PRÓLOGO
Com grande diligência, e cuidado se trabalhou neste livro; queira Deus que logre algum acerto; sai hoje ao público teatro do mundo; onde cada um vota segundo sua inclinação, e entendimento; não pode contentar a todos: só peço ao benigno, e douto leitor, que lhe emende as faltas que nele achar com ânimo sincero, e desapaixonado, com que ficará corrigido, e eu avisado, advertindo que tudo o que ele contém se sujeita à correcção da Santa madre Igreja Católica Romana, cujo obediente filho sou.
PREFACÇÃO DO QUE SE CONTEM NESTA OBRA
Supondo eu que é certo, como é, não consistir em outra coisa a verdadeira nobreza de um homem, que em viver virtuosamente; tomo por principal fundamento desta obra o amor de Deus, como firme alicerce da vida Cristã, e fonte donde dimanam as caudalosas ribeiras de excelentes virtudes: com que divido este volume em três livros. No primeiro trato com a brevidade que levo em todos, e por maior, do que pertence à Religião Cristã, que sempre tem o primeiro lugar em tudo, por capítulos distintos, para que instruído um homem nela, e obrando conforme a isso vá adquirindo o mais, que nos seguintes se aponta. No segundo se fala das três virtudes Cardeais, Justiça, Prudência, e Fortaleza, e das que a elas se reduzem. E no terceiro se declaram a virtude da temperança, e as outras da sua jurisdição; ainda que algumas não vão postas por sua ordem no lugar que lhe pertencia; com tudo as fui pondo em outros, porque me pareceu, ficaram nelas acomodadas, e lhes cabiam melhor para o meu intento; como se vê que depois de se declarar a preciosa virtudes da Castidade, e dizer-se dos prejuízos da torpeza, ponho logo o capítulo seguinte do Matrimónio, segundo o parecer do Apóstolo, que melhor é casar-se, que abraçar segundo que vou discorrendo por tudo o que pertence à obrigação de um pai de família, e à sua dela; acabo com as duas virtudes da humildade, e amor do próximo; aquela com tão necessária para tudo, e esta para remate de todo este edifício, como o verdadeiro Mestre Cristo Redentor Nosso disse por S. Mateus: "In his duobus mandatis [?]versa lex pendet, et Prophetae.". Com isto se dá o fim, e conclusão a este meu trabalho, o qual com seu autor humildemente se submete à correcção da S. madre Igreja Católica Romana.
PREFACÇÃO DO QUE SE CONTEM NESTA OBRA
Supondo eu que é certo, como é, não consistir em outra coisa a verdadeira nobreza de um homem, que em viver virtuosamente; tomo por principal fundamento desta obra o amor de Deus, como firme alicerce da vida Cristã, e fonte donde dimanam as caudalosas ribeiras de excelentes virtudes: com que divido este volume em três livros. No primeiro trato com a brevidade que levo em todos, e por maior, do que pertence à Religião Cristã, que sempre tem o primeiro lugar em tudo, por capítulos distintos, para que instruído um homem nela, e obrando conforme a isso vá adquirindo o mais, que nos seguintes se aponta. No segundo se fala das três virtudes Cardeais, Justiça, Prudência, e Fortaleza, e das que a elas se reduzem. E no terceiro se declaram a virtude da temperança, e as outras da sua jurisdição; ainda que algumas não vão postas por sua ordem no lugar que lhe pertencia; com tudo as fui pondo em outros, porque me pareceu, ficaram nelas acomodadas, e lhes cabiam melhor para o meu intento; como se vê que depois de se declarar a preciosa virtudes da Castidade, e dizer-se dos prejuízos da torpeza, ponho logo o capítulo seguinte do Matrimónio, segundo o parecer do Apóstolo, que melhor é casar-se, que abraçar segundo que vou discorrendo por tudo o que pertence à obrigação de um pai de família, e à sua dela; acabo com as duas virtudes da humildade, e amor do próximo; aquela com tão necessária para tudo, e esta para remate de todo este edifício, como o verdadeiro Mestre Cristo Redentor Nosso disse por S. Mateus: "In his duobus mandatis [?]versa lex pendet, et Prophetae.". Com isto se dá o fim, e conclusão a este meu trabalho, o qual com seu autor humildemente se submete à correcção da S. madre Igreja Católica Romana.
