22/07/14

A VERDADEIRA NOBREZA (I)

A
VERDADEIRA NOBREZA,
Por António de Pinho da Costa, o moço,
Cavaleiro Professo do hábito de Cristo
DILIGES DOMINUM DEUM TUUM ... (Mat. 22)

LISBOA

Licenças

Vi, por mandado dos senhores do Conselho geral do Santo Ofício, este livro, que tem por título: "A Verdadeira Nobreza, por António de de Pinho da Costa, o moço, Cavaleiro professo do hábito de Christo em Cochim, ano de 1651" não tem coisa contra nossa santa Fé e bons costumes: antes o dito livro é douto, e pio, e fala o autor com fundamento, como versado nas divinas Escrituras, e lição dos Doutores sagrados. Pelo que me parece, que será de muita edificação, e proveito. Em S. Domingos de Lisboa, 12 de Janeiro de 1655. Fr. Agostinho de Cordes.

Vi este livro, cujo título é "A Verdadeira Nobreza, por António de de Pinho da Costa, o moço, Cavaleiro professo do hábito de Christ" não tem coisa alguma contra a nossa santa Fé, ou bons costumes. Lisboa no Convento da Santíssima trindade, em 20 de Janeiro de 1655. Doutor Fr. Adrião Pedro.

Vistas as informações pode-se imprimir este livro intitulado "A Verdadeira Nobreza", autor António de Pinho da Costa, e depois de impresso tornará ao Conselho para se conferir com o original, e se dar licença para correr, e se ela não correrá. Lisboa 21 de Janeiro de 1655. Pedro da Silva de Faria, Pantaleão Rodrigues Pacheco, Diogo de Sousa, Fr. Pedro de Magalhães.

Pode-se imprimir. Lisboa 28 de Janeiro de 1655. O Bispo de Targa.

Que se possa imprimir este livro, vistas as licenças do S. ofício, e Ordinário, e não correrá sem tornar ao Dezembargo do paço para se taxar. Lisboa, 13 de Fevereiro de 1655. D.P.P. Cazado.  Pacheco. Almeida.


SONETO
Em Louvor Deste Livro

Em vão me desvelei por vos louvar
Vendo as partes gentis de que gozais,
Te por elas ao mundo publicais
As graças de que o Céu vos quis dotar.

Aqui mui bem se vê que tem lugar
A muita erudição que a todos dais,
pois por termos tão doutos ensinais
Caminho para o Céu tão singular.

Louvasse o livro assim, que eu bem conheço
O tesouro que nele se descobre,
Cujo valor tão raro ninguém viu.

Que um bem de tal valia, e tanto preço
Para salvar-se um homem com ser nobre
Só António de Pinho descobriu.

SONETO
Do Padre Nicolau Freire
em louvor deste livro.

Que douto Píndaro, que flaco venucino,
Plinia da nobreza eloquentes
Cantando nesta lira docemente
Está mostrando, o metro ser divino,

Este, remoto deixa o do latino
E do grão Lusitano eminente
Neste pego, de tão nímia corrente
Quase afogada palhas, perde o tino:

Das flores de Aganipe, uma capela
Podeis tecendo estar com tal valia,
Que todo Olimpo espante só com vê-la,

Para este Orfeu, cuja citara encanta,
Com este contraponto, e harmonia
A verdadeira nobreza cara, e santa.

SONETO
do Padre António de Pinho
Vigário de Nossa Senhora da Graça

Arte de polícia ao cortesão,
Norma de cortesia ao mais ciente,
Traslado de eloquência ao eloquente,
o Pinho a todos dais com discrição:

Neste raro painel de tal feição,
ides enfim mostrando à nobre gente
O mais rico vergel, mais excelente,
De quantos pinta a terra no verão.

E dele colheremos todos flores,
Para vos ir tecendo mil capelas,
Imaginadas não, mas verdadeiras;

Nelas tereis as rosas de louvores,
Umas oir vossas raras partes belas,
Outras porque vós dois por derradeiras.

Ao Excelentíssimo Senhor D. Vasco da Gama, Marquês de Nisa, Conde da Vidigueira, Almirante da Índia.

Querer eu resumir em tão poucas letras as admiráveis virtudes, e heróicos feitos de V. Excelência, assim nas embaixadas, que administrou, como no mais, seria sustentar sobre meus fracos ombros o que eles não sofrem: pois as prodigiosas, e quase milagrosas façanhas, e insignes progressos dos Progenitores de V. Excelência, são mais para a admiração, que para a pena. Com que me resolvo a falar antes com o que não posso acabar, que principiar falando, o que todo o mundo venera, e minha rudez não alcança, bem que a vontade de servir a V. Excelência, é tal que se igualará à posse incomparável. Com ela ofereço a V. Excelência estas primícias de minhas lições, por parto primeiro de meus estudos se lhe podem revelar as faltas; por ir debaixo do patrocínio de V. Excelência (que de tão longe busco) se livrará de calúnias. Não considere V. Excelência minha humildade, senão sua grandeza, que quanto maior for, maior obrigação tem de favorecer aos que menos podem. Quanto V. Excelência se vir mais desocupado doutros negócios superiores, ponha os olhos neste volume, nele verá retratadas suas virtudes, e quisera eu trabalhar toda minha vida por contentar a V. Excelência uma só hora. Guarde Deus a V. Excelência.

Criado de V. Excelência, António de Pinho da Costa.

(continuação, II parte)

Sem comentários:

TEXTOS ANTERIORES