“O sacrossanto exercício da Via
Crucis, o qual na realidade não é outra coisa que uma representação devota
daquela viagem dolorosa que o amoroso Jesus fez desde a casa de Pilatos até ao
Calvário, foi sempre venerado pela piedade critã; não se podendo ir pessoalmente a Jerusalém,
os fiéis visitam as Estações da Via Crucis, porque aquele caminho o percorreu
Nosso Redentor , desde que sobre as espadas da perfídia dos Judeus foi posto o
pesado lenho da Cruz. Costuma também chamar-se Caminho doloroso, porque tão penosa viagem, na reflexão dos
contemplativos, foi o mais atroz martírio que sofreu aquela Sacrossanta
Humanidade e destroçada com tantas penas antecedentes. Pelo que, praticar a Via
Crucis é o mesmo que contemplar com ternura de coração todos aqueles destroços
e dores que, desde a casa de Pilatos até ao Calvário, sofreu debaixo do peso da
Cruz Nosso Amantíssimo Jesus. Divide-se, pois, em catorze Estações, e catorze
cruzes: porque a cada Estação corresponde cada cruz e a memória de um daqueles
santos lugares nos quais agonizava o Redentor no progresso daquele lastimosa
viagem, necessitou esforçar-se, e corroborasse; mas se diz Estação (do verbo estar),
e da estância e esforço que fez Jeus naquele lugar: e porque da casa de Pilatos
até ao Sepulcro foram catorze estâncias, e esforços (a saber: doze estando
vivo, e às duas últimas estações foi levado morto), por isso são catorze as
Estações e catorze as cruzes.
A respeito deste santo exercício, escreveram muitos autores, principalmente Adricómio, o qual, na descrição
de Jerusalém, unm. 118, atribui à Santíssima Virgem o princípio de tão Santo Exercício, com estas palavras: a piedosa tradição dos mais velhos diz que a Beatíssima Virgem, a qual surgiu com seus passos os atormentados passos de seu
Filho até à cruz: depois que que foi sepultado, voltou ao mesmo caminho do
Calvário sendo a primeira, que, por devoção percorreu a Via Crucis: de onde
parece terem a sua origem as procissões dos Cristãos, e as erecções de cruzes.
Este motivo apenas deveria bastar a todas as almas devotas para adoptarem este
santo exercício: o saber que não foi inventado por Santo algum mas sim pela
Rainha de todos os santos, a qual, todo o tempo, que sobreviveu à morte do seu
filho, (segundo a mesma Senhora revelou a Sta. Brígida) todos os dias praticou
um tão santo exercício, visitando aqueles santos lugares, que o benditíssimo
Jesus havia consagrado com suas pernas; estas são suas palavras: em todo o
tempo, depois da Ascenção do meu Filho, visitei os Lugares, nos quais Ele
padeceu e manifestou suas maravilhas. (lib. 6 Revel c. 6). Vê-se aqui o engano
daqueles, os quais, antes da mencionada presente declaração, se retraíram deste
santo exercício: e colocando em dúvida o ganho de indulgências, abstinham-se
de praticá-lo como se tão bela devoção (a qual é a mais antiga, a mais piedosa,
a mais excelente de todas, e pode dizer-se “a mãe e rainha de todas as
devoções”) não constituísse em si o mais nobre motivo para exercitar o coração
à dolorosa memória da Paixão do Redentor. O motivo de ganhar as indulgências,
não há dúvida que é santíssimo; “…
(queira o leitor desculpar: perdi o original e não pude terminar de transcrever nem posso de memória citar a fonte)
(queira o leitor desculpar: perdi o original e não pude terminar de transcrever nem posso de memória citar a fonte)
Sem comentários:
Enviar um comentário