06/06/16

Breve Reflexão - PORTUGAL, E UM MODELO RELIGIOSO


Pergunta-se: como Portugal (cristão) lidou sempre com os grupos religiosos diferentes?!

Resposta: tolerando-os a existir em "modo privado", sendo a esperança de conversão o motivo da tolerância dada.

Os autores espanhóis, os da hispanidad, não aceitam este modelo, porque seguem outra tradição, segundo a qual o território não pode ter inimigos da fé, tal seria ofensa grave a Deus. Esta posição não nos interessa para já, por parecer-nos mais "emotiva", e porque as consequências da sua aplicação integral, e incondicionalmente, levariam até a contradições várias.

Portugal sempre optou por tolerar as comunidades religiosas, mediante certas condições, por proximidade facilitando mais o caminho da conversão, e sempre tendo-as como estrangeiras. Estas comunidades tinham as suas leis internas, os seus tribunais, o seu local de culto, mas tudo em privado. Apenas em grandes questões, no caso de confronto entre um membro da comunidade e um português, havia um representante régio mediador.

Os muçulmanos e os judeus, portanto, existiram em Portugal, não como portugueses, mas como estrangeiros. Os seus templos eram permitidos, desde que privadamente, sem "porta aberta", o mesmo para os seus juízos, suas crenças, seu culto. Evidentemente, tinham autorização régia para falar do seus deuses, e até contra os cristãos, mas na condição de ser em privado. Publicamente, a difusão de ideias e sinais não cristãos, eram severamente punidas. As comunidades aceitavam estas condições de vida, como imigrantes ad tempus (... bem longo).

Ora, há poucos anos, a República-em-Portugal aprovou atribuir nacionalidade a descendentes destes mesmos judeus e mouros. Na verdade, olhando para a nossa longa história, as leis de Portugal sempre tinham sido claras quanto à condição de estrangeiro dos não cristãos. Tal demonstra que nunca Portugal colocou a questão geográfica como factor único de se ser ou não português. Também nos restantes países da Europa, ser católico (e incluindo depois os cismas) era sempre foi uma qualidade sem a qual é impossível verdadeira pertença.

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