O LIBERALISMO DESENVOLVIDO,
OU
OS CHAMADOS LIBERAIS DESMASCARADOS
E CONHECIDOS COMO DESTRUIDORES
DA NOSSA REGENERAÇÃO
O QUE TUDO SERVE DE RESPOSTA A HUMA CARTA
QUE CORRE IMPRESSA
DA NOSSA REGENERAÇÃO
O QUE TUDO SERVE DE RESPOSTA A HUMA CARTA
QUE CORRE IMPRESSA
CONTRA O P. JOSÉ AGOSTINHO DE MACEDO
LISBOA
1822
O velho esturrado, e pateta a quem vou responder, dirigio huma Carta ao Padre José Agostinho de Macedo sobre os Constitucionaes, Liberais. O assumpto he desempenhado o melhor possivel, porque o bom do velho, (assim se caratherisa a pag. 4.) em dez paginas de que consta a dita Carta, pouco mais faz do que fallar em Liberais. Nominativo Liberais, genitivo Liberais…… e desde aqui até fazer o ablativo de viagem, tudo he liberalismo. Liberal para aqui, Liberal para ali ; Liberal acima, Liberal abaixo…. E depois de tanta liberalidade, sabe-se por fim o tal Santeiro do velho com huma produção a mais mesquinha, chocha, e sumitiga, que se tem visto. Graças ás decantadas luzes do Seculo, que nos mimozeão com taes abortos.
E é para isto que tu meu venerável, desafias o Padre Macedo. E parece-te, que ficava bem a este génio abaixar-se até te responder? Eu mesmo que não sou um génio, ainda que me prezo de o ter, não me dou por muito honrado em lutar comtigo. Todavia, ainda que seja com sacrifico do um amor próprio; vou defender o Padre Macedo, pois que defendendo-o a ele, defendo a Religião, que ele com tanta glória, e denodo tem defendido. Não sei jogar a arma do ridículo; como sabe o Padre Macedo, quando ele quer; o que eu sinto bastante, porque é o melhor tom que se tem descuberto para responder a estes gárrulos dos nossos dias. Com tudo, cá me irei desenvisgando como eu puder, e creio que sem muita dificuldade, pois pelo dedo se conhece, que o gigante não é grande coisa. Pelo que diz respeito á pessoa do author bastará.
Pelo que pertence á meteria, que faz o fundo da carta, tambem não há que temer, porque tudo se reduz a bem pouca cousa. Eu julgo que terei descoberto as vistas do author; se disser, que ele pretende duas cousas: a primeira é embutir-nos o liberalismo, como a melhor coisa do mundo; e eu estou convencido, que não podia aparecer no mundo social, um veneno mais corrozivo, nem huma palavra que encubra tanta maldade em sentido politico; a segunda é indispor o público contra o Padre Macedo, dizendo na pág. 3 linha 18 que ele forma ensaios de reacção contra a nova ordem de coisas, e dizendo na pág. 8 linha 32 que o Padre Macedo é um anárquico, e provocador da rebelião.
Que o Padre Macedo, não é nada disto, sabe todo o mundo imparcial, e os seus escritos o atestam. Que o autor é tudo isto, e ainda mais do que isto, hei-de prová-lo eu, e ofereço a minha cabeça, se o não provar. Ele, e todos os seus camaradas, sem ficar um só, deviam ser banidos da sociedade, pois que com o infernal pretexto do liberalismo, cavam a nossa ruína, e minam o edifício politico da nossa tão desejada regeneração. Sim, ainda o repito: deviam ser todos banidos da sociedade, até mesmo por que assim está sancionado no Alcorão dos liberais. "Todo aquele", diz Rosseau na carta a Mr. De Beaumont (pag. 79) "Todo aquele que dogmatizar contra a Religião dominante, seja banido da sociedade como inimigo das leis fundamentais". "Todo aquele", diz o mesmo autor (no tomo IV do Emil.) "Todo aquele que combater os dogmas essenciais, seja castigado como perturbador da ordem publica".
Ora eis aqui os terríveis anatemas em que se acha incursa toda essa cáfila de escrevinhadores, que desviando-se das máximas do seu doutor, atacam sem dor nem piedade, a Religião, o Culto as cerimonias, e tudo quanto se acha marcado com o cunho da mais veneranda antiguidade.
(continuação, II parte)
(continuação, II parte)
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