(continuação da I parte)
Também o enviado de D. Pedro, Henrique José da Silva, futuro barão de Lagos, no intuito de angariar fundos para a expedição liberal, organiza um jantar, onde compareceram, entre outros, Abreu e Lima, Napier e Mendizábal. Alguns ingleses subscrevem o pedido, sob condição de se evitar o desembarque no Porto - isto é, impedindo possíveis prejuízos nos bens da comunidade britânica.
Juan Mendizábal |
Como os reconheceu Abreu e Lima, em carta dirigida a Silva Carvalho, só o espanhol, "fanático liberal" e autêntica "galinha dos ovos de ouro", se prestaria ao papel de "testa de ferro" para "fazer marchar tal charola". Palmela também admitiu, em ofício enviado de Londres a Cândido J. Xavier, o papel fulgurante e indispensável desse homem: "não posso suficientemente elogiar o zelo constante e a inteligência superior que este indivíduo tem manifestado sobre a nossa causa, e que o tornam em sumo grau benemérito" (Clemente José dos Santos, Elementos para a História das Côrtes Gerais, pag. 823). O próprio irmão de Juan, Francisco Mendizábal, emissário da casa criadora Ramon e Carbonell é mobilizado, partindo para o Porto, a fim de obter, como crédito, 5 mil pipas de vinho - a que se somariam 20 mil libras, concedidas pelo Barão de Quintela.
Mas essa imagem de eficácia, assumida por Mendizábal, não era compartilhada por todos os governantes. Ao abandonar a pasta da Fazenda, em Dezembro de 1832, Mouzinho da Silveira legava o seu "testamento" político a Silva Carvalho. Esse documento, eivado de pessimismo, tecia severas críticas à comissão de aprestos, a "desordem em pessoa", e acabou por influenciar, negativamente, o primeiro relatório da Comissão do Tribunal do Tesouro e mesmo Silva Carvalho, que se antagonizou com Mendizábal. A diligência e zelo exercidos pelo agente, valeram-lhe o restabelecimento da confiança e amizade.
Por fim, partia de Inglaterra, com destino ao litoral algarvio, a expedição de forças navais e terrestres que inverteu a correlação de forças entre os dois partidos [lembremos que não eram partidos, mas sim Portugal com seu Reis defendendo-se dos nossos inimigos]. Comandada por Napier e incluindo ingleses, belgas e alemães, nela participavam Palmela e Mendizábal (levando consigo vinte mil libras). A marcha do Algarve até à capital foi bem-sucedida, colocando em fuga as hostes miguelistas [ou seja, as tropas portuguesas].
Apercebendo-se da força actuante da contra-informação, no combate ao inimigo - miguelistas, aristocracia e diplomacia [visão errada do autor que insiste chamar de "miguelistas" aos portugueses que protegiam a pátria e o Rei, e de tentar fazer acreditar que todos nós éramos um mero partido elitista - Mendizábal manteve, simultaneamente, relações oficiais com colaboradores da imprensa (Courier, Morning Post, Herald Times, este último considerado o menos permissivo). Como o descreve, em carta confidencial, endereçada a Silva Carvalho, Andrews O'Brien, correspondente do Times, advoga a causa liberal, não redigindo nenhuma crítica ou ataque, sem previamente contactar Francisco Mendiábal, seu irmão.
(continuação, III parte)
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