Transcrevo algumas linhas da obra "História de Portugal, composa em inglês por uma Sociedade de Literatos, trasladada em vulgar com as adicções da versão francesa, e notas do tradutor português, António de Morais Silva, natural do Rio de Janeiro" (Tomo I, Lisboa 1788) e adiciono bastantes comentários que, na verdade, são o desenvolvimento deste artigo. A intenção é mostrar algumas verdades esquecidas para o entendimento de D. Afonso Henriques e da fundação do Reino de Portugal, e mostrar como sempre houve interesses ideológicos em contorcer esta e outras partes da nossa história:
"Portugal, que foi noutro tempo parte da antiga Hispania [Península Ibérica], jacta-se, como muitas outras regiões, de uma antiguidade, que se perde na obscuridade dos tempos. Os autores portugueses querem [crêem], que a sua pátria fosse povoada primeiramente por Tubal [neto de Noé] e pelo sua família, do qual dizem que fundou [ali] uma cidade, à qual pôs seu nome, e que ainda hoje existe com o nome de Setúbal; e têm isto como prova sem réplica daquilo que afirmam. Mas o historiadores espanhóis, não menos orgulhosos de sua origem que os portugueses, replicam esta prova, reclamando o mesmo Tubal como fundador da sua monarquia."
Comentário: Pelo que se vê, Tubal, neto de Noé, é disputado para assentar nele a autoridade das monarquias peninsulares, ou, mais que isso, a prioridade cronológica entre elas. Sempre dissemos isto de Tubal (tradição oral), coisa que espanhóis aceitaram depois também, mas tentando-a em favor próprio (há aceitação desta tradição, e por isso só se disputa a localização da descendência de Tubal na Península Ibérica). Portanto, os autores espanhóis estão longe de ser indiferentes à tradição de Tubal, . A antiguidade, ao estudarmos a fundação do Reino de Portugal e a acção levada por D. Afonso Henriques, é assunto determinante: bastaria que o Pai do Reino tivesse motivos intencionalmente legítimos, apoiados na antiguidade patriarcal, para que a honestidade dos historiadores não possa chamar "rebelde" ao nosso Rei.]
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