DEMOCRATIZAR – Largo tempo se tem passado sem se poder compreender, que coisa significasse
positivamente esta palavra republicana em o idioma novo. Julgou-se ao
principio, que teria alguma relação com o que antigamente se chamava formar um governo popular.
Porém, que loucura! A experiência mostrou imediatamente, quão errada era esta
ideia, e o engano nascia principalmente da mudança de significado em a palavra Povo. Quando vimos democratizar aos
Estados mais democráticos da Europa, compreendemos, que democratizar um
Estado, em o moderno idioma, não quer dizer outra cousa, que denegrir, e abater
o Governo, que existia, seja ele qual for; esbulhar dele os homens de bem,
que mandavam pôr em seu lugar, ou tolos, ou ímpios e bandidos; formar destes o
Povo, e ao verdadeiro Povo escraviza-lo; roubar quanto haja de precioso; e aniquilar a Religião,
especialmente a Catoliciza; sem se esquecer um só instante de despojar e
oprimir seus Ministros, etc. etc. É
por este modo, que hão sido constante e invariavelmente democratizadas as Flandres, a Holanda, Milão, Bolonha, Modena, Ferrara, etc. etc. Desta
explicação se deduz naturalmente a inteligência de muitos Vocábulos
derivativos, como
DEMOCRÁTICO – Que pela activa significa ateu, ladrão, assassino, colocado em o mando e
governo; e pela passiva, a parte honrada e religiosa de uma Nação ultrajada e
oprimida, tiranizada e roubada por bandidos, ateus, e assassinos.
DEMOCRACIA
– Tem-se tentado dar a versão em idioma antigo com o nome etimológico de pirataria; porém não o explica
perfeitamente, porque também se poder dizer ateistocracia,
e ladrocacia. Convertidos num estes
três Vocábulos, formam o verdadeiro equivalente da democracia moderna. De sorte
que em lugar de democracia deveria
dizer-se demoniocracia, ou antes governo de demónios.
SEMI-DEMOCRÁTICO
– São de duas qualidades: uns que em parte estão pela democracia moderna, porém
unida à Religião, e à moral e com gente honrada no Governo: outro, pelo
contrario, não querem Religião, nem costumes, porém que sejam homens que
governam. Na linguagem antiga não se pode dar a estes outro nome que o de orates, e aos segundos ainda melhor que
os primeiros; pois supõe que podem haver ateus, e libertinos, que sem homens
de bem.
ARISTOCRACIA
– Até agora conheciam-se quatro classes de Governo, Monarquia, Aristocracia,
Democracia, e Misto, e se distinguiam real e verdadeiramente. Mas na
linguagem moderna não se conhecem senão dois, Democracia, e Aristocracia, e
nenhum significa o que dantes significava; porque por Democracia se entende o
de morras, e por Aristocracia todo o
Governo, que não se conforma com a Democracia;
mais claro: todo o Governo no qual floresce a Religião, se respeita a ordem, a
justiça, a boa-fé, a honra, os bens, e a vida. Daqui se colige que será
aristocrata todo aquele, que tenha Religião, que possua bens, que seja
regulado, moderado, honesto, e de boa-fé. Que será aristocrata todo aquele,
que não for petulante, que insulte o Céu, e a terra, e todo o que se não
assemelhe aos diabos na incredulidade, em ódio à Religião, à ordem, à
humanidade, e aos costumes.
POVO
– Na linguagem nova quer dizer: as fezes,
e a ultima relé de uma Nação. Tem
Roma cento e setenta mil habitantes: trezentos foragidos, ímpios, e malvados,
todos dignos da forca, e das galés, foram republicanamente chamados o Povo. Tem
havido Cidades, onde dez ou doze malfeitores, tirados dos cárceres com algum
jogador, ou tunante à frete, hão formado o Povo
dos Republicanos.
(continuação, IV parte)
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