Cardeal Rei D. Henrique |
A Quatro classes reduzi os Cardeais, de que escrevo neste Catálogo. A primeira compreende os Cardeais certamente Portugueses. A segunda, os Cardeais, que sendo estrangeiros, tiveram Igrejas, ou Benefícios em Portugal, por cuja causa são contados entre os Portugueses. A terceira, os Cardeais duvidosos, ou seja a dúvida de se foram Cardeais, ou de se foram Portugueses. E a quarta, os Anti-Cardeais, criados pelos Anti-Papas, que foram naturais deste Reino, ou nele tiveram Igrejas. Na segunda classe suspeito, que será este Catálogo muito diminuto; porque me persuado, que houve muito mais Cardeais, que tiveram Benefícios nas Sés de Portugal, do que os que aqui vão apontados. Os que aparecerem de novo, se nomearam na segunda impressão deste Catálogo, para que todos possam ir na História.
CLASSE PRIMEIRA
Dos Cardeais Certamente Portugueses
I Cardeal
Mestre Gil, ou Egídio
Mestre Gil, ou Egídio
Foi filho de Juliano, Chanceler mór dos Reis de Portugal D. Afonso II, D. Sancho II, e D. Afonso III. Viveu o Cardeal em tempos deste último. Foi parente de S. Fr. Gil, da Ordem dos Pregadores. Foi Cónego de Viseu, e homem douto. É omitido, como alguns outros, dos que escreveram as Vidas dos Cardeais. Mas de uma Doação delRey D. Afonso III consta, que foi Cardeal. Dele falam D. Fr. Prudêncio de Sandoval na História de Tuy (pág. 147 vério), Jorge Cardoso no Agiológio Lusitano (tomo 2 pág. 387), e o Pe. António Macedo na Lusitania Pupurata (pág. 59).
II Cardeal
D. Paio Galvão
Foi natural de Guimarães, filho único de Pedro Galvão, e de D. maria Pais. Foi Cónego Regente de Santa Cruz de Coimbra. Foi Mestre em Teologia pela Universidade de Paris. Foi Mestre-escola de Guimarães, Embaixador de Obediência a Roma, mandado por ElRei D. Sancho o I Pelo Papa Inocêncio III foi feito Cardeal Diácono no título de Santa Maria in Septisolio no ano 1206. No ano 1211 foi Cardeal Presbítero do título de Santa Cecília; e no ano 1215 Cardeal Bispo Albanense. O Papa Honório III o mandou Legado Apostólico com a Cruzada à Conquista da Terra Santa no ano 1219. No ano de 1225 foi Legado ao Imperador Frederico II. Morreu no primeiro de Junho de 1228. Dele falam todos os que escreveram as vidas dos Cardeais, e as Histórias das Cruzadas. O Padre António de Macedo na Lusitania Purpurata. O Padre D. Nicolau de Santa Maria lhe escreve a vida na Crónica dos Cónegos Regrantes (tomo 2 lib. II capII)
III Cardeal
D. João de Froes
D. João de Froes
Foi natural de Coimbra, filho de Álvaro de Froes, Senhor de Maiorca, e Alhadas no território de Coimbra, e de D. Elvira Cidiz, também Senhora de terras. Foi Cónego Regrante da Santa Cruz de Coimbra, Arcebispo de Besançon. Foi criado Cardeal pelo Papa Gregório IX que o mandou a pregar a Cruzada em Hespanha, e Portugal, adonde veio Legado Apostólico. Morreu no ano de 1236. Dele escreveu Manuel Severim de Faria nas Notícias de Portugal; o Padre António de Macedo no livro citado, faz sobre este Cardeal, uma larga Dissertação. Escreve a sua vida o Pe. D. Nicolau de Santa Maria na Crónica dos Cónegos Regrantes (tomo 2 liv. II cap. 3 pág. 438).
IV Cardeal
Pedro Julião
Foi, como fica dito, natural de Lisboa, alguns lhe chamam Pedro Hispano, ainda que todos o recolhessem nascido em Portugal, para que se veja, que quem chama Hespanhol a S. Dâmaso, não nega, que ele fosse Português. Estudou Lógica, Filosofia, e Medicina, Ciências, em que foi eminente, como testemunham as obras, que nelas compôs. Foi Arcediago de Vermuim, na Sé de Braga, D. Prior da insigne Colegiada de Guimarães, apresentado por elRei D. Afonso III no ano de 1273. No mesmo ano foi feito Arcebispo de Braga, e Primaz de Hespanha, e no mesmo criado Cardial Bispo Tusculano. Foi a sua criação singularmente estimável por duas circunstâncias, uma pelo Papa, que a fez, que foi o Beato Gregório X, e outra pelos quatro Companheiros, que nele teve, dos quais um foi S. Boaventura, outro Fr. Pedro de Tarantyasia, da Ordem dos Pregadores, que depois foi Papa Inocêncio V, outro Fr. Visdomino de Visdominis, que alguns afirmam, que foi eleito Papa, mas por morrer no mesmo dia da sua eleição, não é contado no número dos Papas; e se o foi, ouve duas Sés Vacantes em um só dia; o último, Fr. Bertrando de S. Martinho, Arcebispo de Arles, a quem Clemente IV tinha concedido o privilégio de trazer diante de si, por toda a Província, a Cruz à maneira do Pontífice Romano. Por tal Pontífice, e entre tais Varões foi o primeiro criado Cardeal o nosso Pedro Juliano, que por suas virtudes se fez digno do Sumo Pontificado, a que subiu a 13 de Setembro de 1276.
(a continuar)
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