(continuação da III parte)
E deixará o tal Catecismo em maior segurança as vidas, que as fazendas? Vejamos outra pergunta "Como proíbe a Lei natural o homicídio? Reposta: Pelos motivos os mais fortes da própria conservação pois em primeiro lugar o homem, que vai atacar outro, expõe-se ao risco de ser morto, em execução do direito da própria defesa. 2º Se chega a matar ficam os parentes, e amigos do morto, e a Sociedade com o direito de matarem, e já não pode viver com segurança."
Não há caminho, nem mais breve, nem mais sumário para convencer um matador, de que o mal não consiste na acção de matar, porém nos castigos, que o ameaçam. Aqui não se trata da consciência estar, ou não está sossegada; pois com tanto que o criminoso sique seguro, do que não haverá quem lhe pague no mesmo troco, ou moeda, tudo o mais é de pouca monta, e melhor é deitá-lo para traz das costas; e por isso os ladrões, que tiram ambas as coisas, isto é, o dinheiro, e a vida, estão nas circunstâncias de se dizer, que praticam uma acção virtuosa, pois atenderam nomeadamente à própria segurança, conforme as instruções do ruinoso Cidadão Volney! [hoje há muitos que praticam esta "moral" da segurança própria chamando-lhe "prudência"]
E um ímpio deste jaez, um inimigo capital da Revelação Divina, foi o Árbitro de uma escola, que devia servir de norma, e regra a todas as Francesas do mesmo género, e por isso teve a alcunha de Normal? Foi, foi, e as suas Lições de História, que têm andado neste Reino livremente pelas mãos da incauta mocidade, que tem sido elogiadas por beneméritos Professores, deram mais outro, e bem claro testemunho do que prestes se devia esperar de uma Nação dirigida por tais Mestres, e influída por tais doutrinas. Chegou a haver em Paris, correndo o ano de 1797, um Colégio de Ateus!! Sim, um Colégio de Ateus, e foi o próprio autor chamado "Colégio de Luís o Grande" e que, por efeito das mudanças Republicanas, se denominou "O Colégio igualdade". "Há de presente neste Colégio (ouçamos testemunha coeva, autorizada, e ocular) mais de trezentos Estudantes... Aqui não só está proscripto rigorosamente qualquer exercício de Religião; porém até se evita o pronunciar-se o nome de Deus, e aqueles infelizes meninos deitam-se, e levantam-se como brutos. Há todavia alguns, que observando felizmente os conselhos de seus pais, fazem oração de manhã, e à noite, porém às furtadelas, quando se vestem, ou já deitados na cama, para se pouparem às investidas dos seus condiscípulos, (Ah Coimbra, Coimbra de 1821, e 1822, e 1826, isto é contigo! "Mutatto nomine de te fabula narratur") principalmente dos Matemáticos, que já constituídos adoradores de Deus "Natureza" afectam despejadamente o maior desprezo do bom Deus [trocar o francesismo pela formulação apropriada: a Deus benigno], e metem à bulha a Religião de seus Pais... Como é possível que haja homens, que se encarreguem de tal modo de educação? Sabemos que alguns já têm representado ao Governo, mas deu-se-lhes em resposta, que em atenção aos direitos do homem, os Estudantes podem escolher livremente um Deus, e uma Religião, e que não é descente ao povo Francês o entreter com insignificâncias os Estudantes, cujas despesas ele abona; pois se a Nação mostra que não conhece a Deus, parecia mal, que os filhos fossem mais devotos que sua mãe. Desta arte sucede o Ateísmo de facto ao Ateísmo de direito... Já não é permitido a um Empregado público anunciar um Deus oficialmente, e todo o indivíduo, que é educado à custa do povo Soberano, por isso mesmo se deve reputar que é Ateu politicamente! Quanto se ouviu falar de uma Política assim? Em que País, ou em que século se tem visto um Colégio de Ateus? Justo Céu! E que pode ser um Colégio de Ateus, senão um viveiro de monstros, e uma sentina infecta, donde não pode sair outra coisa, que não seja barbaridade de corrupção, e maldade!"
