(continuação da VI parte)
SANS-CULOTTES – É o mesmo que sem calções. Nasceram com a Revolução, e de repente se viram ditos e feitos os mais excelentes patriotas, os mais insignes assassinos, e os mais famosos ladrões, incendiários, espiões, e caluniadores. É coisa decidida entre eles, que todos devem habitar magníficos palácios, andar em coches, e mandar os outros com imperio e autoridade. Sem se saber como, tem desaparecido da História Republicana estes Figurões. Talvez seja, por se terem feito mais famosos debaixo de outro nome, cousa não desusada na História e Nomenclatura Democrática. Porém seja como for, o certo é que ainda têm posta a pontaria ao mando, aos palácios, e aos coches. Para conseguir tudo isto não basta ser um Sem-calções, é necessário também ser um Sem-Religião, um Sem-consciência, um Sem-pudor, e um completo, e consumado tunante! Que lástima! ser esta a única cousa que falta aos Sans-culottes!...
SANS-CULOTTES – É o mesmo que sem calções. Nasceram com a Revolução, e de repente se viram ditos e feitos os mais excelentes patriotas, os mais insignes assassinos, e os mais famosos ladrões, incendiários, espiões, e caluniadores. É coisa decidida entre eles, que todos devem habitar magníficos palácios, andar em coches, e mandar os outros com imperio e autoridade. Sem se saber como, tem desaparecido da História Republicana estes Figurões. Talvez seja, por se terem feito mais famosos debaixo de outro nome, cousa não desusada na História e Nomenclatura Democrática. Porém seja como for, o certo é que ainda têm posta a pontaria ao mando, aos palácios, e aos coches. Para conseguir tudo isto não basta ser um Sem-calções, é necessário também ser um Sem-Religião, um Sem-consciência, um Sem-pudor, e um completo, e consumado tunante! Que lástima! ser esta a única cousa que falta aos Sans-culottes!...
(*
Também tivemos os nossos Sans-culottes, a que se chamava o respeitável Público,
que aparecia nas Galerias aprovando, ou desaprovando conforme se lhe dava ao registo; que gritava nas praças, que proclamava os Governos, que vociferava nos cafés, que aplaudia os Sermões Constitucionais que conduzia em triunfo o
Juiz do Povo, que transportava a figura da Fé no meio de apupadas, que
apedrejava e cobria de impropérios os Prelados, e Ministros da Igreja, e que na
célebre archotada quis dirigir os Negócios do Estado, pedindo Generais, e
Ministros, que eram convenientes à baixa Maçonaria, mas que a Aristocracia
Maçónica não admitia. Só lhes faltou o gostinho de empunharem o Timão da Nau do
Estado.) Do Tr.
ALARMISTA
– Assim chamam os Democráticos aos que descobrem suas maranhas, ou contam suas
derrotas. Todos os Democráticos são homens de benéfica e santa intenção, e
todos são mais invencíveis em sua fantasia, que foi D. Quixote em suas empresas. É por isso que apenas pensão em algum desastre os revês da fortuna,
(que tantas vezes lhe tem sido adversa) imediatamente se deve gritar: Santo,
saudável! E ainda quando hajam recebido mais pauladas que o Herói da Mancha,
todos devem levantar a voz, e dizer: Victoria
para os Democráticos. E aquele, que assim não o faz, é declarado
imediatamente Alarmista, que vale o mesmo que ser condenado a prisão, e fuzilatura.
(*
Atendam bem os Portugueses a este modo de proceder dos Liberais sempre uniforme, sempre o mesmíssimo: morrem de fome, e de
desespero nos rochedos da Terceira [Ilha Terceira] os foragidos Portuenses, mas veem o Paquete Português, e instantemente com umas caras deslavadas nos dizem: "há uma fartura
imensa, nada falta, etc.: descompõe-se, desafiam-se, jogam ao soco uns com
outros, Palmela com Saldanha, Villa Flor com Taipa, etc. etc.," mas chega a
mala: "que unidade!" (dizem) que firmeza! Que constância em suportar trabalhos! Que harmonia! Parece um paraíso aquela
vivenda..... Sofrem enxovalhos, grosserias daqueles Israelitas sórdidos
Cambiadores de Londres, que só lhes olham para as mãos a ver se trazem algum diamante; mas chega o Novo Precursor Português — que empréstimos!
Que milhões! Dinheiro a rodo, já se compram Naus, e Fragatas, milhares de Suíços marcham ás ordens de um General tão aguerrido, e desinteressado, que
deixa Coroas e Sceptros para sustentar a espada! ..... já sulcam os mares
formidáveis lenhos pejados de braços, e canhões, saem das Dunas, tocam em
Brest, aportam do Império Insultar, ameaçam Lisboa, costeiam o Algarve, bloqueiam
o Porto, insta por momentos o dia afortunado, em que o grande Milionário, insta
por momentos o dia afortunado, em que o grande Militar diga como César: Veni, vidi, vici.... Quem poderá ser
insensível a esta fanfarronada, que não desate uma gargalhada de riso?!
Empresas militares por mar e terra, exércitos marchando, esquadras velejando,
etc. mas o Constitucional, Periódico
infalível, porque o órgão do Ministério Perrier, diz-nos que o novo Quixote
Brasiliense (Português não, porque ele
mesmo disse que a sua pátria era o Brasil) acabava de sofrer uma incivilidade
do Cidadão Picador pertencente à família do Cidadão Rei Luís Filipe! .... risum teneatis amici?....Aprendam
daqui os Portugueses a entender o seu dialeto, e as suas visagens. Quando
mudos e sombrios, temam-nos: alguma andam eles armando: quando fanfarrões e
notificadores, olhem-lhe para as caras, e nelas, apesar de estranhados, e
incapazes de lhes assoma a côr ao cor, (a não ser por borracheira, em que são
eminentes!) lerão o contrario do que dizem; o cunho da perfídia, e da mentira é o que se descobre naquelas frontes, em que sem duvida se não divida – o Signa Tau – (que é o Sinal de Cristão.) Se hoje Descartes compusesse o seu Tratado de Fisionomias, teria
que acrescentar uma nova categoria; e não sei que pudesse achar um símbolo em
o reino animal para indicar um Pedreiro malvado, incorrigível, e embusteiro,
senão o da onça suspensa nas árvores para surpreender os viandantes incautos, o
do lobo vestidos de pele de ovelha para a seu salvo dilacerar um rebanho inteiro; ou o da raposa, que se finge de morta depois da
barriga cheia, para escapar à morte, mas que logo depois começa a imitar as
cantigas do galo, para atrair, e
devorar as galinhas. Quantas destas onças suspensas nas árvores das
Dignidades!... quantos destes lobos mais mansos que um cordeiro no meio dos
Vassalos fiéis! ... e quantas destas zorras malhadiças [maçónicas]
e matreiras se não vêm deitadas por
terra, que parece não respiram, mas sujo ventre está impando com o sangue
inocente!...e outras entoando a linguagem realista, para seduzir incautos, e
a seu salvo segurarem a preza?!) D. Tr.
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