07/06/15

O PUNHAL DOS CORCUNDAS Nº 2 (I)

O PUNHAL DOS CORCUNDAS

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Nº. 2
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Ostendam gentibus nuditatem tuam

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SILVEIRA

Quis a Província cuidadosa do bem, e felicidade dos seus queridos Portugueses, porque tem passado em nossos dias a Monarquia Portuguesa. Foi o primeiro Conde de Amarante, quem destituído de cooperação estrangeira deteve, e repeliu um início audaz, e victorioso, que a conseguir o passo livre pela ponte de Amarante, nos fizera um dano irreparável, ferindo-nos no próprio coração da opulência nacional. É o segundo Conde de Amarante, que herdando de seu ilustre, e saudoso pai, não tanto os foros de uma antiga, e sempre esclarecida nobreza, como a lealdade ao Trono Português de que ele fora vítima; quem ergue a primeira voz que se ouviu neste Reino conta os novos Franceses, tanto piores, que os do Exército da Gironda, quanto foram mais hipócritas, refalsados, e até mais sedentos de ouro que os primeiros. malogrou-se a final a heroica resistência do primeiro só por falta de braços, e não de valor, e mais por fatigados de uma peleja que durara trinta dias contínuos, do que por abatidos, e desanimados, não puderam obstar a quem um inimigo superior em forças se apoderasse por estratagema daquela mesma posição que à viva força não pudera conseguir. Também se malogrou a empresa do segundo Conde de Amarante, depois que os seus briosos, e esforçados guerreiros, se cansaram de matar, e de vencer, e malogrou-se porque os infames cálculos sobre a primazia que havia de competir a Silveira no caso de se efeituar a projectada restituição do Trono ao seu antigo resplendor que fôra apagado no infausto dia 24 de Agosto de 1820, e talvez porque os juramentos sobre as nefandas aras do Maçonaismo, pesavam mais na balança de certos ........ Portugueses, que sem o mais leve remorso, ajudaram um punhado de facciosos na execrável ousadia de assumirem, e usurparem a autoridade suprema, e que tão despejadamente se mostraram sacrílegos quebrantadores do primeiro juramento que haviam prestado ao seu Rei, e à sua pátria.

Cumpre todavia notarmos, que os serviços do segundo Conde de Amarante à sua e nossa pátria, a sua e nossa Religião excedem muito os que fizera o primeiro Conde; senão lacemos um rápido volver de olhos sobre a longa cadeia de males a que vivíamos sujeitos.

Que bens, que imensas venturas nos anunciou o doloso, e abominável Manifesto da chamada Regência do Porto, que se erigiu em árbitra dos destinos do Reino; e suas conquistas? Se as promessas tiveram algum efeito, que o digam o Brasil desmembrado da Monarquia, e entregue à hedionda fúria das guerras civis, que o digam os cofres públicos exauridos para sustentarem o luxo oriental de um bando de harpistas, que o diga o crédito nacional perdido, que o diga o comércio estagnado, e a ponto de acabar inteiramente, que o diga o crescimento da dívida pública subida ao meio auge pelos mesmos, que seguindo o rasto de seus preceptores os Revolucionários Franceses, ostentavam o mais vivo empenho de restabelecerem o crédito, e de remediarem quanto neles fosse, os erros dessa administração do Real Erário, que eles atropelando as Leis Divina e humanas, taxaram de infiel e usurpadora, sem nunca terem dado provas de tão séria acusação? Que o digam as odiosas preferências aos indigníssimos afilhados, em que a licença dos costumes, e a entrada nas Lojas Maçónicas, fazia as vezes desse tantas vezes apregoado merecimento? Que o digam ........ mas que tentava eu .... Nem correndo, nem voando eu poderia incluir no estreito ambiente de menos de uma folha de papel, uma ideia tosca, e mui imperfeita das rapinas violências e atrocidades, que desacreditaram as promessas do dia 24, e anularam toda a força dos juramentos prestados a uma constituição, que afinal convertera no interesse particular de cinco, ou seis indivíduos ...... E que posso eu dizer agora dos muitos, e despiedados golpes que acinte, e em virtude dos aresticos Maçónicos se descarregaram sobre a venerada e antiga crença dos nossos Maiores? Quando esquecerá neste Reino o impulso dado por quantas antes se podiam escogitar aos Catecismos já do Deísta, ou Ateu Volney, já dos Pedreiros Livres, e às inumeráveis proposições temerárias, e herética do que o próprio Diário do Governo era o impuro, mas sobre-maneira contagioso vehincul?

E por este ímpio, e desmoralizado Governo, é que nos importava derramar o sangue, e dar a vida? E Portugal o Reino por extremo fiel aos seus Príncipes, o Reino Católico, que rejeitará sempre as lições empestadas dos Revolucionários Franceses, havia de ficar mudo, insensível de todo ao desabar das ruínas assim do Trono, como do Altar? Seria necessário que os Soberanos da Santa Aliança, nos viessem trazer com o último desengano, a suspirada restituição do nosso legítimo Governo? Que vergonha seria esta para nós, e para todas as gerações futuras se nos acompanhasse mais esta nódoa, mas este argumento de se terem extinguido as heroicas virtudes dos nossos Maiores?

General Silveira
SILVEIRA É QUEM RESGATA A NAÇÃO PORTUGUESA DE UM OPRÓBRIO, QUE SERIA DE TAMANHO VULTO COMO SE FÔSSEMOS RISCADOS DA LISTA DAS NAÇÕES INDEPENDENTES.

Muito embora a negra, e atraiçoada inveja de mãos dadas com o sórdido interesse, mola real dos pérfidos Mações contribuísse muito para se desvanecerem as lisonjeiras esperanças, que o afortunado êxito da Batalha de 13 de Março, infundira nos bons Portugueses...... Mais valia tentar uma obra de tão requintado merecimento, do que concluir outras das que mais avultam na nossa História...... Não me aterram, nem os latidos da sátira, nem os bramidos da inveja sopeada, e confundida...... Roma não admirou menos Régulo escravo de que Cipião triunfante, e se aquele herói desligado dos ferros, como da sua palavra conseguisse voltar à Cidade, por certo que o seu triunfo excederia o dos Mários, e dos Mettelos, visto que os corações nesta parte governam mais que a autoridade pública...... É tão evidente ser o General Silveira, o herói Português do séc. XIX, que se enfadariam os bons Portugueses para os quais somente escrevo, se eu tratasse agora de amontoar provas do que se lê escrito nos semblantes de imensa população que se abala para dar vivas ao seu Libertador...... Limito-me por fim a uma simples advertência aos nossos historiadores presentes e futuros, que depois de recensearem, e lastimarem o profundo letargo, quem nos fez lembrar de que éramos Portugueses. Se ele não fosse estaríamos agora todos caracterizados, ou de Cobardes ou de Pedreiros.

(continuação, II parte)

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