11. O Pe. António de Vasconcelos (t) refere que, em Vila Real, uma mulher chamada Isabel Ribeira viu 160 filhos, netos, e bisnetos. Parece-me que, se Pompeu Magno tivesse notícia desta mulher, com mais razão pusera sua personagem no teatro, em vez de ter colocado a muito admirável Euticle, por ter parido trinta vezes, como no autor Plínio. (u)
12. O mesmo Vasconcelos conta que, a duas léguas de Braga, havia um homem com mais de 100 anos do qual procedia todo o lugar, e que conheceu 400 filhos, netos e bisnetos. É pouco comparar este homem com Príamo, rei de Tróia, que teve 50 filhos: comparo-o com Artaxerxes. Mnémon, rei da Pérsia que, segundo diz Justino, (x) teve 118 filhos; mas mais admiração causa o português, porque além de ter filhos e netos em maior número, os filhos de Artaxerxes eram bastardos de diversas mulheres, e só três eram legítimos, e pela mesma razão o português excedeu a Herotimo que, se teve 600 filhos, foi de diversas mulheres, como refere Textor e Justiniano, alegando a Trogo (z) (que não acreditaria, caso isto não lho tivessem dito outros mais).
13. E finalmente, para mostrara a muita gente que em Portugal nasce, basta ver que os portugueses, em todas as quatro partes do mundo, povoaram populosas vilas e cidades (como diremos noutra parte) (a2) e todos os anos são muitos os que vão para as conquistas ultramarinas, e ainda em todas as terras de Europa, como Castela, Flandres, Roma, e toda a Itália, e outras províncias, e grandíssimo número de portugueses sem que em Portugal se ache haver falta alguma de gente. Certamente pudesse isto dar ocasião a Ovidio conhecer semelhante fábula à que escreveu, (b2) de que se convertiam em homens e mulheres as pedras que Deucalion, e sua mulher Pirra, deitavam para trás das costas, com que depois do grande dilúvio restituíram o género humano.
14. Na província de Entre Douro e Minho, que como já dissemos é tão pequena, sobre ela escreve Gaspar Estaço que ali há 200.000 lavradores: e haverá mais, porque as mulheres daquela terra são como Combe, de quem se diz que pariu 100 vezes. (c2)
[(c) - Angel. Pacens. in vita S. Mancis Martyr;
(d) -Niceph. hist. ecc. lib. I cap. 17;
(e) -Fr. Bernard. en la monarch. Lusit. lib. 6cap. ult.;
(f) -Fr. France. Bivar in com. ad Dext. an 138;
(g) -Man. Barbos. ad Ord. Portugal lib. 4 tit. 105 num 2;
(h) -Plin. nat. hist. l. 7 cap. 3;
(i) -Strab. lib. 5;
(l) - Ravis. Textor in officina tit. qui raulos haburunt fiiios fol. mihi 113 verso;
(m) -Juan, Botero, las relaciones lib. 1 tit. de Europapag. m hi 141 de Olanda. Pined. Monare. p. 3 lib. 22 c. I § 5 in fine;
(n) -Cap. 9 Excal. 9 num 1;
(o) -Dacian. Asyr. in orat. contra Graecos;
(p) -L. Si maior 12 C. de legit. haered.;
(q) -Fazel. 8 rer. Sicular;
(r) - Solin. cap 4 Plin lih 7 c. 14
(d) -Niceph. hist. ecc. lib. I cap. 17;
(e) -Fr. Bernard. en la monarch. Lusit. lib. 6cap. ult.;
(f) -Fr. France. Bivar in com. ad Dext. an 138;
(g) -Man. Barbos. ad Ord. Portugal lib. 4 tit. 105 num 2;
(h) -Plin. nat. hist. l. 7 cap. 3;
(i) -Strab. lib. 5;
(l) - Ravis. Textor in officina tit. qui raulos haburunt fiiios fol. mihi 113 verso;
(m) -Juan, Botero, las relaciones lib. 1 tit. de Europapag. m hi 141 de Olanda. Pined. Monare. p. 3 lib. 22 c. I § 5 in fine;
(n) -Cap. 9 Excal. 9 num 1;
(o) -Dacian. Asyr. in orat. contra Graecos;
(p) -L. Si maior 12 C. de legit. haered.;
(q) -Fazel. 8 rer. Sicular;
(r) - Solin. cap 4 Plin lih 7 c. 14
(s) -Gasp. Estaço cap. 72;
(t) -Vasconselos in descript. Lusit. in regione interamn.;
(u) -Plin. nat. hist. l. 7 cap. 3;
(x) -Justin. lib 10;
(z) - Textor d. tit. qui multos habuerunt fillos fol. mihi 113 verso. Just. in epit. l. 39;
(a2) -Cap. 5 Excel. 2;
(b2) - Ovid. met. lib. I;
(c2) - Vian. en el com. a Ovid. met. lib. 7 n. 29]
(t) -Vasconselos in descript. Lusit. in regione interamn.;
(u) -Plin. nat. hist. l. 7 cap. 3;
(x) -Justin. lib 10;
(z) - Textor d. tit. qui multos habuerunt fillos fol. mihi 113 verso. Just. in epit. l. 39;
(a2) -Cap. 5 Excel. 2;
(b2) - Ovid. met. lib. I;
(c2) - Vian. en el com. a Ovid. met. lib. 7 n. 29]
EXCELÊNCIA VI
Multitude de Gados
Multitude de Gados
Largo género de gados, e outros animais proveitosos ao uso das gentes, como o tratam Duarte Nunes, o Pe. Vasconcelos, Gaspar Esterço, e outros, a mesma faculdade em Portugal existe. (a) Como prova disto vem o que costumava ser dito das éguas das ribeiras do Tejo conceber dos ventos, como o disse Homero, Plínio, Gerundas, Volaterrano, Virgílio, e Sílio Itálico, e dos modernos Duarte Nunes, o Apolo destes tempos Lopo de Vega Carpio, com outros: (b) e ainda Fr. Bernardo de Brito com algumas histórias, que traz, e o dito Duarte Nunes, parece que o querem confirmar por verdadeiro. O qual conto, ainda que seja fabuloso (como o que foi dito dos Buitres, e Milanos conceberam do vento, segundo refere Diogo de Funes) (d) e fundado em que as éguas e cavalos desta parte são tão ligeiros, que ao correrem parecem filhos do vento; contudo pode também dizer-se, que a facilidade e fecundidade com que as éguas destas ribeiras concebem, deu aso a que os autores inventassem tal coisa, que é a razão que dá Justino alegado por Damião de Góis na descrição de Lisboa (e).
(continuação, XVII parte)
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