Custódia Patriarcal (Sé de Lisboa), em dia de Corpo de Deus |
As ruas por onde passa, estão juncadas de verdura e de flores, e guarnecidas de tropa. As casas estão cobertas de parte a parte na altura dos telhados de damasco carmesim forrado por cima de toldos linho. De distância a distância vêem-se grandes lustres, e magníficos altares de descanso.
D. Manuel, segurando a vara direita do pálio. Procissão do Corpo de Deus (Lisboa) |
Há neste dia no Terreiro do Paço e no Rossio uma colunata de madeira em arcada muito larga e muito elevada, em forma de algo de triunfo todo pintado, e ornado de belos painéis, por baixo do qual passa a procissão, como em todo o resto do trânsito, a coberto das injúrias do tempo. As casas estão armadas de seda; às janelas vêem-se as damas riquissimamente enfeitadas, e é defeso aos homens aparecer às janelas.
ElRei assiste à cerimónia acompanhado de todos os grandes da Côrte, e precedido de todas as confrarias, dos cavaleiros de Cristo, de Avis, e de S. Tiago, de todas as ordens eclesiásticas, e do patriarca com seu clero, a que dão grande realce os principais mitrados.
A Rainha nesta ocasião vai para casa do Ministro, a qual está situada de maneira que Sua Majestade fica no centro da procissão; porque a descobre ao longe vindo da esquerda, donde se estende depois pela grande rua dos ourives do ouro, que está em frente das janelas que ela ocupa; e depois vê-se dar volta pela rua dos mercadores, que lhe fica à direita. Esta procissão mete tanto povo que há já uma boa parte de volta antes da outra ter acabado de desfilar neste sítio; de maneira que a Rainha descobrindo a procissão toda de ponta a ponta a igual distância das janelas, que ocupa, vê-a assim em forma de cruz, formando um soberbo espectáculo." (Description de la ville de Lisbonne - Paris, 1730, I vol, 12º.)
D. Carlos segurando a vara direita do pálio |
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