(continuação da V parte)
FLOREAL, FRUCTIDOR, etc. – A confusão da
língua tem chegado ao ponto de não se entenderem os mesmos Revolucionários
Republicanos no modo de contar os tempos. Sem dúvida a causa desta
obscuridade e confusão foi o gostinho, que tomaram ao setembrizar, e que os
excitou a setembrizar todo o ano, meses e semanas. Suas verdadeiras vistas,
sem embargo, são setembrizar a Religião e suas Festas.
MUNICIPALIDADE
– Segundo o puríssimo anagrama quer dizer: Capi
mal uniti, cabeças mal unidas. Como quer que seja, ou o anagrama tenha sido
formado do vocábulo, ou este do anagrama, o certo é que a Europa não há visto
outras Municipalidades que capi mal uniti, cabeças mal unidas, e unidas para o
mal. Para que se veja que nem ainda a etimologia dos vocábulos republicanos se
deve desprezar.
ORGANIZAR – Significa roubar por princípios, e dispor uma Nação para que seja saqueada
com o método.
(* Bem organizado foi o nosso Portugal com acréscimo espantoso da divida
publica; com os Títulos desta divida, que na mente dos Regeneradores
foram preparados para com eles se comprarem os bens dos Frades, que bem
depressa iriam à praça, porque eram bens da Nação; e comprados com estes
Títulos, ficavam os Frades sem propriedades, o Estado sem dinheiro, e
eles senhores de tudo sem nada lhes custarem, ou uma ridicularia, que
era a quinta parte do seu valor. Bem organizado ficou o nosso Portugal
com dois empréstimos consideráveis, cujos resultados são diminuir
consideravelmente os rendimentos do Erário, que se aplicam para a
quinta Caixa. Isto é organizar, segundo a linguagem republicana: bela organização!... Quem os não conhecer que os compre.) D. Tr.
Jacobinos |
FRATERNIZAR: AMOR FRATERNO, ABRAÇOS FRATERNOS, ÓSCULOS FRATERNOS, etc. - A verdadeira, genuína, e autêntica explicação destes termos antonomásticos, genuína, e autêntica explicação destes termos antonomásticos foi dada no dia 18 de Março de 1794 na Convenção Nacional. O Club dos Cordilheiros estava em rotura com os Jacobinos; mandaram estes uma Deputação para concertar o negócio; convieram os Cordilheiros: Fraternizou-se, houve uma inundação de beijos, e de abraços fraternos: no dia seguinte foram presos os chefes dos Cordilheiros, e guilhotinados prontamente. Maravilhado disto um que não entendia a língua, perguntou: como é isto?! Ontem beijos, e abraços, e hoje guilhotina!!.. Mas respondeu-se-lhe concisamente: este é o verdadeiro fraternizar. Hoje beijos, e abraços, e amanhã um punhal, que te vare o coração. Oh! quão fraternalmente beijada, e abraçada tem sido a desventurada Itália!
(* Um facto semelhante a este foi a rotura, que houve em Lisboa, entre a Loja do Grande Oriente, e a da Regeneração, cujo Manifesto corre impresso; e um monumento é este não só da existência dos Mações reunidos, e arregimentados obrando debaixo de plano, mas de que são eles os únicos autores, mestres, e directores de todas as nossas desgraças.... o que só faltou em Lisboa para se copiar o modelo de Paris foi a guilhotina; mas não tardaria este flagelo de humanidade para acabar de fraternizar a nossa desventurada Lusitânia, se acaso a Providência não tivesse marcado os limites à Revolução, além dos quais lhe não seria lícito avançar os seus passos, e se lhe não tivesse intimado, como no começo dos dias ordenou às tumultuosas ondas do Oceano: Usque huc venies, et non procedes amplius. Viva Deus, que suscitou o Nosso Amado Soberano o Senhor D. MIGUEL I para ser a confusão dos Mações, o terror da impiedade, o vingador da Justiça, o defensor da Religião, o Modelo dos Reis, o Pai dos seus Povos, e um Novo David, a cujos pés caiu rendido o soberbo Golias Revolucionário, e que saberá ainda vencer as maquinações de um reprovado Saúl.) D. Tr.
(continuação, VII parte)
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