Thomas de Kempis
III Livro
A Fonte Das Consolações
III Livro
A Fonte Das Consolações
Cap.III
As Palavras de Deus Procuram a Humildade e o Silêncio
1. Cristo - Ouve, filho, as minas palavras, palavras suavíssimas, que excedem toda a ciência dos filósofos e sábios deste mundo.
As minhas palavras são espírito e vida e não se hão de medir ou comparar com o discurso humano.
Não devem ser ouvidas com vã complacência, mas devem ser recebidas no silêncio profundo e na humildade completa.
Disse o rei David: «Feliz é o homem, Senhor, a quem instruirdes e a quem ensinardes a Vossa lei, a fim de que lhe seja concedida a doçura nos dias maus e a vitória sobre as misérias da vida.»
2. Eu ensinei os profetas, desde o princípio, e não cesso ainda de falar a todos; mas muitos são surdos e rebeldes à minha voz.
Muitos, de melhor vontade, ouvem o mundo, pois preferem a Deus os apetites da carne, rejeitando as minhas santas ordenações.
O mundo promete coisas temporais e insignificantes, mas é servido com grande ânsia; eu prometo os bens soberanos e eternos, e não acho nos homens senão frouxidão e desprezo.
Onde estão aqueles que me sirvam e obedeçam com tanto cuidado quanto servem e obedecem ao mundo e aos seus poderosos?
Envergonha-te, diz Sídon, diz o mar. Se perguntas a causa, ei-la aqui: empreendem-se grandes viagens para obter alguns benefícios materiais, quando muitos apenas dão um passo e adquirem bens eternos.
Assim, muitos trabalham por uma vil recompensa. Urdem muitas vezes ignominiosos processos para obter um interesse ridículo; não duvidam sofrer, dia e noite, mil trabalhos, por uma coisa vã e limitada.
3. Mas, ó monstruosa cegueira!, quando se trata de um bem celeste, de uma recompensa inestimável, de uma honra devida, de uma glória que não terá fim, não há-de empregar o homem, ao menos, uma pequena diligência, para conseguir tamanhas felicidades?
Envergonha-te, pois, servo preguiçoso e tão fácil de queixar-se. Envergonha-te de ver que os amantes do mundo são mais ardentes em procurar o que lhes parece preciso do que tu em buscar o que convém à tua salvação. Eles buscam com mais ardor a vã glória do que tu a verdade. A esperança deles muitas vezes lhes é falsa, mas a minha promessa a ninguém engana nem deixa ir vazio o que em mim confia. Eu lhe darei o que prometi, cumprirei o que lhe disse, contanto que me seja fiel até ao fim. Eu sou o remunerador de todos os bens, o justo examinador de todos os que se dedicam ao meu serviço.
4. Escreve as minhas palavras no teu coração. Considera-as atentamente, porque te serão necessárias no tempo em que fores tentado.
Muitas coisas não entenderás quando lês, mas entenderás quando te for visitar.
De dois modos visito os meus escolhidos: tentando-os ou consolando-os. Dou-lhes, cada dia, duas instruções diferentes: repreendo-lhes os vícios e exorto-os a que se adiantem mais e mais, nas virtudes. Quem ouve as minhas palavras e as despreza, tê-las-há por juiz no último dia.
5. Alma - Senhor meu, Vós sois todo o meu bem. E quem sou eu para que me atreva a falar-Vos? Eu sou o último dos Vossos escravos e um verme vil, muito mais pobre e muito mais desprezível do que o posso compreender. Lembrai-Vos, contudo, Senhor, de que nada posso, nada tenho e nada valho. Somente Vós sois bom, justo e santo. Vós tudo podeis, tudo dais, tudo encheis; só o pecador deixais vazio de dons. Lembrai-Vos da Vossa misericórdia e enchei o meu coração da Vossa graça.
6. Como posso eu suportar-me, a mim mesmo, nesta miserável vida, sem que me sustentem a Vossa misericórdia e a Vossa graça? Não aparteis de mim a Vossa face; não demoreis o visitar-me, não me priveis mais da Vossa consolação, para que a minha alma não venha a ser na Vossa presença como uma terra sem água. Senhor, ensinai-me a fazer a Vossa vontade; ensinai-me a viver humildemente e de um modo digno de Vós.
