02/04/19

O MASTIGÓFORO - ("Filosofia")

Pigault Le Brun

Filosofia
- A sua definição obvia - Amor da sabedoria, encerra o seu maior elogio, e neste sentido até o Cristianismo se pode chamar a verdadeira filosofia. Que arma esta, quando tem a fortuna de ser manejada pelos Filósofos S. Justino Mártir, São Clemente de Alexandria, Orígenes e Atenágoras, ou chegando-me para os nossos dias, quando aparece um de Luc examinando as montanhas do Universo, e pulverizando as absurdas hipóteses dos modernos sobre a formação do globo terráqueo!! Porém que triste e apoucada é a Filosofia no sentido Maçónico! Tem sido a mola real de todas as conspirações e rebeliões dos séc. XVIII e XIX, e a comitiva do homem de Ferney, em todos os seus tiros ao Cristianismo, teve sempre como divisa a Filosofia - e não é por aí um punhado de escritores, é uma nuvem deles pouco menor que o exército de Xerxes, que defende a Tese: A FILOSOFIA FOI A PRINCIPA AUTORA DA REVOLUÇÃO FRANCESA. Quem não quer ser lobo não lhe vista a pele. Ser Filósofo no sentido que lhe impingem os Mações seus camaradas, é ter uma carta patente para zombar dos Mistérios Divinos, e propagar o funesto princípio de que a nossa razão, é o Juiz Supremo e único a quem devemos atender, e respeitar! Ser filósofo à moda de Alfieri, que para isso foi citado cum laude nas conferências das necessidades, é ver em todos os reis uns déspotas, e uns tiranos, e em todos os povos, uns infelizes manietados ao carro da servidão, e da arbitrariedade! Nunca me admirei que tais Filósofos, tendo como sempre tem, péssimos costumes (senão haja vista ao que o coitado Alfieri escreve de si, e dos últimos anos do bêbado Thomaz Paine) mordam o freio e queiram sacudir o peso de todas as obrigações Cristãs, e sociais o que me admira, é que tais homens contem ainda neste reino sequazes, e defensores! Estejam porém certos e descansados, que por mais que trabalhem, e forcejem tudo será perdido. Virão ao mundo filósofos de primeira ordem quais foram Pitágoras, Sócrates, Platão, e Aristóteles, formaram seitas fizeram seus prosélitos, porém não consta que chegassem a atrair para o seu partido, uma Cidade, uma povoação notável! Saem por esse mundo fora doze pescadores, sem valias, sem Distintivos honoríficos, sem dinheiros, ou qualquer outro dos meios humanos, prégam, e convertem o mundo ! A filosofia opõem-se de dia, e de noite aos seus progressos, e auxiliada com o poderio dos Césares não depõem as armas por espaço de 400 anos, porém cede a final, e não contra senão perdas, e derrotas. Se torna a levantar cabeça no séc. XVI, e a aparecer em nossos dias tão medonha como se ostentara nos primeiros séculos, há de ser igualmente rechaçada, e agora no ponto em que escrevo, eu posso afirmar sem temeridade, que já perdeu os seus últimos entrincheiramentos, e que tarde recobrará forças para segundar este derradeiro ataque…. É um rizo vê-la agora descansar ora nos Sarcasmos e facecias do monstro Pigault Le Brun, ora nos delírios de Volney, ora nas visões Astronómicas de Dupuis, e por outra parte é coisa bem de lastimar, que vendo-se acossada de todas as nações da Europa, e querendo ter abrigo neste reino, achasse um grande número de papalvos e sandeus que se alegrarão da sua visita, e já se congratulavam dos seus triunfos!! Depois que a Filosofia está convencida de perturbadora da ordem social, de ser o inverso da Cínica desprezadora dos bens e riquezas do mundo, e de ser inimiga do Cristianismo, é loucura embutirem-nos ainda as suas prendas e quererem persuadir-nos que toda a pessoa, que conhecer os gafanhotos, e as borboletas, as plantas Diganias ou Reyptogamias e as pedras calcárias está habituada para governar o mundo! Recairei para outra vez nos planos conservadores ou mantenedores da Filosofia no trono das ciências; que vinham com pés de lã para se introduzirem neste reino como se lhe ignorássemos as suas habilidades na revolução Francesa!

(índice da obra)

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