A VIDA DO CAMPO
Não formam, discreta Márcia,
A nossa felicidade
Os ilusórios tesouros,
Que busca o luxo, e vaidade.
Esses cristais de Golconda,
Que os homens chamam diamantes,
São, entre as classes das pedras,
Pedras que são mais brilhantes.
Se a mesma terra que as cria
Não for por nós cultivada,
Será teatro da fome,
Será do luto a morada.
Não é, por certo, escondido
Metal, a que chamam ouro,
Ao homem da natureza
Um verdadeiro tesouro:
É mais proficuo um arado,
A foice é mais preciosa;
Só estes nos livres campos
Tornam a vida gostosa.
Ao nosso amor que é preciso
Mas que do campo a cultura,
A lã de ingénuas ovelhas,
As águas da fonte pura?
Vivamos, Márcia, no campo,
Nele esperemos o Céu,
Até que a Morte desdobre
Sobre meus olhos o véu.
(Rev. Padre José Agostinho de Macedo)
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