26/11/14

CONTRA-MINA Nº 3: Planos do Jacobinismo, ou Maçonismo (I)

CONTRA-MINA
Periódico Moral, e Político,

por

Fr. Fortunato de S. Boaventura,
Monge de Alcobaça.

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Nº 3
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O medonho Fantasma se esvaece,
O dia torna, e a sombra se dissipa;
Os Insectos feíssimos de chofre
Entram no poço do afumado Inferno:
Eternamente a tampa se aferrolha.
No meio do clarão vejo no Trono,
Cercado de esplendor, MIGUEL PRIMEIRO.
(Macedo, Viagem Estática ao Templo da Sabedoria, pág. 141)
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Planos do Jacobinismo, ou Maçonismo


Carlos X
"Seria necessário supor, que os nunca vistos, e monstruosos acontecimentos, que se passaram na França desde 1789 até 1793, já se tivessem apagado inteiramente da memória dos homens, e que nem ao menos tivessem ficado as mais leves tradições históricas do que se passou aos olhos de tantos milhões de testemunhas, para que julgássemos possível uma absoluta indiferença da parte dos reis, para com a desgraçada sorte do Rei Carlos X. Neste caso, que nos representa os Soberanos todos ajoelhados aos pés do banqueiro [nome ilegível] que nenhuma outra coisa tem a dizer o solene reconhecimento do próprio Mata Reis, ou Soberania do povo, neste caso, torno a dizer, não seria necessário o com da profecia, para ver, que o mundo político antes de 20 anos estaria submergido num caos, não menos tenebroso do que esse, donde saiu na sua origem a Voz do Criador dos Céus, e da Terra. melhor o fará este Deus, que tem na sua mão o coração dos reis, e que se de tempos a tempos castiga alguns, não quer de certo, que acabem todos, e que se consume a infernal obra do Maçonismo. É necessário estremar cuidadosamente da França as outras nações; esta, depois de largos anos de guerra aberta contra Deus, e de produzir uma geração inteira, que nem recebeu os primeiros elementos da Educação Religiosa, por mais que se houvesse trabalhado nos 15 anos do Reinado dos Borbons, como poderia estar limpa de todas as fezes, que contraria desde 1789 até 1814? Se ao mesmo passo que a Divina Religião de Jesus Cristo fazia mui extensas, e gloriosas conquistas, o Liberalismo indefesso, e raivoso multiplicava as edições de Voltaire, e dos mais adeptos da impiedade, e fazia, quanto nele era, por conservar sempre ateado, e nunca amortecido o primeiro incêndio, que muito era sucedesse em Julho passado, o que há muito se deveria temer, e acautelar?

Que nação há no Continente da Europa, onde se tendo dado tantos passos, como em França, para o triunfo completo das Ideias Liberais? É necessário atendermos a esta observação, donde se concluirá felizmente, que se todos os Reis da Europa devem armar-se, para riscarem da face da terra as últimas relíquias do Liberalismo, nem por isso todos se devem considerar por ora nas mesmas circunstâncias do Rei Carlos X. Permita-se-me deitar um volver de olhos ao que já era a França nos princípios da sua Revolução de 1789. Não havia uma só das 282 cidades, de que ela consta, onde não houvessem Lojas Maçónicas. Paris contava já nesse tempo 80, dependentes do grande Oriente, e quase igual número de Lojas bastardas. Leon tinha 16, andavam por 10 as Lojas de cada uma das cidades de Toulouse, e Montepelier. Bourdeaux aprontava em Marselha 6, e as outras cidades em proporção; e bem sabido é, que se o Iluminismo germânico achou certa contradição nos Pedreiros Livres alemães, quando lhe propôs a junção das duas Seitas, nem por isso deixou de ser bem sucedido em França, onde os seus emissários, e nomeadamente o Barão Knigge fizeram uma abundantíssima colheita, a ponto que depois do abraço fraternal das Lojas alemãs com as francesas para a Seita aludisse o Deputado mação, que no Capítulo Geral, celebrado em Wilhelmestad, no ano de 1782 deu os parabéns ao Congresso, de que já deitava a um milhão o número de Pedreiros; mas que chegaria brevemente ao número de três milhões.

E que se tratou neste Capítulo Geral? Coisa muito séria. A próxima regeneração do Universo. E em que consistia ela? Na que descobria já em 1752 um pedreiro de alto coturno Jesuíta, Professor de Teologia na cidade de Ancona. Depois de lhe anunciar a próxima destruição da Companhia, ajuntou estas palavras, mui dignas de memória, e de serem lidas uma e muitas vezes "Não é porque nós deixemos de estimar muito alguns indivíduos da vossa Corporação, mas o espírito, que a move, e anima está em contradição com as nossas ideias filantrópicas, a bem do género humano; sujeitando, e nome de Deus, todos Cristãos a um Papa, e todos os homens a um Deus, trazeis o Mundo agrilhoado: vós acabareis primeiro, e depois de vós terão os Déspotas a sua vez." Não é pequena ou imperceptível a distância, que vai de 1752 a 1789, e apesar disto já se via ao longe a sorte dos Reis de França, e da Suécia; e se contava, que todos os mais haviam de experimentar o mesmo tratamento da parte, ou dos mações conspiradores, ou dos seus povos alucinados, e rebeldes. O trabalho, que saiu à luz em 1789 foi obra de muitas combinações, de muitos braços, e de muitos anos, e logo que apareceu fez uma demonstração de tudo quanto acabo de referir. A Seita maçónica deu graças à Seita dos Jacobinos, que se tornou a principal da França, e da Europa, de lhe ser dado aparecer de frente erguida, e colo bem levantado, sem que o seu longo, e fastidioso ritual lhe fosse necessário, para encobrir os primários intentos, que ela teve, e conserva, desde a sua origem; e por isso ainda hoje em Paris se conservam em algumas Sociedades populares os ritos maçónicos, mais por formulário do que por efeito de uma rigorosa necessidade; pois quando se delibera publicamente sobre a total queda dos Déspotas, e do seu férreo, e intolerável despotismo, para que há de haver Imagens, ou Símbolos figurativos da Realeza, que se cortem à espada, ou se calquem aos pés? Direi pois alguma coisa de tão fiel, e como indispensável Sócio,e aliado do Liberalismo, que o mais negro, e campanudo dos nossos pretéritos Regeneradores, não se pejou de afirmar, que ninguém podia ser bom Constitucional, sem que tivesse já sido um bom Jacobino: e nada mais que este gravíssimo texto me será necessário para que eu bem inteirado da sincera fraternidade, e íntima aliança dos Jacobinos, e Mações trate estes nomes, como que se fossem verdadeiros Símbolos, sem que me canse agora em dividir, ou apontar as nuances, que os distinguem.

Reduzirei, por comodidade dos Leitores menos instruídos, a certas máximas gerais o Plano dos Jacobinos, ou Mações, e juntarei a cada uma certas referências de que se mostre com evidência a identidade de planos, ideias, tensões, e projectos da Maçonaria velha com a nova, e dos Mações portugueses com os Mações, ou Jacobinos franceses, seus protótipos, e seus verdadeiros Mestres, que sem eles teriam dado à costa na 1ª Sessão das famigeradas Constituições.

(continuação, II parte)

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