23/04/22

AS CONDENAÇÕES SUPERFICIAIS E IRRESPONSÁVEIS PRÓ-NACIONALISTAS (UCRÂNIA) I

Certamente, indubitavelmente os nossos antigos ficariam aterrorizado com a forma como os seus descendentes fazem condenações irresponsáveis! Qual Inquisição... que inquiria!



I - A MIDIA QUE HOJE TEMOS É UM PERIGO!

Neste momento, finais de Abril de 2022, quem ainda não tivesse recebido notícia sobre o conflito relativo à Ucrânia ficaria sem poder entender rigorosamente coisa alguma. Não significa que muitos ou poucos que tenham acompanhado o fenómeno entendam; pois, independentemente de qual seja tal realidade ela tem sido interpretada por outra realidade: midia!

O mundo do Jornalismo tem vindo a ser formado nas universidades segundo uma extrapolação da filosofia de comunicação de Marshall McLuhan. Embora este teórico tenha feito uma reflexão bastante interessante sobre o fenómeno dos média na sociedade moderna, do seu tempo, não significa que tal deva ser tomado como proposta do que deva continuar a ser a Comunicação Social. Afinal, o que observou acaba por ser o fenómeno do modernismo aplicado à comunicação [só poucos estão aptos a perceber isto; fica para a posterioridade], ou seja, em última análise: a descolagem da uma "forma" e do seu "conteúdo", a conservação da "forma" e o afastamento/alteração/manipulação do "conteúdo". Isto é o actual, enquanto que McLuhan observou o mesmo fenómeno num estágio menos decaído, como foi dito.

M. McLuhan observou que na sociedade do seu tempo "o meio é a mensagem"; evidentemente, isto é aplicável à maioria da população por ser menos isenta, quase nada desapaixonada, pouco "científica" ou criteriosa para avaliar a "informação"! Também acrescentaríamos nós no séc. XXI: há um lado perigoso na midia, um poder enorme, não de informar mas de deformar a população! Sabemos que a midia tornou-se uma ferramenta apetecível já não só para lançamento da economia/consumo mas e muito mais para a condução política/ideológica - por fim, para a política/ideologia/economia global! É neste sentido que seria ingenuidade ou estupidez tentar subtrair da equação estes mais globais interesses!

Um pouco por todo o mundo, vemos como já nem se esconde que este e aquele grupo económico ou político, ou a própria maçonaria compram ou dirigem determinados canais de TV. Em Portugal quantos se lembram já que a RTP2, após anunciar um período de crise, fez vencedor o projecto de certa Loja Maçónica (o qual começou-lhe a dirigir a programação cultural )? [nesse tempo a própria RTP2 fez a comunicação, embora hoje não se encontre mais vestígio do acontecimento].

Faz pouco mais de 12 anos, uma jornalista recebeu material importante para poder iniciar uma investigação jornalística; recusou-se dizendo: parece-me algo muito interessante e necessário ser tratado, mas, infelizmente não vai ser assim para a Redacção à qual estou submetida; há sempre uma POLÍTICA de Radacção e tudo o que não vai nesse sentido não é considerado de interesse, disse! Disto interessa agora notar que as políticas de redacção podem estar inclinadas para uma versão do acontecimento e não do seu oposto, por exemplo.

A 1 de Março de 2022 a entidade Comunidade Europeia removeu aos ocidentais a possibilidade de acederem à informação vinda da Rússia. "A União Europeia (UE) está a bloquear todas as plataformas dos meios de comunicação estatais russos, concretamente o canal de notícias RT (Rússia Today) e a agência Sputnik na Europa. [...]Já esta manhã, também a Google comunicou que irá bloquear os canais da RT e da Sputnik no Youtube, seguindo o que o Facebook, Instagram e TikTok também fizeram." Supomos que se estas não fechassem iriam ter problemas de incompatibilidade com a imposição já feita pela entidade "Comunidade Europeia"! De notar ainda, no mesmo artigo do Expresso a remoção de contas que "publicavam ARGUMENTOS pró-Russos". Em suma, falamos de censura nos midia contra os argumentos e as políticas de redacção opostas! Factos aos quais a midia costuma incessantemente chamar "ditadura" quando se trata do lado oposto!

Alguém poderia ser levado a concluir que, de certa forma, seria melhor viver sem midia! Mas, é tão útil a quem nos governa/desgoverna que é alimentada de forma a nunca perder certa credibilidade. A midia não credível é uma midia que não interessa a quem quer poder; daqui que, como se tem constatado, uma vez por outra, conforme a medição ao pulso da opinião geral o exija, procuram rapidamente mostrar alguma isenção, operação que consiste em fazer passar por breves instantes a opinião contrária ao noticiado (coisa que não é isenção alguma). Alguém que queira desculpar a censura USA/UE dada aos cidadãos relativamente à informação vinda da Rússia, se assim se pode dizer, certamente dirá que foi para "proteger os cidadãos da campanha russa"; mas, quando a medida foi tomada apareceu como uma das medidas contra a Rússia, não em favor dos cidadãos: "Esta decisão complementa o pacote de medidas anunciadas no dia 27 de fevereiro pelo Alto representante da UE para os Negócios Estrangeiros, Josep Borrell, que inclui o fornecimento de armas e material militar ao exército ucraniano" (Paulo Ribeiro Pinto, 02 de Março de 2022 - Jornal de Negócios)

Alguns dias depois, a Rússia foi acusada pela midia Ocidental de proibir a desinformação nos seus próprios meios de comunicação! A midia Ocidental não conseguiria vez alguma fazer oposição às suas próprias Redacções, como é obvio! Mas, no assunto mais mediático do momento também não hão Redacções ocidentais no sentido oposto do da totalidade das outras Redacções! Esta estranha "diversidade" não estranha à maioria da população, a qual ficou gradualmente focada na "novela" diária a que vai assistindo!

A midia no Ocidente não é pró-Ucrânia, como veremos mais à frente!

Mas, o primeiro a fazer censuras sobre a sua própria midia (nacional) nem foi a Rússia como resposta à censura que a UE fez aos cidadãos relativamente aos meios russos; o líder nacionalista Zelensky em Fevereiro de 2022 impôs sanções a canais de TV de tendência pró-russa. Posteriormente, nos finais de Março "Zelenski também assinou, no domingo, um decreto para agrupar todos os canais TV do país em uma única plataforma. Segundo a agência Reuters, ele disse que, sob a lei marcial, era importante manter uma política unificada de informações. O presidente usa um eufemismo para se referir ao que, na prática, será uma forma de censurar o conteúdo produzido pelas emissoras." (20 de Março - Folha de S.Paulo)

(continuação, parte II)

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