
Para
os anti-liberais verdadeiros há a certeza de que houve uma vitória do
liberalismo, houve a queda em todos os Reinos Católicos (sendo o nosso o
último), e o que se foi seguindo, com alguns intervalos, de forma não
tão linear, foi o desenvolvimento do liberalismo (pensamento). Portanto,
é mais certo que os anti-liberais altamente qualificados do séc. XVIII e
inícios de XIX tenham sabido do assunto, e não tanto aqueles que só
depois de um século aparecem com movimentos supostamente anti-liberais e
de tentativas de restaurar o Trono. Eis o caso do Integralismo.
António
Sardinha, que não era católico (demonstração dos efeitos prolongados
das vitória política liberal e republicana), não seguiu a tradição
católica Lusa (a última a ser parada), e foi converter-se e beber à tradição espanhola, já contaminada. Convertido, de Espanha
chega António Sardinha tentando interpretar "à espanhola" aquilo que é
Portugal...
O resultado é limitado, e os frutos, na
realidade não são muitos, pois no integralismo há erros, de tal modo que
por ele teriam sido degolados ou desprezados os nossos ARAUTOS da
RESISTÊNCIA LUSA, encabeçados pelo Arcebispo de Évora D. Fr. Fortunato
de S. Boaventura (maior em santidade e em sabedoria que qualquer membro
do integralismo desde a sua fundação). Outro erro, mais discreto, nada
católico, é que o integralismo sujeita-se aos EFEITOS, e faz sujeitar os
PRINCÍPIOS para a obtenção dos mesmos efeitos. Como sabemos, para o
católico, importam os PRINCÍPIOS, e em segundo plano, se necessários, os
EFEITOS. assim vemos, por exemplo, como o Integralismo acaba por rodar
em torno de soluções pragmáticas, de tal forma que por esse motivo se
vai fragmentando.
Enfim...
"Absolutismo", como já foi sobejamente explicado no blog ASCENDENS, é
um slogan liberal para fragilizar a "monarquia tradicional" a quem o atribuia, com o
fim de a dissociar o poder, do MONARCA; assim, viu-se a
Nobreza francesa tentada a querer parte do poder do Rei, e a alcançar para
isso o modelo da "monarquia" inglesa... o que acabou em república!
Enfim ... não se pode esperar que mentes liberais não sonhem em ter o
poder que pertence aos outros, nem que compreendam de outra forma.
Tal como no séc. XIX podemos ver como as obras de Fr. Fortunato de S.
Boaventura, e de Pe. Agostinho de Macedo foram PERSEGUIDAS e queimadas
(falta tanta e tanta literatura deste Arcebispo, e com sorte se salvou
bom número de coisas em bibliotecas privadas em Portugal e no
estrangeiro), podemos também supor que houve uma gigantesca produção de
obras de ideologia oposta! "Absolutismo", embora tenha sido
palavra depois adquirida pelos adeptos da monarquia tradicional, por
oposição aos liberais militados, é uma dessas palavras propagandistas,
um "ismo", que as gentes pós liberais leram e ouviram nunca segundo a voz do Reino Católico que caiu em 1834...
E aqui temos um exemplo à imagem dos mitos criados pelos "vencedores", quais 25 de Abril, qual "Salazarismo"
...
No blog ASCENDENS foi adiantado um neologismo, aqui criado, por
necessidade de dar nome ao que não tinha, que é o "absolutismo
português", fenómeno que não se refere a reinados mas sim ao modo como
nos apropriámos no séc. XIX, em Portugal, da palavra "absolutismo" no
apenas para nos diferenciarmos daquilo que os Liberais atacavam.
Enfim ... todas estas matérias são explicáveis, são lógicas, há fontes
suficientes, e não é mais justificável que os opositores tapem a razão
recorrendo à suposta autoridade de alguns ideólogos que faleceram num
passado recente.
5 comentários:
É mais que sabido que D. João V inutilizou as cortes, colocou-as de lado na governação e agiu como um rei que fazia as coisas como lhe "na gana".
o intregalismo procurou teorizar a verdadeira monarquia, aquela que em Portugal funcionou até D. Pedro II.
Caro Pardais Ferreira,
Obrigado por comentar.
Imagino que com "inutilizou" queria dizer que não reuniu Côrtes; o que não é bem o mesmo que "inutilizar". É que as Côrtes têm função, e nunca elas ficaram privadas de DIREITOS com D. João V.
