e te impeça de te emendares e te conduza à tua perda eterna. Neste desígnio, vou demonstrar os maus efeitos do hábito do pecado; divido em três pontos o que vou explicar: 1º o hábito cega o espírito, 2º endurece o coração, 3º enfraquece as forças."

I
O Hábito de Pecar Cega o Espírito
1. Stº. Afonso refere-se ao ensinamento de S. Agostinho no que diz respeito ao "pecado habitual":
"O costume não permite ver o mal que os pecadores fazem. O costume de pecar cega os pecadores e impede-os de reparar, quer o mal que fazem, quer a ruína que provocam; vivem então como se nem Deus, nem o Inferno, nem o Céu, nem a eternidade existissem. Os pecados mais horríveis quando são habituais, parecem pequenos ou nulos. Como então a alma poderá evitá-los, quando já não sente a gravidade deles e o mal que eles provocam?"

3. Como trato de resumir, salto o ponto 2, e saltarei o ponto 4, e destaco no ponto 3 a "ideia núcleo":
“[...] Um vaso (de vidro) cheio de terra, não pode receber o raio de sol; assim também a luz de Deus não pode penetrar no coração cheio de vícios, e fazer conhecer o princípio para onde vai cair. [...] Torna-se afinal como os animais, desprovidos de razão, que nada conhecem senão os apetites dos sentidos."



II
O Costume de Pecar Endurece o Coração

5. Além do endurecimento do espírito, o costume de pecar endurece também o coração. E diz-nos Stº Afonso:
“[…] Pelo costume do pecado, o coração torna-se duro como pedra e em vez de ser comovido pelas inspirações da graça, pelas pregações, pelo pensamento da justiça de Deus, as penas do inferno, a paixão de Jesus Cristo, endurece-se ainda mais, tal como a bigorna de baixo dos golpes do martelo.”

6. Transcrevo todo este ponto:
“De que te servem as confissões para um tal pecador, que logo depois recai nas mesmas faltas? Stº Agostinho diz: Quando bates a culpa perante um confessor, e todavia não te emendas, e não evitas as ocasiões de pecado, então não desenraízas os teus vícios, mas tu os fortaleces e os tornas mais vicejantes, quer dizer, mergulhas-te na obstinação. Tal é a vida dos pecadores, passada a percorrer um círculo de iniquidades; se se afastam um pouco, é apenas para voltar na primeira ocasião. É para eles que S. Bernardo prognostica uma danação certa: Ai do homem que segue este círculo (Serm. 12. super Sal.).”

III
O Costume do Pecado Enfraquece a Nossa Força

11. Saltando pontos importantes, detenho-me no 11 por importância acrescida. Transcrevo-o inteiro:
“S. Tomás de Vilanova escreveu que a alma desprovida da graça de Deus não pode ficar longo tempo sem cometer novos pecados (Conc. 4. dom. 4 Quadrag.). E S. Gregório, sobre esta passagem de David: Ó meu Deus, torna-os semelhantes às folhas levadas pelo torvelinho semelhantes à palheira diante do vento (Salm. 82. 14). Vede como a palha é levada pelo menor vento; assim o pecado podia resistir algum tempo, logo que este mau hábito está tomado, deixa-se arrastar pela menor tentação de pecado e cai em queda após queda. Os pecadores de costume, como escreveu S. João Crisóstomo, estão tão fracos contra os ataques do demónio, que muitas vezes são forçados a pecar mesmo contra a sua própria vontade, arrastados pela força do mau hábito: duro é o costume que obriga a cometer coisas ilícitas aos que nem sempre querem. E isso, porque no sentimento do mesmo Santo Agostinho, o hábito de pecar torna-se com o tempo uma necessidade de pecar. Quando não se resiste a um costume, torna-se necessidade.”
“12. São Bernardino de Siena acrescenta que o costume torna-se uma natureza. E desde então o pecado torna-se, para o pecador de hábito, tão necessário como a respiração para a vida do corpo; e o pecador fica totalmente escravo. Eu digo escravo. […] O Homem, perdendo a graça de Deus, não faz o que quer, mas o que o demónio quer.”

13. Transcrevo todo o ponto 14, que é final e conclusivo.
“14. Eis o fim do pecador de hábito. Pecadores, meus irmãos, se vos encontrais nos laços dum hábito culpável, fazei depressa uma confissão geral; porque as vossas até agora não foram boas. Saí prestemente da escravidão do demónio. Ouvi o que vos diz o Espírito Santo: não dês a tua honra a estranhos, nem os teus anos a um cruel (Provérbios 5.9). Porque quereis continuar a servir um mestre tão cruel como o demónio, o vosso inimigo, que vos faz levar uma vida tão miserável, para vos conseguir uma vida ainda pior, no inferno durante toda a eternidade: Lázaro sai fora: sai dessa fossa do pecado; entregai-vos a Deus que vos chama e vos abre os braços para vos abraçar, se voltais aos seus pés: Ah! Tremei, que não seja a última chamada cujo desprezo acarrete a vossa danação." 


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