27/11/14

CONTRA-MINA Nº 3: Planos do Jacobinismo, ou Maçonismo (III)

(continuação da II parte)

ARTIGO 5º

Finanças

"Tirá-las da mão do Rei, e seus Ministros, para as confiar da Legislatura, ou Câmara baixa, e única."

Este maldito dinheiro é o pretexto, a causa, e o principal agente das Revoluções modernas. na primeira francesa tudo eram gritos, porque se aumentava a dívida do Estado, porque um deficit enormíssimo ameaçava levar a pique todo o Reino. Já se grutava da mesma sorte no Reinado de Luís XV, quando a louca interpresa do financeiro Lavv arruinou de golpe não menos esperanças, do que fortunas. É escusado lembrar agora as diligências, que fez para melhorar o Tesouro esse grande financeiro Necker, que apesar dos hiperbólicos louvores, que lhe dá, como era de esperar, sua filha, a liberalíssima Stael, foi uma das principais causas, ou instrumentos da queda do Trono Francês. Agora ainda melhor se vê, que tudo era mais pretexto do que interesse, que essas almas danadas pudessem ter pela prosperidade da França, Não havia presentemente um Reino, que menos feridas tivesse, ou menos queixoso se pudesse mostrar, ou da má arrecadação de dinheiros públicos, ou de aumento de dívida nacional, ou de escandalosas, e arbitrárias dilapidações. Agora por isso mesmo é que se fez uma Revolução. Vinha muito dinheiro do saque de Argel, com que se pudessem comprar os Ministros, e Sapadores dos Tronos; e por tanto mãos à obra, que a ocasião é calva, e não tornará a haver outra: e o caso é, que não discorreram mal, enquanto à sumaa dificuldade de se proporcionar outra maré de rosas, como esta de chegarem os milhões Argelinos.

Em Portugal tudo foram lástimas pela Dívida Pública. Os nosso Regeneradores expuseram as suas vidas, perderam o seu descanso, condenaram-se às mais penosas vigílias.... e para que? Para empolgarem não só os 4$800 rs. diários, porém tudo o mais, que pudesse vir pela porta dianteira, ou travessa; e em lugar de curarem, ou porem a pé o doente, agravaram-lhe a moléstia, deixando-o entrevado na cama, e com bem poucas esperanças de tornar a ser o que dantes era.

E o que foram de solícitos em arbitrar as quotas certas para o Rei e Família Real.... de maneira que os nossos Imperadores nunca mais pudessem comer senão pelo canal dos Representantes da Soberania popular; artifício este o mais luciferino de quantos há excogitado o moderno espírito revolucionário, pois não se encaminha a outra coisa mais do que a desligar o Exército, e a Magistratura, de uma das maiores dependências, que tinham do Soberano, e a tornar cada vez mais clara, e patente a nulidade dos Príncipes Constitucionais....

Toquei por incidente nas Câmaras, e dei a entender, que no primordial bosquejo da 1ª Revolução se tratou de uma só Câmara, e nisto olhei mais para os efeitos, do que para certas antecedências de pouco momento; mas para que me não arguam de menos informado nestas matérias, do que devia ser, direi:
1º - Que o Fidalgo Mirabeau não era contrário às duas Câmaras, e quando se liquidar o ponto do outro estrangeiro, ou dos 16 milhões de cruzados, que ou fizeram começar ou deram mais calor à intentada revolução, talvez se chegue a saber, que os Patriotas incorruptíveis aceitaram aquela soma, para a criação de duas Câmaras;
2º - Que nos princípios da Revolução apareceu um partido, que se chamou dos biscamaristas [bis + câmara], cujos defensores ou expiaram na guilhotina o grave insulto que haviam feito à Soberania Nacional, ou tiveram de expatriar-se de França.
3º - Que no meio de tudo isto prevaleceu constantemente a ideia de uma só Câmara, no que também insistiu o Pai da Revolução Portuguesa [Pai da Revolução EM Portugal] de 1820, que não queria nem sombra de Fidalgo nas conferências do Augusto Salão das Necessidades [Palácio das Necessidades - Lisboa].

Palácio de Nossa Senhora das Necessidades - Lisboa
4º - Que se as novas, e cada vez mais perigosas Revoluções tornam ao princípio tantas vezes preterido e rejeitado, quero dizer às duas Câmaras que é para melhor capearem os seus intentos, como quem faz pé atrás para dar salto maior; e por isso a Classe da Nobreza é de todas as deste Reino a que mais deve ao Senhor D. MIGUEL I. Tornemos ao plano.

(continuação, III parte)

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