03/04/15

A NOSSA MISSA - O Que Diziam Os Protestantes? (I)

Lutero não aceitava o Rito Romano da Missa, o qual chamava de "missa papista", e da qual dizia que tinha sido composta pelos vários Papas e em resultado de uma colectânea.

Com base num documento, o qual revelarei apenas no final desta nova série de artigos, mostrarei o que pensaram sempre os protestantes a respeito do Rito Romano (codificado no Missal de S. Pio V).


I
A MESA

Ao longo dos séculos a Igreja viu-se afrontada com más interpretações contra as quais levantou definições e deu aclarações.

Em tempos o altar em forma de mesa foi usado, nunca universalmente, de tal forma que no séc. XX houve na Igreja pensadores que tentaram retomar esta forma e generalizá-la. Contra estas tentativas, Pio XII levantou a sua voz na tão conhecida e mal tratada Encíclica Mediator Dei, na qual diz:

"55. É certamente coisa sábia e muito louvável retornar com a inteligência e com a alma às fontes da sagrada liturgia, porque o seu estudo, reportando-se às origens, auxilia não pouco a compreender o significado das festas e a penetrar com maior profundidade e agudeza o sentido das cerimonias, mas não é certamente coisa tão sábia e louvável reduzir tudo e de qualquer modo ao antigo. Assim, para dar um exemplo, está fora do caminho quem quer restituir ao altar a antiga forma de mesa; (...)"


Esta encíclica é a respeito da liturgia a mais importante do séc. XX.

Mas de onde veio essa tentativa de dar hoje ao altar a forma de mesa!?

O documento, o tal que vos trago, que data de 1668, e tem a aprovação do "Consistório Eclesiástico" (protestantes), diz:

"IV. A Sacrosanta Ceia do Senhor - Cristo, Senhor nosso, fez sua S. Ceia sobre uma Mesa.
- Ceia das Igrejas Cristãs Reformadas: Assim mesmo nós também celebramos a S. Ceia sobre uma Mesa; e não sobre o Altar. O altar é para Sacrificar; os Sacrifícios com a morte de Cristo se acabaram: logo não necessitamos de Altar. A Mesa é para Cear; Ceia do Senhor a chama S. Paulo I Cor. 11.20. Segue-se daqui, que sendo Ceia, em Mesa, e não em Altar, se há-de celebrar. Donde se segue que a nossa Ceia é a mesma S. Ceia do Senhor."

Depois de tantos séculos, na segunda metade do séc. XX as antigas igrejas e catedrais viram uma mesa ser entreposta entre o Altar e os fiéis, a mesa da comunhão ("comungatório", que ignorantemente hoje chamam de "grade divisória") foi arrancada. Séculos e séculos contraditos, como se a Igreja sempre estivesse enganada, e como se Pio XII tivesse errado na correcção propositada que fizera! Grandes mudanças, e com manifestos aplausos dos protestantes.

Aqui, na mesma diocese, sempre que tenho oportunidade sondo algum jovem que tenha acabado de fazer o Crisma. Todos, todos até hoje responderam unanimemente à pergunta "o que achas que é a Missa?". A reposta resume-se a: "é a comemoração da última ceia"! Depois desta faço sempre uma segunda pergunta: "a Missa é a renovação do Santo Sacrifício de Nosso Senhor?". As repostas variam muito, mas todas vão no mesmo sentido: uns dizem que não, outros tentam averiguar se não estão a fazer pouco deles, outros pensam ter ouvido mal, outros acham a pergunta tão estranha que ficam imóveis, outros pedem para repetir a pergunta, outros pedem para explicar melhor; mas todos eles ficam admirados pela tão "estranha" pergunta. Podemos talvez dizer que há entre eles uma ordinariedade doutrinal, e uma oposição ao que creram os nossos antepassados!

A "mesinha", junta de outros elementos como a entrega dos "dons", etc., facilitam a crença de que a Missa é principalmente a comemoração da Ceia.

Na Santa Igreja, que Magistério ordenou as "mesinhas"!?

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