A Banca que manipula o mundo, que dirigiu grande parte dos malignos sucessos, foi um factor determinante na vitória dos liberais em Portugal.
Há 20 anos ainda se ouvia dizer que "Portugal está atrasado 100 anos, comparando-o com a Europa". Hoje, nada disso se escuta, e as dívidas aumentam! E tudo isto era sologan dos grupos mais velhacos, estrategicamente lançado desde os tempos do Estado Novo de Salazar, fechando os olhos ao que foi a ocupação do Republicanismo (1910). Mas a verdade é que foi o Liberalismo o grande assaltante de Portugal, tem todos os sentidos; e não se julgue que os liberais esfaquearam Portugal apenas com a "instituição" da "monarquia" liberal (constitucional), porque os preparativos foram muito anteriores, discretos e graduais.
Para exemplo trago a opinião de um favorável à "revolução liberal", que é José Alvarez, Reseña del Negocio ..., (pag. 41), e a respeito de Mendizábal:
"Quando em 1831 a causa da jovem "rainha" D. Maria [as aspas são minhas] soçobrava perante dificuldades financeiras, Mendizábal, espanhol audacioso nas acções e convicto nos ideais, dedicava vida e fortuna ao triunfo do liberalismo "português" [as aspas são minhas, por dever antes ser "liberalismo em Portugal"].
De seu nome verdadeiro Juan Alvarez Mendez, nasceu em 25 de Fevereiro de 1790, na cidade de Cádis. Oriundo de meios mercantis judaicos, cedo este homem de elevada estatura, alcunhado "Juan y medio", se inicia no mundo financeiro.
Juan Mendizábal |
Convive com sectores liberais e maçónicos - é membro da Loja Sublime gaditana - e liga-se ao movimento insurreccional de Cabezas de San Juan (Janeiro de 1820), liderado pelo, então, coronel Riego, cujo objectivo era restaurar a constituição de 1812.
Quando em 1823, tropas francesas invadem a Espanha para "impor novamente" o "absolutismo" [as aspas são minhas, por se tratar de "repor", no primeiro caso, e no segundo por se tratar de simples monarquia no sentido tradicional ao qual muitas vezes os liberais querem chamar "absolutismo" com sentido pejorativo], Mendizábal coloca-se ao lado do governo constitucional, refugiado em Cádis. A cidade é cercada pelos "invasores" [aspas minhas], mas Juan Alvarez consegue abastecer as guarnições de Tarifa e Ceuta, apresentando uma alternativa temerária face à escassez de víveres: compraram-se, imediatamente, todos os bens necessários, mas esta operação efectuou-se com a máxima publicidade. Deste modo, os preços subiram, subida que acarretava abundante afluência de produtos ao porto gaditano - a avidez lucrativa boicotara o embargo da frota francesa...
O governo liberal espanhol comprometeu-se a recompensar todos os sacrifícios e a pagar todas as indemnizações. Porém, restabelecido o absolutismo [portanto, monarquia tradicional mal apelidada pelo liberalismo], todos os anteriores actos governamentais foram revogados. Condenado à morte, Mendizábal parte para Londres, abandonando haveres e família.
De início, a vivência nacapital britãncia foi penosa. Acusado de se escusar ao pagamento dos empréstimos, obtidos para o movimento liberal, esteve preso durante algum tempo. Consegue, depois de liberto, acumular fortuna, funda a sua casa comercial e aproveitando os ventos revolucionários da "primavera dos povos", parte, em 1830, para a fronteira espanhola, fornecendo à causa liberal mais de 600 mil francos.
Novamente em Londres, conhece José da Silva Carvalho, responsável pelas depauperadas finanças dos emigrados liberais (vários empréstimos foram tentados, mas todos, até à data resultaram infurtíferos). Apresentando-se aos agentes da "Regência" e ao próprio D. Pedro, Mendizábal junta-se à causa liberal [de D. Pedro]. É favoravelmente aceite por Abreu e Lima, plenipotenciário da regência em Londres e homem de confiança do Marquês de Palmela - que mantinha excelentes relações dom os meios políticos e financeiros londrinos.
A partir do contrato, assinado em 23 de Setembro de 1831, entre a regência e Mendizábal, ele intervém decisivamente no destino do liberalismo "português" [entenda-se "em Portugal", e recorde-se no momento os liberais tentavam assaltar o Trono claramente anti-liberal desde a sua fundação; aspas minhas]: serve de intermediário na contratação de oficiais entrangeiros (caso de Charles Napier) e no reatamento das negociações financeiras. [portanto, D. Pedro lutou com mecenários comprados com empréstimos que até então não podia pagar, o que tornava o pagamento dependente da vitória dos liberais e um negócio que os credores não poderiam deixar perder ...]
(continuação, II parte)
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