CONTRA-MINA
Periódico Moral, e Político,
Periódico Moral, e Político,
por
Fr. Fortunato de S. Boaventura,
Monge de Alcobaça.
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Nº 3
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O medonho Fantasma se esvaece,
O dia torna, e a sombra se dissipa;
Os Insectos feíssimos de chofre
Entram no poço do afumado Inferno:
Eternamente a tampa se aferrolha.
No meio do clarão vejo no Trono,
Cercado de esplendor, MIGUEL PRIMEIRO.
(Macedo, Viagem Estática ao Templo da Sabedoria, pág. 141)
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O dia torna, e a sombra se dissipa;
Os Insectos feíssimos de chofre
Entram no poço do afumado Inferno:
Eternamente a tampa se aferrolha.
No meio do clarão vejo no Trono,
Cercado de esplendor, MIGUEL PRIMEIRO.
(Macedo, Viagem Estática ao Templo da Sabedoria, pág. 141)
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Planos do Jacobinismo, ou Maçonismo
Carlos X |
Que nação há no Continente da Europa, onde se tendo dado tantos passos, como em França, para o triunfo completo das Ideias Liberais? É necessário atendermos a esta observação, donde se concluirá felizmente, que se todos os Reis da Europa devem armar-se, para riscarem da face da terra as últimas relíquias do Liberalismo, nem por isso todos se devem considerar por ora nas mesmas circunstâncias do Rei Carlos X. Permita-se-me deitar um volver de olhos ao que já era a França nos princípios da sua Revolução de 1789. Não havia uma só das 282 cidades, de que ela consta, onde não houvessem Lojas Maçónicas. Paris contava já nesse tempo 80, dependentes do grande Oriente, e quase igual número de Lojas bastardas. Leon tinha 16, andavam por 10 as Lojas de cada uma das cidades de Toulouse, e Montepelier. Bourdeaux aprontava em Marselha 6, e as outras cidades em proporção; e bem sabido é, que se o Iluminismo germânico achou certa contradição nos Pedreiros Livres alemães, quando lhe propôs a junção das duas Seitas, nem por isso deixou de ser bem sucedido em França, onde os seus emissários, e nomeadamente o Barão Knigge fizeram uma abundantíssima colheita, a ponto que depois do abraço fraternal das Lojas alemãs com as francesas para a Seita aludisse o Deputado mação, que no Capítulo Geral, celebrado em Wilhelmestad, no ano de 1782 deu os parabéns ao Congresso, de que já deitava a um milhão o número de Pedreiros; mas que chegaria brevemente ao número de três milhões.
E que se tratou neste Capítulo Geral? Coisa muito séria. A próxima regeneração do Universo. E em que consistia ela? Na que descobria já em 1752 um pedreiro de alto coturno Jesuíta, Professor de Teologia na cidade de Ancona. Depois de lhe anunciar a próxima destruição da Companhia, ajuntou estas palavras, mui dignas de memória, e de serem lidas uma e muitas vezes "Não é porque nós deixemos de estimar muito alguns indivíduos da vossa Corporação, mas o espírito, que a move, e anima está em contradição com as nossas ideias filantrópicas, a bem do género humano; sujeitando, e nome de Deus, todos Cristãos a um Papa, e todos os homens a um Deus, trazeis o Mundo agrilhoado: vós acabareis primeiro, e depois de vós terão os Déspotas a sua vez." Não é pequena ou imperceptível a distância, que vai de 1752 a 1789, e apesar disto já se via ao longe a sorte dos Reis de França, e da Suécia; e se contava, que todos os mais haviam de experimentar o mesmo tratamento da parte, ou dos mações conspiradores, ou dos seus povos alucinados, e rebeldes. O trabalho, que saiu à luz em 1789 foi obra de muitas combinações, de muitos braços, e de muitos anos, e logo que apareceu fez uma demonstração de tudo quanto acabo de referir. A Seita maçónica deu graças à Seita dos Jacobinos, que se tornou a principal da França, e da Europa, de lhe ser dado aparecer de frente erguida, e colo bem levantado, sem que o seu longo, e fastidioso ritual lhe fosse necessário, para encobrir os primários intentos, que ela teve, e conserva, desde a sua origem; e por isso ainda hoje em Paris se conservam em algumas Sociedades populares os ritos maçónicos, mais por formulário do que por efeito de uma rigorosa necessidade; pois quando se delibera publicamente sobre a total queda dos Déspotas, e do seu férreo, e intolerável despotismo, para que há de haver Imagens, ou Símbolos figurativos da Realeza, que se cortem à espada, ou se calquem aos pés? Direi pois alguma coisa de tão fiel, e como indispensável Sócio,e aliado do Liberalismo, que o mais negro, e campanudo dos nossos pretéritos Regeneradores, não se pejou de afirmar, que ninguém podia ser bom Constitucional, sem que tivesse já sido um bom Jacobino: e nada mais que este gravíssimo texto me será necessário para que eu bem inteirado da sincera fraternidade, e íntima aliança dos Jacobinos, e Mações trate estes nomes, como que se fossem verdadeiros Símbolos, sem que me canse agora em dividir, ou apontar as nuances, que os distinguem.