LIVRO I
DA VERDADEIRA NOBREZA
DA VERDADEIRA NOBREZA
Capítulo I
Da Fé Católica
Da Fé Católica
Os Artigos, e mistérios da nossa santa Fé Católica, todos os fiéis em chegando aos anos de discrição estão obrigados a saber uns clara e distintamente, e outros em comum, como a Santa igreja Católica Romana os confessa, da maneira que se contêm no Credo: que é a porta da casa onde mora Deus, dizem Eusébio e S. Cirilo Alexandrino, para cuja confirmação trás S. Pedro Crisologo aquele verio de David, Introite portas eius in confessione. Depois da ascensão do Senhor (como afirmam muitos Santos) ajuntando-se os Apóstolos para dividir as províncias do mundo, onde cada um havia de prégar, para que todos publicassem uma mesma confissão, e fossem a uma, compuseram entre si o Símbolo que chamamos "Credo": no qual está cifrada toda a substância de nossa Religião que dividido em pontos mais ao largo se dizem "Artigos da Fé", como ensina S. Paulo, é substância das coisas que se devem esperar, e argumento das que não se vêm. Explica Sto. Anselmo estas palavras, dizendo, que substância é o mesmo que fundamento, e argumento uma luz com que se manifestam mistérios escondidos, que por lume natural se não podiam conhecer. Basta a todo o fiel render seu juízo ao da Santa Madre Igreja, sem se dar a escodrinhar segredos de Deus, nem por-se em argumentos, e subtilezas impertinentes. Vindo a Arca do Testamento da terra dos Filisteus, e chegando à dos Betsamitas quiseram eles olhar com atrevida curiosidade o que nela estava, pelo que matou Deus setenta varões principais, e cinquenta mil homens. Sirva-lhe isto de aviso, e escarmento para com vã curiosidade de não escodrinhar com razão humana as coisas que vão sobre toda a razão. Quando algum dos discípulos de Pitágoras referia alguma das opiniões que aprendera, se lhe perguntavam, como era aquilo, não dava outra resposta senão: "Nosso Mestre o ensina assim". Se esta reverência se tinha a um homem cheio de mil ignorâncias quanta maior se deve a um eterno Deus, sabedoria infinita, e verdade imensa? Basta-nos sua autoridade para confirmação dos mistérios que a Fé nos ensina: ele é o princípio donde ela nasce; ao que devemos abaixar as asas do nosso entendimento, como o faziam aqueles animais, que viu o Profeta Ezequiel, quando soava a voz do Céu. Se bem os que olham as grandezas de Deus com humilde sentimento delas, como homem de razão, sujeitando seu entendimento às traças divinas, causam-lhes contentamento, saúde, e vida. Bem-aventurados os que não viram, e acreditaram, disse Cristo por S. João, descobrindo ele aos homens muitas coisas que excediam todo o entendimento humano; e porque sua publicação não fosse em balde, nem o homem se fizesse tão em jejum delas, como se as não tivera ouvido, ajudou-os a Divina Majestade com o dom da Fé para crê-las, que é uma virtude sobrenatural, plantada na alma pela mão do mesmo Deus. Quem crê em Mim, disse o Salvador do mundo, não crê em Mim, mas naquele que Me há mandado, porque com a Fé penetramos até as coisas invisíveis de Deus; e em outro lugar: Quem crê em Mim, sairão de seu ventre rios de água viva; o que declara o Evangelista dizendo do Espírito disse, que aqueles que crescem Nele haviam de receber. E a Fé a primeira luz do mundo espiritual, como a outra que criou Deus no princípio do material. É a coluna de fogo, que de noite alumiava ao povo de Deus pelo deserto, e de dia sendo a mesma (segundo Philo Hebreo) lhe servia de sombra, e nuvem. E o primeiro grão de bem-aventurança: de sorte que todos devemos crer o que ela nos ensina, sem outra curiosa inquirição de como é. E por haver faltado a este firmíssimo fundamento estão arruinados os Reinos de Inglaterra, Alemanha, e Flandres, e alguma parte do de França, e os antigos solares de África, e Ásia, e Grécia. E nós com este fundamento e lume daremos princípio a este livro, começando com o amor e temor de Deus; que são as duas colunas de formosíssimo metal, que Hyran famoso artífice lavrou para o grande Salomão, e a suma felicidade do homem, e sua verdadeira nobreza.
(continuação, III parte)
(continuação, III parte)
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