13/04/15

OS BONS COSTUMES - CONTRIBUTO PARA O SEU ESTUDO (VI)

(continuação da IV parte)

Agiológio Lusitano
Jorge Cardoso
(Tomo IV)
(1652)

"(...) É certo que este Prelado soube ser de tão santos costumes, que fazem venerável a sua memória." (pág. 104)

"I. Neste dia, na Sé Primacial do Oriente, o Aniversário de seu virtuoso Arcebispo D. Fr. Mateus de Medina, que depois de ter professado nos Claustros do Real Convento de Tomar a Ordem de Cristo, mereceu pelo seu exemplo, letras, e virtude, ser assumpto aos Bispado de Cochim, onde com zelo Apostólico se empregou todo no bem das suas ovelhas, ensinando, com tal ardor, que pela sua voz receberam muitas almas a luz de garça, de que andavam esquecidos, apartados, numa abominável vida. Depois de governar nove anos esta Igreja, com geral satisfação, foi promovido à alta Dignidade de Primaz do Oriente; mas não pode a grandeza da Dignidade mudar os santos costumes; mas antes se fizeram mais públicos aos olhos da nobreza de Goa, com respeito à sua virtude." (pág 352)

"G. Consta, que Lisboa foi Pátria da Madre Sor Madalena de Cristo, e seus pais Francisco Mendes, e Juliana das Neves; nasceu em dia da Expectação, e por isso se chamou Esperança, antes de entrar na Religião [entenda-se "Ordem Religiosa"]. Não tinha mais de treze anos, quando entrou neste Mosteiro. Foi entendida, e prudente, e de mui débeis forças, que fizeram ainda mais atenuadas o rigor da austera vida desta Casa. As Preladas, que conheciam a sua compleição não ser para trabalho grande, a ocupavam em bordar, e coser. Não tinha mais, que quarenta e um ano de idade, quando a elegeram em Prelada: tais eram os seus santos costumes, e neste ofício permanecera largos anos, se ela não pedira a Deus que lhe tirasse a vida, visto a não quererem absolver do lugar. Morreu neste dia, no ano de 1700, segundo a Relação autêntica, que já temos alegado." (pág. 512)


Primeira Parte Das Chronicas dos Reis de Portugal ..
Duarte Nunes Leão
(1615)

"Entre os estrangeiros, que na tomada de Lisboa se acharam, foi um Alemão de nome Henrique, homem de bons e santos costumes, natural de Bona vila quatro lagoas de Colónia pelo rio Reno acima, o qual morrendo naquele grande combate, pelo qual quase se tomou a cidade, foi enterrado na igreja de S. Vicente, na qual se enterravam os portugueses, que morriam nos combates, sem embargo se der Alemão, cujos companheiros se enterravam em Nossa Senhora dos Mártires, por causa que não sabemos, pelo qual se viram fazer muitos evidentes milagres, de que um foi, que vindo naquela frota dos estrangeiros dois homens surdos e mudos de nascença, que bem conheciam aquele cavalheiro Henrique, vieram com grande devoção um dia a sua sepultura, e se deitaram junto com ele, pedindo-lhe com grande devoção, que pelos seus merecimentos lhes impetrasse de Deus misericórdia, para aquela sua enfermidade. (...)" (pág. 42/43)


Chronica de Carmelitas Descalços ...
Fr. Belchior de Sta. Ana
Tomo I
1657

 "(...) Quando o abatiam com exercícios de desprezo, nunca fazia discurso, que era para seu merecimento, senão antes se persuadia, que merecia aquilo,e muito mais: e que era mais o que lhe perdoavam, que o que lhe castigavam. Como lhe sucedeu entre outras, uma vez, que esquecendo-se de levar à oficina comum umas alpargatas velhas, depois de receber do Prelado outras novas, lhe mandou o Mestre, que as trouxesse dependuradas nas orelhas, para que o castigo público acautelasse aos outros para não fazerem coisa semelhante contra os santos costumes da Ordem, ..." (pág. 187)

"Todo o seu cuidado era acudir às coisas espirituais e de caridade com os próximos, e frequentar os Sacramentos; os quais recebia com grandes demonstrações dos sentimentos interiores, que para eles se requerem. Era em extremo amado de todos; porque suas boas inclinações aperfeiçoadas com os santos costumes, se mostravam ainda no rosto, que o tinha grave, vergonhoso, e em tanto, e aprazibilidade parecia um Anjo do Céus." (pág. 492)

"Sendo já Sacerdote, fez firmes propósitos de conservar toda todavia os santos costumes do Noviciado, especialmente os de nunca usar vinagre, ou de oura coisa de apetite no Refeitório; de nunca se escusar de culpa, que lhe pusessem, por inocente que fosse; de rezar sempre de joelhos, quando estivesse fora do Coro; de obedecer sem réplica, não só ao Prelado, mas também a qualquer Religioso, que em alguma coisa o ocupasse." (pág. 504)

"O segundo, porque assim se colhia da igual prática de seus santos costumes, de seu sincero, e chão modo de obrar; da candidez de seus pensamentos, e palavras; da rectidão, e bondade de suas intenções; e do temor reverencial, e filial, com que vivia amando, e temendo a Deus, como a Pai, e Senhor, e atendendo a não desviar-se da sua santa lei, e a buscar com cuidado o preceito de seu estado." (pág. 660)

"Em começando a andar principiou o dar esmola, levando aos pobres, que chegavam a sua casa, qualquer coisa, que podia haver às mão; e aí tão alegre a isto, como se fôra a outros exercícios de meninos. Ensinava-lhe já o espírito do Senhor, que seu Esposo Jesus Cristo estava escondido nos pobres, como ele mesmo o declarou. Deste modo descobriu, sendo ainda sem costumes, costumes santos. Mal sabia falar, e dizer as coisas por seus nomes; e já sabia retirar-se ao Oratório para por-se de joelhos, como se soubera, que coisa era ter oração. Ouvia Missa com tal repouso, e quietação, que fôra muito de louvar em maior idade. E não passando ainda de seis anos, com tal estremo estava afeiçoada ao Santíssimo Sacramento, que dizia: Que lho dessem numa caixinha, que ela o guardaria em seu peito de dia, e de noite." (pág. 661)

(a continuar)

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