Sois a sabedoria que me instruí. Conheceis-me verdadeiramente e conheceste-me antes do mundo ser criado e antes que eu nele nascesse.
As minhas palavras são espírito e vida e não se hão de medir ou comparar com o discurso humano.
Não devem ser ouvidas com vã complacência, mas devem ser recebidas no silêncio profundo e na humildade completa.
Disse o rei David: «Feliz é o homem, Senhor, a quem instruirdes e a quem ensinardes a Vossa lei, a fim de que lhe seja concedida a doçura nos dias maus e a vitória sobre as misérias da vida.»
2. Eu ensinei os profetas, desde o princípio, e não cesso ainda de falar a todos; mas muitos são surdos e rebeldes à minha voz.
Muitos, de melhor vontade, ouvem o mundo, pois preferem a Deus os apetites da carne, rejeitando as minhas santas ordenações.
O mundo promete coisas temporais e insignificantes, mas é servido com grande ânsia; eu prometo os bens soberanos e eternos, e não acho nos homens senão frouxidão e desprezo.
Onde estão aqueles que me sirvam e obedeçam com tanto cuidado quanto servem e obedecem ao mundo e aos seus poderosos?
Envergonha-te, diz Sídon, diz o mar. Se perguntas a causa, ei-la aqui: empreendem-se grandes viagens para obter alguns benefícios materiais, quando muitos apenas dão um passo e adquirem bens eternos.
Assim, muitos trabalham por uma vil recompensa. Urdem muitas vezes ignominiosos processos para obter um interesse ridículo; não duvidam sofrer, dia e noite, mil trabalhos, por uma coisa vã e limitada.
3. Mas, ó monstruosa cegueira!, quando se trata de um bem celeste, de uma recompensa inestimável, de uma honra devida, de uma glória que não terá fim, não há-de empregar o homem, ao menos, uma pequena diligência, para conseguir tamanhas felicidades?
Envergonha-te, pois, servo preguiçoso e tão fácil de queixar-se. Envergonha-te de ver que os amantes do mundo são mais ardentes em procurar o que lhes parece preciso do que tu em buscar o que convém à tua salvação. Eles buscam com mais ardor a vã glória do que tu a verdade. A esperança deles muitas vezes lhes é falsa, mas a minha promessa a ninguém engana nem deixa ir vazio o que em mim confia. Eu lhe darei o que prometi, cumprirei o que lhe disse, contanto que me seja fiel até ao fim. Eu sou o remunerador de todos os bens, o justo examinador de todos os que se dedicam ao meu serviço.
4. Escreve as minhas palavras no teu coração. Considera-as atentamente, porque te serão necessárias no tempo em que fores tentado.
Muitas coisas não entenderás quando lês, mas entenderás quando te for visitar.
De dois modos visito os meus escolhidos: tentando-os ou consolando-os. Dou-lhes, cada dia, duas instruções diferentes: repreendo-lhes os vícios e exorto-os a que se adiantem mais e mais, nas virtudes. Quem ouve as minhas palavras e as despreza, tê-las-há por juiz no último dia.
5. Alma - Senhor meu, Vós sois todo o meu bem. E quem sou eu para que me atreva a falar-Vos? Eu sou o último dos Vossos escravos e um verme vil, muito mais pobre e muito mais desprezível do que o posso compreender. Lembrai-Vos, contudo, Senhor, de que nada posso, nada tenho e nada valho. Somente Vós sois bom, justo e santo. Vós tudo podeis, tudo dais, tudo encheis; só o pecador deixais vazio de dons. Lembrai-Vos da Vossa misericórdia e enchei o meu coração da Vossa graça.
6. Como posso eu suportar-me, a mim mesmo, nesta miserável vida, sem que me sustentem a Vossa misericórdia e a Vossa graça? Não aparteis de mim a Vossa face; não demoreis o visitar-me, não me priveis mais da Vossa consolação, para que a minha alma não venha a ser na Vossa presença como uma terra sem água. Senhor, ensinai-me a fazer a Vossa vontade; ensinai-me a viver humildemente e de um modo digno de Vós.
Sois a sabedoria que me instruí. Conheceis-me verdadeiramente e conheceste-me antes do mundo ser criado e antes que eu nele nascesse.
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