"Devoção dos Romanos com Santo António ; imagem milagrosa ; caso admirável. – Devoção que os habitantes de Lisboa consagram ao seu Santo Patrício ; Santo Antonio venerado na cathedral de Lisboa ; festas centenares e decreto real. – Em que consiste o pão dos pobres : Revistas em honra a Santo António ; graças concedidas ; petições dignas de especial menção. – Caso engraçado d’um paralytico a quem Santo António deu saúde.
PARECE-NOS que em poucos lugares haverá tão fervorosa devoção com Santo António como em Roma.
Tudo na Cidade Eterna nos fala do Santo Português.
Igrejas dedicadas ao Santo, altares, monumentos e quadros magníficos, tudo está prégando ao mundo cristão o afecto que o centro do Catolicismo consagra ao grande Apostolo do séc. XIII – Santo António.
Muito razoável é esta devoção da Igreja de Roma com o nosso Santo !
Em verdade, sendo, como realmente foi, o intrépido defensor dos sagrados direitos do Romano Pontífice e da Igreja Católica, e o Salvador da sociedade do seu tempo, ninguém melhor do que ele pode vir em auxilio da cidade dos Papas.
Desditosa Roma !
Gemes sob um jugo de ferro, chorando com o teu Legitimo Pastor, e a delectíssima Esposa de Jesus Cristo, os felizes tempos da tua liberdade !
Livre-te o poderoso Taumaturgo das tirânicas algemas que te roubaram a liberdade.
E’ impossível referir todos os prodígios e graças que os Romanos têm recebido, em todos os tempos, de Santo António. Baste um só, autenticado por testemunhos irrefragávais.
O prodígio a que nos referimos tem por fundamento um lugar muito especial, que a devoção dos fieis de Roma lhe concedeu na abside, isto é, no lugar de honra da Basílica Lataranense, rainha e mãe de todas as outras Igrejas, como se pode ler na magnifica fachada daquele sumptuoso templo: "CAPUT ET MATER OMNIUM ECCLESIARUM URBIS ET ORBIS".
Quem entra pela porta principal daquela Basílica, celebérrima pela sua mais remota antiguidade, pelos grandes acontecimentos que nos traz á memoria, e por suas magnificas pinturas e esculturas, vê logo deferente, lá ao fundo da sumptuosa Basílica uma esplêndida abside, cuja restauração é devida á munificência do Sumo Pontífice felizmente reinante, Leão XIII.
Entre os numerosos mosaicos que a decoram, e que são outros tantos primores da arte, é objecto de singular admiração esta maravilhosa abside, que representa o Divino Salvador, tendo á direita sua divina Mãe, S. Pedro e Paulo e á esquerda S. João Baptista, S. João Evangelista e Santo André. Neste magnifico mosaico trabalharam os filhos de S. Francisco, que não se descuidaram de colocar n’ella as imagens do seu Santo Fundador e do glorioso Santo António. O primeiro está em pé, com as mãos postas, entre Nossa Senhora e o Príncipe dos Apóstolos, e o segundo vê-se no lado oposto, na mesma posição, entre S. Baptista e S. João Evangelista.
É ao amor que tinha pelas artes o Sumo Pontífice Nicolau IV, Filho de S. Francisco, que devemos este admirável e grandioso mosaico.
Mais tarde, Bonifácio VIII, apesar da profunda veneração que nutria pelo Taumaturgo de Lisboa, julgou que o lugar do nosso santo não havia de ser num grupo tão privilegiado, onde nem todos os Apóstolos haviam sido admitidos.
Além disso ; não era mais que suficiente honra para a Ordem Seráfica, ver entre os heróis mais ilustres da Igreja Católica o seu inclito Fundador?
Deu pois ordem para que tirassem a imagem de Santo António da abside, e colocassem em seu lugar o grande Doutor da Igreja – S. Gregório.
Mas, oh prodígio ! Apenas os operários descarregaram a primeira martelada, quando todos os que trabalhavam sentiram uma força sobrenatural que os impedia de continuar a sua tarefa.
Foi tão violenta a impressão recebida, que, não só deu em terra com o que descarregara o primeiro golpe na imagem, senão que fez cair também todos os que se encontravam no andaime, como se foram fulminados por alguma faisca electrica, deixando-os meio mortos.
Referido o facto ao Sumo Pontífice, reconheceu que era aviso do Céu, deu contra ordens, mandando suspender os trabalhos começados, e, para perpetuar o prodigioso acontecimento, dispôs que não tornassem a pôr no mesmo lugar as pedras já arrancadas.
Mais tarde Alexandre VII ordenou que restituíssem a imagem ao seu estado primitivo.
A noticia de tão prodigioso sucesso causou profunda impressão em toda a cidade de Roma. Este maravilhoso acontecimento por si só bastou para que a imagem do grande Taumaturgo fosse respeitada e se conservasse no lugar de honra da Basílica Lateranense, e ficassem bem gravados no coração dos Romanos a milagrosa imagem e a simpática devoção de Santo António.
Ponhamo-nos sob a protecção deste grande Santo, alistemo-nos em sua Piedosa União, que, por disposição providencial, foi erecta na Igreja que lhe é especialmente consagrada, à sombra, por assim dizer, de S. João de Latrão.
