(continuação da VIII parte)
OS ERROS DE LUTERO E O ESPÍRITO DO MUNDO ACTUAL
Pe. Franz Schmidberger
IV – “SOLO DEUS”
O católico sustem que a salvação
é comunicada por meio das causas segundas, ou seja, pela Igreja e seu ministério
especial, e particularmente pela Bem-aventurada Virgem Maria. Os protestantes,
pelo contraio, pretendem que a salvação é dada directamente por Deus; em
consequência, os sacramentos não são para eles os canais da graça, mas sim
expressões da comunidade, símbolos de iniciação.
Para responder a este grave erro,
é necessário dizer em primeiro lugar que o próprio Deus quis e estabeleceu o
governo do mundo por meio de causas segundas, isto tanto na ordem natural como
na sobrenatural. Na ordem da Fé e da graça vê-se imediatamente no mistério da
Encarnação e no seu prolongamento que é a Igreja, com a sua hierarquia, seu sacrifício
e vida sacramental. Não se pode separar Deus-Cristo-Igreja. “Assim como o Pai
me enviou, assim Eu vos envio a vós.” (J. 20.21), disse o Senhor aos Apóstolos,
ou seja com a mesma missão, a mesma autoridade e a mesma eficácia.
Em consequência, se Cristo
chamou-se a Si o único caminho para o Pai, a Igreja é a única via para a
salvação eterna. Aos seus Apóstolos o Senhor confiou o tesouro da Fé, o
“depositum fidei”, e o seu tesouro da graça, “depositum gratiae”; os
sacramentos são como o prolongamento da humanidade de Jesus Cristo, da mesma
maneira que através da humanidade Cristo manifesta o seu Ser divino.
Em segundo lugar, o Senhor
encomendou de formas diversas e de maneira expressa aos apóstolos o continuar a
sua missão: “Fazei isto em minha memória.” (Luc. 22.14). “Ide pois, ensinai a
todas as nações, baptizai-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo” (Mat
28.19). “Os pecados serão perdoados a quem os perdoeis, e serão retidos a quem
os retiverdes” (J. 20.30). “Eu estarei sempre convosco até ao fim do mundo”
(Mt. 28.20). Em S. Tiago, encontramos já a administração do sacramento da
extrema unção (T. 5.14-15).
De tal maneira, a Igreja é
verdadeiramente o caminho do homem para Deus, porque Cristo é o único mediador
entre o céus e a terra, entre Deus e os homens. É o Caminho, a Verdade e a
Vida. Deus no seu mistério insondável insondável quis fazer participar o homem
na obra da salvação pelo sacerdócio real, hierárquico, pela intercessão dos
seus santos, pelo trabalho dos cristãos e pela comunhão dos santos.
Este erro de Lutero é destruído
por uma passagem do Actos dos Apóstolos: S. Paulo, no caminho de Damasco, cego
pela luz directa de Deus, não recebeu a vista sem a oração e imposição de mãos
de Ananias, ou seja, por mediação humana.
(continuação, X parte)
(continuação, X parte)
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