14/07/14

A VIDA DO CAMPO - ODE

A VIDA DO CAMPO

Não formam, discreta Márcia,
A nossa felicidade
Os ilusórios tesouros,
Que busca o luxo, e vaidade.

Esses cristais de Golconda,
Que os homens chamam diamantes,
São, entre as classes das pedras,
Pedras que são mais brilhantes.

Se a mesma terra que as cria
Não for por nós cultivada,
Será teatro da fome,
Será do luto a morada.

Não é, por certo, escondido
Metal, a que chamam ouro,
Ao homem da natureza
Um verdadeiro tesouro:

É mais proficuo um arado,
A foice é mais preciosa;
Só estes nos livres campos
Tornam a vida gostosa.

Ao nosso amor que é preciso
Mas que do campo a cultura,
A lã de ingénuas ovelhas,
As águas da fonte pura?

Vivamos, Márcia, no campo,
Nele esperemos o Céu,
Até que a Morte desdobre
Sobre meus olhos o véu.

(Rev. Padre José Agostinho de Macedo)

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