Trabalhemos com todas as nossas forças para a propagação do seu culto, para que ele nos obtenha coragem e ardente fé, a fim de ser-mos como ele foi, apóstolos da verdade e do bem, e intrépidos defensores dos sacratíssimos direitos da Igreja Católica."
(continuação, II parte)
PARECE-NOS que em poucos lugares haverá tão fervorosa devoção com Santo António como em Roma.
Tudo na Cidade Eterna nos fala do Santo Português.
Igrejas dedicadas ao Santo, altares, monumentos e quadros magníficos, tudo está prégando ao mundo cristão o afecto que o centro do Catolicismo consagra ao grande Apostolo do séc. XIII – Santo António.
Muito razoável é esta devoção da Igreja de Roma com o nosso Santo !
Em verdade, sendo, como realmente foi, o intrépido defensor dos sagrados direitos do Romano Pontífice e da Igreja Católica, e o Salvador da sociedade do seu tempo, ninguém melhor do que ele pode vir em auxilio da cidade dos Papas.
Desditosa Roma !
Gemes sob um jugo de ferro, chorando com o teu Legitimo Pastor, e a delectíssima Esposa de Jesus Cristo, os felizes tempos da tua liberdade !
Livre-te o poderoso Taumaturgo das tirânicas algemas que te roubaram a liberdade.
E’ impossível referir todos os prodígios e graças que os Romanos têm recebido, em todos os tempos, de Santo António. Baste um só, autenticado por testemunhos irrefragávais.
O prodígio a que nos referimos tem por fundamento um lugar muito especial, que a devoção dos fieis de Roma lhe concedeu na abside, isto é, no lugar de honra da Basílica Lataranense, rainha e mãe de todas as outras Igrejas, como se pode ler na magnifica fachada daquele sumptuoso templo: "CAPUT ET MATER OMNIUM ECCLESIARUM URBIS ET ORBIS".
Quem entra pela porta principal daquela Basílica, celebérrima pela sua mais remota antiguidade, pelos grandes acontecimentos que nos traz á memoria, e por suas magnificas pinturas e esculturas, vê logo deferente, lá ao fundo da sumptuosa Basílica uma esplêndida abside, cuja restauração é devida á munificência do Sumo Pontífice felizmente reinante, Leão XIII.
Entre os numerosos mosaicos que a decoram, e que são outros tantos primores da arte, é objecto de singular admiração esta maravilhosa abside, que representa o Divino Salvador, tendo á direita sua divina Mãe, S. Pedro e Paulo e á esquerda S. João Baptista, S. João Evangelista e Santo André. Neste magnifico mosaico trabalharam os filhos de S. Francisco, que não se descuidaram de colocar n’ella as imagens do seu Santo Fundador e do glorioso Santo António. O primeiro está em pé, com as mãos postas, entre Nossa Senhora e o Príncipe dos Apóstolos, e o segundo vê-se no lado oposto, na mesma posição, entre S. Baptista e S. João Evangelista.
É ao amor que tinha pelas artes o Sumo Pontífice Nicolau IV, Filho de S. Francisco, que devemos este admirável e grandioso mosaico.
Mais tarde, Bonifácio VIII, apesar da profunda veneração que nutria pelo Taumaturgo de Lisboa, julgou que o lugar do nosso santo não havia de ser num grupo tão privilegiado, onde nem todos os Apóstolos haviam sido admitidos.
Além disso ; não era mais que suficiente honra para a Ordem Seráfica, ver entre os heróis mais ilustres da Igreja Católica o seu inclito Fundador?
Deu pois ordem para que tirassem a imagem de Santo António da abside, e colocassem em seu lugar o grande Doutor da Igreja – S. Gregório.
Mas, oh prodígio ! Apenas os operários descarregaram a primeira martelada, quando todos os que trabalhavam sentiram uma força sobrenatural que os impedia de continuar a sua tarefa.
Foi tão violenta a impressão recebida, que, não só deu em terra com o que descarregara o primeiro golpe na imagem, senão que fez cair também todos os que se encontravam no andaime, como se foram fulminados por alguma faisca electrica, deixando-os meio mortos.
Referido o facto ao Sumo Pontífice, reconheceu que era aviso do Céu, deu contra ordens, mandando suspender os trabalhos começados, e, para perpetuar o prodigioso acontecimento, dispôs que não tornassem a pôr no mesmo lugar as pedras já arrancadas.
Mais tarde Alexandre VII ordenou que restituíssem a imagem ao seu estado primitivo.
A noticia de tão prodigioso sucesso causou profunda impressão em toda a cidade de Roma. Este maravilhoso acontecimento por si só bastou para que a imagem do grande Taumaturgo fosse respeitada e se conservasse no lugar de honra da Basílica Lateranense, e ficassem bem gravados no coração dos Romanos a milagrosa imagem e a simpática devoção de Santo António.
Ponhamo-nos sob a protecção deste grande Santo, alistemo-nos em sua Piedosa União, que, por disposição providencial, foi erecta na Igreja que lhe é especialmente consagrada, à sombra, por assim dizer, de S. João de Latrão.
Trabalhemos com todas as nossas forças para a propagação do seu culto, para que ele nos obtenha coragem e ardente fé, a fim de ser-mos como ele foi, apóstolos da verdade e do bem, e intrépidos defensores dos sacratíssimos direitos da Igreja Católica."
(continuação, II parte)
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