Assim escrevia no sobredito ano, em Paris, e à face do Direito Executivo, o grande Bispo de Troyes Mons. de Boulogne, que desceu à sepultura, antes que chegasse a presenciar, o que ele tantas vezes prognosticou, e lamentou, como ainda mais claramente se pode ver em sua Pastoral contra os Livros ímpios, que corre impressa em linguagem [vernáculo], que deveria ser como o Breviário de todos os Pais de Família neste Reino.
Temos visto que o Ateísmo reinou legalmente em França, por espaço notável, e ainda que pareceu cair em desprezo, mormente depois que um tigre, melhor dissera um Demónio, chamado Robespierre, Decretou a existência do Ente Supremo, nem por isso deixou ele de prevalecer na França desde 1794 até 1801, para o que basta advertir, que neste grande intervalo houve um já licença absoluta, e ilimitada para todas as Seitas velhas, e novas, para todas as Religiões falsas, menos para a verdadeira, que é a Católica, Apostólica Romana, que continuou a ser cada vez mais ultrajada, e perseguida nas pessoas dos seus mais fiéis Ministros. Não havia uma só escola pública em França, onde se tratasse de Catolicismo, e onde fosse celebrado o Santo Sacrifício do Altar!!! Só estes bons oito anos de Ateismo prático nos explicariam mui satisfatoriamente os horrendos extravios da geração presente; mas por infelicidade as próprias causas, donde se esperou, que pelo menos se diminuíssem tão grandes males, foram grande parte, em que estes subissem de ponto, e ameacem transtorno à face do Universo. Assaz conhecem os meus Leitores, que a matéria se vai alargando, muito mais do que eu presumia, quando comecei a tratá-la. É pois de absoluta necessidade o fazerem-se algumas subdivisões, e discutir especialmente:
1. Se a educação da Mocidade Francesa melhorou, ou piorou, durante o Consulado império, ou tirania de Bonaparte;
2. Se a milagrosa restauração de Luís XVIII foi mais bem sucedida neste particular, e atalhou, quando se devia esperar de um Rei Cristianíssimo, o progressos da impiedade;
3. Que passos se têm dado neste Reino, para se imitar, no próprio artigo da educação, o procedimento dos Liberais Franceses.
Tracei a matéria dos três números seguintes. Se fizer tremer os ímpios, que deicam sair ainda por entre dentes a sua frívola esperança de nos tornarmos Franceses [não se refere aqui realmente a França nem os franceses, mas sim a situação que a França estava a sofrer, pois a França verdadeira, e os verdadeiros franceses, são necessariamente bons católicos], e Ateus, e se por outra parte consolar os bons, alentando-os na sua bem fundada esperança, de vermos ainda curadas radicalmente, pelos nosso incomparável Monarca, todas as nossas feridas:
Eu só desta glória ficarei contente.
E um ímpio deste jaez, um inimigo capital da Revelação Divina, foi o Árbitro de uma escola, que devia servir de norma, e regra a todas as Francesas do mesmo género, e por isso teve a alcunha de Normal? Foi, foi, e as suas Lições de História, que têm andado neste Reino livremente pelas mãos da incauta mocidade, que tem sido elogiadas por beneméritos Professores, deram mais outro, e bem claro testemunho do que prestes se devia esperar de uma Nação dirigida por tais Mestres, e influída por tais doutrinas. Chegou a haver em Paris, correndo o ano de 1797, um Colégio de Ateus!! Sim, um Colégio de Ateus, e foi o próprio autor chamado "Colégio de Luís o Grande" e que, por efeito das mudanças Republicanas, se denominou "O Colégio igualdade". "Há de presente neste Colégio (ouçamos testemunha coeva, autorizada, e ocular) mais de trezentos Estudantes... Aqui não só está proscripto rigorosamente qualquer exercício de Religião; porém até se evita o pronunciar-se o nome de Deus, e aqueles infelizes meninos deitam-se, e levantam-se como brutos. Há todavia alguns, que observando felizmente os conselhos de seus pais, fazem oração de manhã, e à noite, porém às furtadelas, quando se vestem, ou já deitados