Ora bem... no seu entendimento, que é o entendimento propagado depois pela militância liberal, as Côrtes teriam o direito de decidir como se fossem Rei ao lado de Rei, ou um segundo Rei, quando essa responsabilidade nem sequer lhes eram dadas, e quem as teria dado...!!!
As Côrtes em vida do Rei servem como órgão consultivo para que o Rei se possa apoiar em dados mais concretos, caso o necessite. Há um uso das Côrtes em vida do Rei também para dar sentido de unidade aos próprios integrantes, e assim fortificar a presença do Rei sobre esses integrantes, dizendo "eu sou vosso Rei, eu vos convoquei e convoco quando quero, e todos vós vindes aqui reunir-vos e prestar-me serviço em meu favor e em favor do Reino e da Cristandade".
Os nossos reis nunca tiveram a obrigação de reunir Côrtes, ou melhor dizendo, fora da obrigação moral, consoante as necessidades, o Rei não tem qualquer sujeição a alguma lei humana ou Divina que mande reunir Côrtes!
Ora... se a monarquia tradicional não obriga a reunir Côrtes, porque é que havida de não ser monarquia tradicional, integramente, se um Rei não achar que houve necessidade ou ocasião de reunir Côrtes. E vamos supôr que um rei tentou reunir Côrtes por alguma ocasião, e por acidente não o chegou a fazer, e morreu.... é ele absolutista!?
Volte sempre.
Nas cortes funcionava um espírito mais democrático. As leis iam a votos (pelo sistema antigo que era votado pelo estado e normalmente ganhava o clero e a nobreza por se unirem contra os pobres).
os integralistas, sim, procuraram dar mais protagonismo aos municípios conforme tinham sido dados as cartas de foral em defesa do terceiro estado contra a arbitrariedade dos nobres.
Caro Pardais Ferreira,
não havia democracia, e tal ideia era aos de então patética, irresponsável, sem razão, selvagem, e anti-católica. Quem deixaria o governo dos filhos às determinações da vontade das maiorias!?
Uma coisa é o "sufrágio", outra é a "democracia". O uso do sufrágio não requer uma democracia. As votações, as eleições dos católicos nunca foram "a expressão do meu apetite".
Quando as Côrte elegeram Rei, tal é hoje interpretado, e muito mal, como "a vontade da maioria elegeu aquele Rei", quando na verdade as Côrtes tiveram por OBRIGAÇÃO averiguar quem tinha o direito, ou quem estava justamente disposto por Deus perante a a sucessão no Trono. Ou seja, nunca se procurou DAR UM DIREITO, mas sim buscar quem TENHA MAIS DIREITO. Este direito não é produzido pelas Côrtes, porque nunca lhes foi dado tal poder. As Côrtes procuram achar quem Deus colocou nas condições necessárias, ora por meio de onde Deus fez nascer o candidato (família), ora depois o lugar que ocupa, ora os feitos, e necessariamente ser pessoa que se queria submissa a Deus e à Santa Igreja. Etc...
Veja o caso de D. João I, que todas as questões discutidas eram de critério, segundo o acostumado. Em primeiro foram há genealogia, onde havia impedimento para a nossa Princesa (que então era já estrangeira por Matrimónio com D. João I de Castela). Nas possibilidades que restaram, entrando na bastardia, D. João Mestre de Avis não era o mais velho entre os irmãos, mas não havia condições de seu irmão tomar o Trono e nos proteger da eminente tentativa de conquista por parte de Castela. Ou seja, já dentro da bastardia, onde os critérios não têm tanto rigor, achou-se que o mais velho dos irmãos não tinha sido assinalado por Deus por falta daquilo que mais era necessário e de maior gravidade: armas, líder, e principalmente garantir a independência. D. João I estava mais que assinalado, e seu irmão para os fins contrários assinalado estava. Não houve aqui uma sujeição da realidade à maioria das vontades (nas Côrtes), mas sim houve uma sujeição da maioria das Cortes à realidade, à verdade, a Deus, aos nosso católicos e monárquicos costumes.
Isso dos pobres e ricos é conversa "vermelha"...
Encheram/enchem o nosso imaginário com mitos sobre o passado, assim como viciaram a nossa língua para que por puro automatismo encaremos o nosso passado com horror e repulsa para assim aceitarmos todo este espírito "progressista" que no fundo só fomenta o ódio ao próximo e a Deus.
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