Thomas de Kempis
II Livro
O Mundo Interior
II Livro
O Mundo Interior
Cap. VI
A Alegria da Boa Consciência
1. A glória do cristão consiste no testemunho da sua boa consciência. Tem, pois, boa consciência e terás perfeita alegria.
1. A glória do cristão consiste no testemunho da sua boa consciência. Tem, pois, boa consciência e terás perfeita alegria.
A boa consciência é muito sofredora e conserva-se
alegre no meio das dificuldades. Pelo contrário, a má consciência é sempre
tímida e inquieta.
Quando o teu coração de nada te acusa, gozarás
disso sossego. Não te alegres senão quando praticares o bem. Os maus jamais
sentem a verdadeira alegria e a paz interior. Jesus Cristo o afirma dizendo: "Não
há paz para os ímpios." Se estes disserem: "Vivemos em sossego, não tememos
mal algum e quem há que possa atrevidamente ofender-nos?", não lhes dês
crédito, porque de repente se levantará contra eles a ira de Deus, as suas
empresas serão destruídas e os seus pensamentos se dissiparão como fumo.
2. Gloriar-se nas tribulações não é difícil a quem
ama. Gloriar-se assim é gloriar-se na cruz do Senhor. A glória que o homem dá e
do homem recebe dura pouco. Sempre a tristeza anda anexa à glória do mundo. A glória
dos bons está nas suas consciências e não na boca dos homens. Os justos
elegeram-se em Deus e o seu prazer é o conhecimento da verdade. Quem deseja a
eterna e verdadeira glória nenhum caso faz da temporal. Quem procura a
temporal, ou sinceramente não a despreza, bem mostra que não ama a celeste.
Grande sossego tem aquele que vê, com os mesmos olhos, os louvores e os
vitupérios que recebe.
3. Quem possui pura consciência facilmente se
contenta. Não és mais santo porque te louvam nem mais vil porque te vituperam.
O que és, isso és. Nem podes ser avaliado mais do que és no conhecimento de
Deus. Se olhas para o que és, no teu interior. Não se te dará o que dizem os
homens a teu respeito. O homem vê as aparências e Deus o coração. O homem
atende às obras e Deus às intenções.
Praticar sempre o bem e ter-se em pequena conta é
indício de uma alma humilde. Não querer consolação de criatura alguma é sinal
de grande pureza e interior confiança em Deus.
4. Aquele que não busca testemunho dos homens em
seu abono, evidentemente mostra que se entregou inteiramente a Deus. Porque,
como diz S. Paulo: "Não é aprovado aquele que se louva a si, mas aquele a quem
Deus louva." Andar intimamente com Deus e não estar preso a afeições humanas é
o estado do homem interior e espiritual.
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