na cama, para se pouparem às investidas dos seus condiscípulos, (Ah Coimbra, Coimbra de 1821, e 1822, e 1826, isto é contigo! "Mutatto nomine de te fabula narratur") principalmente dos Matemáticos, que já constituídos adoradores de Deus "Natureza" afectam despejadamente o maior desprezo do bom Deus [trocar o francesismo pela formulação apropriada: a Deus benigno], e metem à bulha a Religião de seus Pais... Como é possível que haja homens, que se encarreguem de tal modo de educação? Sabemos que alguns já têm representado ao Governo, mas deu-se-lhes em resposta, que em atenção aos direitos do homem, os Estudantes podem escolher livremente um Deus, e uma Religião, e que não é descente ao povo Francês o entreter com insignificâncias os Estudantes, cujas despesas ele abona; pois se a Nação mostra que não conhece a Deus, parecia mal, que os filhos fossem mais devotos que sua mãe. Desta arte sucede o Ateísmo de facto ao Ateísmo de direito... Já não é permitido a um Empregado público anunciar um Deus oficialmente, e todo o indivíduo, que é educado à custa do povo Soberano, por isso mesmo se deve reputar que é Ateu politicamente! Quanto se ouviu falar de uma Política assim? Em que País, ou em que século se tem visto um Colégio de Ateus? Justo Céu! E que pode ser um Colégio de Ateus, senão um viveiro de monstros, e uma sentina infecta, donde não pode sair outra coisa, que não seja barbaridade de corrupção, e maldade!"
Mons. Étienne Antoine de Boulogne, Bispo de Troyes |
Temos visto que o Ateísmo reinou legalmente em França, por espaço notável, e ainda que pareceu cair em desprezo, mormente depois que um tigre, melhor dissera um Demónio, chamado Robespierre, Decretou a existência do Ente Supremo, nem por isso deixou ele de prevalecer na França desde 1794 até 1801, para o que basta advertir, que neste grande intervalo houve um já licença absoluta, e ilimitada para todas as Seitas velhas, e novas, para todas as Religiões falsas, menos para a verdadeira, que é a Católica, Apostólica Romana, que continuou a ser cada vez mais ultrajada, e perseguida nas pessoas dos seus mais fiéis Ministros. Não havia uma só escola pública em França, onde se tratasse de Catolicismo, e onde fosse celebrado o Santo Sacrifício do Altar!!! Só estes bons oito anos de Ateismo prático nos explicariam mui satisfatoriamente os horrendos extravios da geração presente; mas por infelicidade as próprias causas, donde se esperou, que pelo menos se diminuíssem tão grandes males, foram grande parte, em que estes subissem de ponto, e ameacem transtorno à face do Universo. Assaz conhecem os meus Leitores, que a matéria se vai alargando, muito mais do que eu presumia, quando comecei a tratá-la. É pois de absoluta necessidade o fazerem-se algumas subdivisões, e discutir especialmente:
1. Se a educação da Mocidade Francesa melhorou, ou piorou, durante o Consulado império, ou tirania de Bonaparte;
2. Se a milagrosa restauração de Luís XVIII foi mais bem sucedida neste particular, e atalhou, quando se devia esperar de um Rei Cristianíssimo, o progressos da impiedade;
3. Que passos se têm dado neste Reino, para se imitar, no próprio artigo da educação, o procedimento dos Liberais Franceses.
Tracei a matéria dos três números seguintes. Se fizer tremer os ímpios, que deicam sair ainda por entre dentes a sua frívola esperança de nos tornarmos Franceses [não se refere aqui realmente a França nem os franceses, mas sim a situação que a França estava a sofrer, pois a França verdadeira, e os verdadeiros franceses, são necessariamente bons católicos], e Ateus, e se por outra parte consolar os bons, alentando-os na sua bem fundada esperança, de vermos ainda curadas radicalmente, pelos nosso incomparável Monarca, todas as nossas feridas:
Eu só desta glória ficarei contente.
Colégio do Espírito Santo em Coimbra, 18 de Janeiro de 1831
Fr. Fortunato de S. Boaventura.
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