Reduzirei, por comodidade dos Leitores menos instruídos, a certas máximas gerais o Plano dos Jacobinos, ou Mações, e juntarei a cada uma certas referências de que se mostre com evidência a identidade de planos, ideias, tensões, e projectos da Maçonaria velha com a nova, e dos Mações portugueses com os Mações, ou Jacobinos franceses, seus protótipos, e seus verdadeiros Mestres, que sem eles teriam dado à costa na 1ª Sessão das famigeradas Constituições.
(continuação, II parte)
E que se tratou neste Capítulo Geral? Coisa muito séria. A próxima regeneração do Universo. E em que consistia ela? Na que descobria já em 1752 um pedreiro de alto coturno Jesuíta, Professor de Teologia na cidade de Ancona. Depois de lhe anunciar a próxima destruição da Companhia, ajuntou estas palavras, mui dignas de memória, e de serem lidas uma e muitas vezes "Não é porque nós deixemos de estimar muito alguns indivíduos da vossa Corporação, mas o espírito, que a move, e anima está em contradição com as nossas ideias filantrópicas, a bem do género humano; sujeitando, e nome de Deus, todos Cristãos a um Papa, e todos os homens a um Deus, trazeis o Mundo agrilhoado: vós acabareis primeiro, e depois de vós terão os Déspotas a sua vez." Não é pequena ou imperceptível a distância, que vai de 1752 a 1789, e apesar disto já se via ao longe a sorte dos Reis de França, e da Suécia; e se contava, que todos os mais haviam de experimentar o mesmo tratamento da parte, ou dos mações conspiradores, ou dos seus povos alucinados, e rebeldes. O trabalho, que saiu à luz em 1789 foi obra de muitas combinações, de muitos braços, e de muitos anos, e logo que apareceu fez uma demonstração de tudo quanto acabo de referir. A Seita maçónica deu graças à Seita dos Jacobinos, que se tornou a principal da França, e da Europa, de lhe ser dado aparecer de frente erguida, e colo bem levantado, sem que o seu longo, e fastidioso ritual lhe fosse necessário, para encobrir os primários intentos, que ela teve, e conserva, desde a sua origem; e por isso ainda hoje em Paris se conservam em algumas Sociedades populares os ritos maçónicos, mais por formulário do que por efeito de uma rigorosa necessidade; pois quando se delibera publicamente sobre a total queda dos Déspotas, e do seu férreo, e intolerável despotismo, para que há de haver Imagens, ou Símbolos figurativos da Realeza, que se cortem à espada, ou se calquem aos pés? Direi pois alguma coisa de tão fiel, e como indispensável Sócio,e aliado do Liberalismo, que o mais negro, e campanudo dos nossos pretéritos Regeneradores, não se pejou de afirmar, que ninguém podia ser bom Constitucional, sem que tivesse já sido um bom Jacobino: e nada mais que este gravíssimo texto me será necessário para que eu bem inteirado da sincera fraternidade, e íntima aliança dos Jacobinos, e Mações trate estes nomes, como que se fossem verdadeiros Símbolos, sem que me canse agora em dividir, ou apontar as nuances, que os distinguem.
Reduzirei, por comodidade dos Leitores menos instruídos, a certas máximas gerais o Plano dos Jacobinos, ou Mações, e juntarei a cada uma certas referências de que se mostre com evidência a identidade de planos, ideias, tensões, e projectos da Maçonaria velha com a nova, e dos Mações portugueses com os Mações, ou Jacobinos franceses, seus protótipos, e seus verdadeiros Mestres, que sem eles teriam dado à costa na 1ª Sessão das famigeradas Constituições.
(continuação, II parte)
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